Capítulo 19 - Como proteger Borboletas

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Aviso: esse capítulo tem gatilho de homofobia, se você se sente sensível, pode me perguntar o que acontece no privado e não precisar se expor para continuar lendo essa história.

Outubro

A pior semana da vida de Marcela estava prestes a começar e ela não fazia ideia.

Acordou bem antes do despertador na segunda-feira e não conseguiu voltar a dormir. Ela escovou os dentes e trocou de roupa antes que Lisbete, preguiçosamente, se levantasse.

Marcela colocou os tênis de educação física e Lisbete praguejou o fim das férias antes de abrir a porta e pegar o papel de caderno dobrado que parou bem abaixo de sua bota preta.

Toda semana Lisbete arruma uma desculpa para não se exercitar e sempre dá certo. Ela amassou o papel e enfiou no bolso antes dela e Marcela caminharem para as escadas, fugindo da fila imensa do elevador.

Marcela estava suando quando colocou as duas mãos nos joelhos e ergueu apenas a cabeça para o time de queimada do outro lado da quadra. Essa não é coberta, mas não é por causa do sol que o rosto de Marcela está vermelho. Além da temperatura, por conta da quantidade de exercício físico, Marcela está se sentindo perseguida pelas garotas do outro time. Todas as bolas são lançadas em sua direção e, para o seu desespero, com mais força do que seria necessário. Ela não quer nenhum roxo na perna no final da partida, mas está cada vez mais complicado escapar.

O professor apita. A bola está na mão de Marcela e ela a lança em direção à menina de cachos escuros e cílios enormes do outro lado. Para a tristeza, e também alívio, dela, a garota segura a bola. O professor apita e isso significa que Marcela está fora do jogo.

Ela solta o ar preso e, com as duas mãos na cintura, olha para as nuvens bem brancas do céu. Infelizmente o prazer não dura muito porque a bola atinge em cheio o centro da barriga de Marcela, fazendo-a levar as duas mãos à região e curvar as costas com a dor.

- Ela já estava fora! - briga o professor.

- Eu não tinha escutado - argumenta a menina que segurou a bola lançada por Marcela. - Foi mal - fala quando Marcela, controlando a careta, a encara.

Marcela sai meio capenga com a dor e se senta da ponta da arquibancada para tomar um ar antes de subir.

- Belo jogo! - diz um rapaz de covinha nas bochechas e olhos azuis.

Marcela nunca tinha visto magricela antes, ma ele, de maneira estranha e invasiva, dá dois tapinhas nas costas de Marcela.

Quando o estranho vai embora, Marcela tenta raciocinar o que acabou de acontecer, mas desiste. Ela ainda pressiona o lugar que tomou a bolada quando a voz exageradamente alta fala:

- Vamos comprar pirulito?

Lisbete acaba de de se sentar do lado de Marcela, com um livro aberto na metade e uma blusa de moletom preta acima do uniforme. O vento que refresca Marcela é o mesmo que causa frio à sua amiga. Marcela pensa em negar por preguiça, mas quer entrar lá dentro nem que seja para dar uma olhada ao redor.

Essas são as duas primeiras aulas da manhã e ainda não viu o motivo pelo qual acordou mais cedo hoje. Giulia disse que esse seria o seu primeiro dia.

- Tuas costas estão sujas - Lisbete sussurra, batendo suas mãos nas costas cobertas pels camiseta branca do uniforme. - Prontinho.

Ela passam pela quadra fechada, onde alguns meninos jogavam vôlei, e entram no pátio da escola. Andando mais um pouco, antes da sala de aula, elas entram na cafeteria para comprar o doce.

- Minha barriga ainda tá doendo - Marcela sussurra para si mesma. Lisbete está entretida escolhendo os sabores com o livro enfiado abaixo do braço direito. - Você sabe com quem a Giulia vai dividir o quarto? - pergunta para Lisbete, ela é a única que poderia saber algo assim.

⚢ Não Mate Borboletas Por Ela ⚢ [Completo]Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon