Capítulo 32

1.6K 197 38
                                    

As primeiras semanas foram estranhas. 

Seokjin sentia-se nostálgico ao voltar para o seu antigo lar, mesmo que este estivesse bem diferente daquele que povoava suas lembranças. Nesses sete anos, a casa havia passado por algumas reformas, trocado alguns móveis, mas a sensação aconchegante daquele local ainda era a mesma para o ômega. Sentia-se bem ali, sentia-se seguro.  

Ficara em seu antigo quarto junto com os filhos. Não era o ideal, o cômodo era pequeno e só possuía uma cama de solteiro, mas, com criatividade, transformara o aperto em uma experiência divertida para os filhos. Primeiro, livrara-se da cama e do antigo móvel de estudos. Depois, compara uma grande cabana e alguns colchonetes. Todas as noites, lia uma história para os pequenos e depois dormia abraçado a eles na cabana improvisada.

Adaptar o quarto foi um bom passatempo para distrair as crianças. No primeiro momento, quando apresentara a eles a ideia da viagem, sabia que não haviam gostado tanto da ideia, principalmente Jimin, que, por algumas horas, manteve um pequeno bico nos lábios ao saber que Namjoon não iria com eles. Porém, ao chegar à nova cidade e encontrar os avós, o semblante dos garotos mudou. A novidade os prendeu pela curiosidade, e, no fim, contentaram-se em conversar com os amiguinhos da escola e com o appa por ligação de vídeo uma vez por dia.

Ver os seus filhos contentes e animados acalmou um pouco o coração do ômega. Seu maior medo era como eles reagiriam ao ficar longe do pai alfa. Não que aquela experiência fosse parâmetro, mas, se decidisse se separar de Namjoon, gostaria de saber que os seus filhos poderiam superar a separação física com o alfa. Tudo o que mais desejava era não machucá-los.

Na primeira semana na casa dos pais, passara bastante tempo com os filhos, brincando com eles. Estava contente, não podia negar. No entanto, havia também, em seu peito, um misto de aflição, angústia e saudade. Não era apenas por estar longe do marido, mas por saber que, ao voltar para casa, precisaria tomar uma decisão. Não sentia-se bem para continuar com Namjoon, mas também não se sentia pronto para deixá-lo. Aliás, sempre que cogitava tal ideia, memórias felizes dos dois juntos e um pensamento incômodo de que nunca encontraria um amor tão grande novamente o deixavam inseguro e o faziam desistir dessa possibilidade.

No entanto, a cada dia que passava, acreditava menos que conseguiria simplesmente empurrar tudo o que lhe incomodava para "debaixo do tapete". Fora difícil admitir isso, queria poder perdoar Namjoon e a si mesmo, mas sabia que se simplesmente continuasse do jeito que estava, jamais seria feliz. Se decidissem continuar juntos, deveria ser de uma outra forma, de um outro modo. O problema é que Seokjin não fazia ideia de como seria esse outro jeito.

Por isso, em uma tentativa de movimentar-se e mudar as coisas, começou a fazer terapia com um psicólogo indicado por Hoseok. Queria respostas, queria que alguém o ajudasse a entender tudo aquilo. Os encontros eram on-line uma vez por semana. Ainda estava começando, mas considerava que estava tendo um bom começo. Sempre fora bastante fechado, mas, aos poucos, estava criando confiança e começando a se abrir para o terapeuta. 

Falar sobre os seus sentimentos para alguém era também uma forma de tentar entendê-los, verbalizá-los e refletir sobre eles. Passou muito tempo reprimindo tudo o que julgava que não deveria sentir, então enfim libertar aquilo que estava preso, e pedindo vazão há tempos, era de certa forma libertador, mesmo que também doloroso. Ao mesmo tempo que entrava em contato com seus sentimentos, entrava em contato com diversas feridas, as quais nem sabia possuir.

Não era um processo fácil. Às vezes, precisava se esconder no banheiro porque tinha crises de choro "sem motivo". Mas, depois, sentia-se melhor e tentava seguir. Foram muitos anos, muitos momentos felizes, e era difícil conceber uma vida sem Namjoon por perto. Nunca tinha enfrentado a vida sozinho, então era um pouco assustador sentir-se tão só nesse momento. Claro que tinha os seus pais, Hoseok, Mina e seus filhos, mas não era a mesma coisa. 

Despedaçados | NamjinOnde as histórias ganham vida. Descobre agora