Capítulo 2 - No Tribunal

41 29 26
                                    

"SÃO AS DIFERENÇAS QUE FAZEM O CASAL PERFEITO"

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

"SÃO AS DIFERENÇAS QUE FAZEM O CASAL PERFEITO"


A sala do tribunal estava apinhada quando Kyle Wayne chegou. Ela abriu caminho entre a multidão e sorriu confiante para Harlow ao sentar-se a seu lado. A sessão foi aberta poucos minutos depois, presidida pela juíza Selina Steel.

— Ontem, a sessão foi encerrada com as palavras finais do queixoso... — A juíza lembrou. — Portanto, agora é sua vez de dirigir-se ao corpo de jurados, Sr. Rosenberg. Por favor, queira fazer seu pronunciamento.

Quando Oliver levantou e se aproximou do júri, ouviu-se um murmúrio de expectativa no público que lotava o recinto. Ele era uma figura impressionante, que irradiava autoconfiança. E um estranho magnétismo que fascinava quem o ouvia.

— Bom dia, senhoras e senhores do júri. Tentarei ser breve para não cansá-los neste momento crucial do julgamento. — Ele pigarreou e deu início a sua defesa. — Minha estimada colega, Srta. Dalcolmo, quer fazê-los acreditar que minha cliente é uma escravagista sem coração cujos crimes contra a humanidade igualam-se aos dos piores bandidos dos livros. Essa foi à imagem que o Srta. Dalcolmo quis apresentar de minha cliente: a de um monstro de ficção. — Oliver olhou para a mesa da acusação, reparando no sujeito tímido sentado ao lado do promotor. O homem era uma pessoa extremamente comum que viera ao tribunal apresentar uma queixa legítima, mas estava a ponto de sofrer uma grande desilusão. Logo descobriria que pouco importava o fato de perder a indenização financeira a que, por direito, fazia jus, e que dentro dos estreitos limites da lei e sem provas concretas em contrário, os três longos anos que passara desenvolvendo um programa revolucionário de software não valiam nada. Fora tapeado pelos "grandes tubarões", que agora se preparavam para explodir em pedaços sua queixa, por mais justa que ela pudesse ser.

A pausa dramática de Oliver alongara-se mais do que a juíza julgou razoável.

— Parece-me que prometeu ser breve, Sr. Rosenberg. — Ela o lembrou estranhando o seu atual comportamento.

Por uma fração de segundos, Kyle achou que Oliver se desconcertara, mas ele recobrou depressa a postura usual. Ela tomou um gole de água, tentando parecer tranquila, mas suas mãos estavam trêmulas. O comportamento estranho de Oliver a deixara nervosa.

— Perdão, Excelência. Às vezes perco o controle sobre minha imaginação. Por instantes, vi o queixoso acorrentado a uma mesa, sendo forçado a projetar uma tecnologia que pudesse transformar a indústria têxtil. E como se isso já não fosse suficientemente terrível, a promotoria ainda sustenta que minha cliente, a Sra. Harlow, abusou psicologicamente da pobre alma subjugada, infundindo-lhe falsas esperanças, prometendo uma porcentagem considerada nos lucros caso ele tivesse sucesso com seu projeto. É muito interessante a conjetura que o Srta. Dalcolmo nos propõe. Tem todos os ingredientes de um melodrama barato. Ficaria bem em um palco teatral, mas não em um tribunal. É uma hipótese absurda e, no mínimo, contraditória. E, no entanto, é o que minha colega quer que acreditem sobre Rave Harlow. — Oliver virou-se e indicou seu cliente. — Quer que acreditem que esta mulher enganou e explorou um funcionário, que encorajou de forma premeditada o trabalho suado desse funcionário em um projeto durante três longos anos, embora não tivesse a menor intenção de lhe dar participação alguma nos lucros gerados por tal projeto. E por que ela faria isso, caros jurados? Por que uma mulher na posição respeitada de Rave Harlow iria iludir um funcionário leal por causa de uma porção ínfima de sua fortuna e ficar à mercê do processo que ele e sua companhia estão enfrentando hoje?

ATTRACTION - Série Simetria Perfeita - Livro IIIWhere stories live. Discover now