capítulo 49

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— Em um passado muito distante, eu mudaria todas as minhas ações. Não seria o que sou hoje, faria escolhas diferentes, só para ter a sorte de ter tido todas as minhas primeiras vezes com você.

— Se arrepende do seu passado? — pela forma que falou, estava perceptível.

— Em boa parte. — não via o rosto dele, mas dava pra perceber que ele estava falando a verdade. — Me arrependo de não ter tido a chance de estar assim com você antes.

— Eu não seria o tipo de garota que você colocaria os olhos. — falei quando acessei minhas poucas lembranças sobre a minha pré adolescência até aqui.

Eu era a garota reservada, prestativa e estudiosa. Todos os professores me adoravam, porque eu sabia como falar perto de adultos. Embora obtivesse tudo isso, eu era infeliz e padecia atrás das paredes do quarto. Chorava sem motivos, e me tornei o oposto do que era. Não recebia atenção de garotos, e nem de ninguém que tinha a minha idade. Não era bonita, não carregava esteriótipos das garotas a minha volta. Conclusão: Thomas, nunca repararia a minha presença, nem se me esforçasse.

— Você é um pouco burrinha. — Thomas soltou sem medo.

— Por quê? — me afasto um pouco para encará-lo e ele faz o mesmo. Sorri com seu comentário em relação a mim.

— Porque sou caidinho por você, desde a primeira vez que te vi. — estreitei os lábios, apenas capaz de olhar para ele, incrédula diante da sua revelação.

— Não seja tão mentiroso. — semicerrei os olhos, desconfiada e ele deu risada.

— Não estou mentindo, pêssego. A única pessoa que não colocaria os olhos em alguém, seria você.

— Duvido muito. Você nunca deu sinais que demonstrassem isso. Nem mesmo olhava pra mim.

As únicas lembranças que tenho de Thomas, são as que ele está rodeado de garotas, e sendo o centro das atenções. Quase nunca estava sozinho. Um garoto ocupado e que não liga pra ninguém.

— Fazia isso discretamente, mas você estava ocupada demais com a cara enfiada nos livros, e nunca percebia.

— Isso não é verdade. — assegurei com a voz baixa.

— Você sabe que é.

— Então, por quê não foi atrás de mim? — não foi uma pergunta planejada. Eu nunca perguntaria isso a ele. Mas acabei me pegando desprevenida ao desejar que ele estivesse comigo bem antes de tudo. Que tivéssemos todas as nossas primeiras vezes, juntos. Mas rapidamente me lembro que ele não é o tipo de cara que fica com apenas uma.

— Eu achava que odiava você, porque conseguia me irritar sem fazer nada sequer. Quando na verdade, eu só era fissurado demais.

Quando ouvi, rapidamente lembranças que jamais havia alcançando retornam para a caixa de memórias. Como se estivessem ali, guardadas há séculos, só a espera desse momento. Veio a minha visão, eu e Thomas, sendo arrastados mais uma vez pra diretoria, ou tendo conversas sérias com os professores, simplesmente porque não conseguíamos conviver juntos. Ele era intolerante e eu impaciente. Ele era provocador e eu explosiva. Ele me odiava, e eu não o suportava. Era ele. O garoto irritante que pegava no meu pé, em uma época específica do fundamental.

— O que eu fiz pra você me odiar tanto? — de fato, eu estava disposta a ouvir a verdadeira resposta. Pelo o que me lembro, as nossas intrigas, sempre vierem de sua parte, e nunca da minha.

— Nada, você só me fazia sentir raiva. Talvez porque havia me rejeitado muitas vezes, ou talvez, porque eu não conseguia não pensar em você.

— Era você... — sussurrei ainda desacreditada sobre aquelas lembranças estranhas.

A última noiteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora