Capítulo 19

1.7K 310 69
                                    

Leves batidas na porta chamaram a atenção do lúpus. Levantou o rosto, desviando os olhos dos papéis à sua frente, e autorizou que entrasse. Logo a porta foi aberta por Hoseok, o qual trazia consigo a correspondência e o jornal da semana. 

— Milorde, como nossa partida fora corrida esta manhã, não consegui trazer isto antes. — O alfa explicou, como se estivesse pedindo desculpas, ao se aproximar. 

— Tudo bem, Hoseok. Eu não teria como ter olhado isto antes mesmo. 

O conde suspirou e largou os papéis que lia na mesa. Sua mente estava cansada de todos aqueles números e anotações, talvez fosse bom tirar um momento de descanso. Recebera a correspondência e o jornal, mas logo largara o último em cima da mesa. Estava mais curioso para verificar quem teria escrito para si do que para ler as notícias da semana. Fazia apenas uma semana que voltara à Baekje. Era estranho que já estivesse recebendo correspondências em tão pouco tempo.

Analisou rapidamente o envelope, mas não reconheceu o brasão estampado nele. Abriu a carta e começou a ler o conteúdo. Era um convite de casamento. Desceu os olhos para o nome dos noivos e sorriu ao reconhecê-los. O convite era para o casamento de Jang Seung-gi, um dos seus amigos da capital. Ele tinha ido para a festa de noivado do beta antes de ir servir na guerra, mas, desde que voltara à Coréia, ainda não havia conseguido encontrá-lo novamente. Mesmo assim, o beta não se esquecera dele na hora de elaborar a lista de convidados.

Jang Seung-gi era o segundo filho de uma rica família do ramo de grãos do Norte do reino. Atuava como médico na capital, já que a fazenda e os negócios da família haviam ficado para o irmão mais velho. Conhecera-o na época de faculdade, quando estudarem juntos na França. Ao voltarem à Coreia, logo o beta se apaixonou por Lee Dain, uma das mais belas ômegas da capital. Fora através de Lee Dain, na verdade, do irmão dela, que Namjoon conhecera Kim Jae-hyun e se apaixonara também. 

Afastou as lembranças de Jae-hyun e focou nos dois nomes no convite. Jang Seung-gi e Lee Dain iriam finalmente se casar, isto era incrível. Sabia o quanto a família da jovem tinha sido resistente a união dos dois, pois achavam que Seung-gi não era bom o suficiente para a ômega. Nunca impediram Seung-gi de cortejá-la, mas não escondiam à procura por outros pretendentes na sociedade. Até mesmo ele, amigo de Seung-gi, não escapara dos olhos afiados dos Lee. Nos poucos encontros que teve com o casal mais velho, sentira que eles empurravam Dain para ele. Felizmente, a ômega era diferente dos pais e não se importava com o fato de Seung-gi ser um beta ou não possuir um título. Ela também estava apaixonada por ele, e, pouco antes de ir para o Japão, Namjoon compareceu ao baile de noivado dos dois. 

— Jang Seung-gi irá se casar. — falou e depois olhou para o outro alfa. Ele também conhecia Seung-gi.

— Que boa notícia. Já estava na hora mesmo. 

O conde assentiu e depois voltou os olhos para o convite novamente, agora focando na data da cerimônia: 14 de novembro. Um mês até a cerimônia. Pensou em Seokjin, será que o jovem já se sentia pronto para voltar à capital? Teria que encarar a tia, o primo e toda a alta sociedade coreana, que com certeza muito se perguntaria como os dois acabaram casados em tão pouco tempo. Namjoon tinha pensado em esperar um pouco mais antes de retornar, para levantar menos suspeitas sobre as condições em que ocorrera o casamento dos dois, mas, ao mesmo tempo, não queria deixar de comparecer ao casamento do amigo. 

Poderia ir sozinho, também era uma opção. Mas já se sentia pronto para voltar, mesmo que de passagem, à capital? Os olhares assustados ao fitarem o seu rosto, os cochichos ao vê-lo passar e os sorrisos que revelavam uma falsa empatia voltaram a sua mente. Todos em Baekje eram bem mais gentis que as pessoas da capital, ele não se sentia constrangido entre os seus. Na verdade, podia perceber admiração no olhar dos moradores e criados do seu condado, todos pareciam ter orgulho da coragem que o conde tivera ao ir para guerra. Ali, sentia-se aceito, sentia-se bem.

O ômega do Conde | NamjinOnde as histórias ganham vida. Descobre agora