Primeira Impressão

Capítulo 16

HASHIRAMA

Eu estava tão animado para essa noite, primeiro pelo jantar na casa do coronel Hagane, que me pareceu um sujeito simpático e bem humorado na escassa meia hora que conversamos, que contaria com a presença de alguns dos seus oficiais e do seu esposo, Izumo. E depois, se eu tivesse um pouco de sorte e tudo saísse como o planejado, meu encontro com o senhor Uchiha, que foi convidado para cear na nossa casa pela minha irmã e com quem terei o prazer de dividir uma xícara de chá antes dele ir embora.

Pensando sobre isto, pergunto-me se Mito-san fez isso só para me agradar ou se existem entre eles alguma espécie de amizade, porque ela foi tão enfática ao dizer que não queria passar outra noite na presença de desconhecidos ou de pessoas que não gostava, se for este o caso tornaria as coisas muito mais fáceis para mim.

Entretanto, meus planos para esta noite caíram por terra quando a chuva começou, estávamos ainda no segundo prato quando ela se fez ouvir e com um estrondo torrentes de água desabaram do céu e bateram com força no telhado e nas redondezas, arrancando das pessoas a mesa expressões de surpresa e contentamento.

Enquanto eu murchava na cadeira, receoso que o senhor Uchiha pudesse ter mudado de ideia e decidido não ir, os demais comentavam com alegria a decisão de ter começado o jantar mais cedo e o infortúnio que seria ter que vim debaixo dessa chuva até aqui, comentários que só aumentaram minha ansiedade, pois era justamente o fato deste jantar começar meia hora antes que me dava a vantagem de encontrá-lo ainda em casa quando terminássemos aqui. Cinco pratos, algumas palavras trocadas após o jantar e estávamos de volta a Netherfield Park antes que Mito-san pudesse dizer rorippa nasturtium-aquaticum ( agrião, é uma planta), Tobirama não iria ficar incomodado por sair mais cedo e todos sairiam satisfeitos. Bem...não mais.

A minha insatisfação e preocupação não passou despercebida aos meus acompanhantes, mas desconversei dizendo se trata da minha irmã que tinha ficado sozinha em casa resfriada, o que era uma mentira, mas foi a melhor solução que encontrei para não criar uma situação desconfortável entre os presentes. Até tentei me inteirar na conversa depois disso, mas estava aéreo e atento a qualquer barulho lá fora e coube a Tobirama manter a conversa, uma função que ele detesta desempenhar com estranhos, mas esta noite ele estava bastante inspirado, acho que se deve ao fato dele ter um primo no exército e conhecer bem os jargões e as patentes.

Seja lá qual foi o motivo, ele não teve que se esforçar por muito tempo, logo após a sobremesa, quando a chuva finalmente deu uma estiada, informei aos meus anfitriões que tinha sido acometido por uma forte dor de cabeça e o meu desejo de retornar para casa para ficar ao lado da minha irmã. O coronel Hagane e seu marido pareceram visivelmente preocupados pela minha saúde e da minha irmã, receavam se tratar de uma virose ou algo do tipo e insistiram que deveríamos ser atendidos por um médico, me senti culpado por mentir para eles e expressei o meu desejo de repetimos o jantar, desta vez na minha casa, dentro de alguns dias.

Partimos de lá com muitas recomendações de chás e remédios caseiros e fortes desejos de melhoras para mim e para minha irmã. Tobirama nada disse sobre o meu comportamento no jantar, ele é do tipo que prefere ser sincero doa a quem doer, que não liga para opinião das outras pessoas e não busca sua aprovação, então imaginei que ele ficaria incomodado por eu mentir na cara dura para aquelas pessoas, mas ele só sorriu para mim quando entrou na carruagem, como se estivesse se divertindo pela minha pressa em chegar em casa.

A carruagem está em movimento e estamos indo para casa, mas na velocidade que estamos era melhor ter ido a pé! Mas não falo nada por se tratar de uma questão de segurança, já que ainda está garoando, as estradas estão enlameadas e o cocheiro conta com pouca visibilidade por já ter anoitecido, tornando a situação um prato cheio para acidentes.