8(Clary)

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Jace me agarrava possessivamente em seus braços. Sentia seu abdômen pressionar fortemente contra meu corpo, de uma maneira que eu desejava.

Desejava ele.

De repente, perante à aquele momento de amenidade, lembrei-me terrivelmente das minhas palavras para Isabelle. A maneira como ela me olhou, no momento, somente de lembrar, era assustador. No momento em que falei para ela, não me assustei. Mas agora, recordando daquele instante, um medo de que ela contasse tudo a Jace, me invadiu. Me senti tensa em seus braços, e sabia que ele sentiu. Mas antes que pudesse ser indagada, fugi para longe de seu aperto possessivo, sem olhá-lo nos olhos.

- Ei o que foi? - Jace perguntou, ao passe que virei-me de costas para ele, sentindo o refletor da lua, inundar minha visão. - De alguma maneira, eu fiz algo errado?

Tudo errado. Ele faz com que eu não o odeie. Me faz sentir como se estar naquele lugar fosse tudo, mas não realmente o pior de meus pesadelos. Me faz até considerar levá-lo comigo para uma vida depois dali. Faz com que eu não odeie tanto tudo o que o diz respeito. E ainda pergunta o que raios fez de errado? De quantas maneiras Jace poderia ser tão hipócrita, sempre?

Senti um calafrio percorrer por meu rosto e uma recordação com minha mãe, plantou na minha cabeça.

***
Enquanto colhia as cenouras para minha mãe, que ajudaria-me a fazer um bolo, senti a quentura de sua mão, no meu ombro.

- Você já colheu o bastante, Clary. É o suficiente. - disse, me olhando com doçura.

Eu era uma criança naquela época, tinha de longos cabelos ruivos, porém mais escuros. Meus olhos, diante ao sol que pairava no ar, deixava de alguma maneira, eles com um reflexo de verde esmeralda.

- Você pode me ajudar a carregar as cestas com as cenouras, mamãe? - perguntei, olhando para Jocelyn, com a mesma doçura que ela tinha nos olhos, reservado para mim.

- Claro filha. - carregamos as duas cestas para dentro de casa, saindo do belo jardim.

Celeste e eu ajudamos mamãe a fazer um bolo de cenoura para o banquete da tarde. Mamãe cortara as cenouras, e eu e Celeste, preparamos a forma.

Quando nossa aventura culinária acabou, eu e Celeste, junto da mamãe, Jocelyn, caminhamos para o escritório de meu pai, com um pequeno prato azul(a cor favorita dele), em mãos, com nossa refeição feita. Estávamos muito sorridentes, mas isso foi até mamãe girar a maçaneta do escritório de papai.

Com onze anos, vi pela primeira vez, Valentim traindo minha mãe. Ele beijava uma mulher morena, olhos castanhos, e corpo definido, como nunca o vi fazer com minha mãe.

A beijava com voracidade, luxúria, um amor que talvez nunca sentira por Jocelyn. Era como se a sua vida dependesse daquela mulher. Do amor por ela.

- Jocelyn, o que faz aqui? - meu pai gritou aos prantos, ao passe que eu já imaginava o que aconteceria. Agarrei as mãos de Celeste, tentando tirá-la da vista de papai, furioso. Minha irmã, com cinco anos, para meu total alívio, parecia assustada com a reação furiosa de Valentim. Ou talvez estivesse assustada com o modo que o assistira aos beijos com a outra mulher, que não era nossa mãe. E quando agarrei seu braço para levá-la por trás do meu corpo, ela não recuou.

Celeste tinha medo do meu pai. Eu tinha medo dele, na época. Até mamãe tinha medo dele.

***

E naquela noite, quando ele ameaçou bater em Celeste e eu, tive pavor do homem que era meu pai. Pavor porque o seu tom de voz não deixava dúvidas. Se mamãe não tivesse intervido... Se não tivesse livrado a mim e minha irmã de suas garras, ele teria feito muito mais do que apenas nos machucar fisicamente. Éramos apenas crianças. Havia apenas onze anos e Celeste cinco, quando descobri desde cedo, quem realmente era o homem que eu batia no peito, gritando com tamanho orgulho, ser meu pai.

O Sequestro | - O Épico Amor De Wayland Onde histórias criam vida. Descubra agora