Mude A História

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Algumas semanas depois, era a Noite das Artes no Centro da Juventude e eu estava com um grande problema: Esse era o nosso maior evento do ano com temática artística e o único pelo qual eu era totalmente responsável.

Muitos patrocinadores do Centro apareceriam para ver algumas performances apresentadas pelos jovens. Havia também várias oficinas com algumas celebridades locais. Eu havia convidado um músico de jazz, uma atriz de um grupo de teatro da Bay Area e um pintor de óleo sobre tela. A ideia era ter uma pessoa de cada categoria: música, teatro e artes visuais.

No último minuto, o pintor Marcus Dubois ligou para dizer que seu voo de volta a Londres havia sido cancelado e ele não conseguiria chegar. O evento teria que acontecer sem ele, mas eu sabia que isso não causaria boa impressão aos doadores e não cairia bem para a administração do Centro e para mim.

Desesperada, tentei pensar em uma solução e me lembrei imediatamente de Maya. Pensei se ela estaria disposta a ser a substituta do pintor, se aceitaria demonstrar um pouco do seu talento. A participação também incluiria falar com as crianças, com as quais eu não sabia se ela se sentiria confortável.

Maya e eu havíamos conversado casualmente algumas vezes depois da noite em que ela me convidou para comer pizza. Nas duas ocasiões, eu havia promovido o encontro indo bater em sua porta e me convidando para entrar. Em nenhum momento ela havia falado realmente sobre sua arte, então eu não tinha certeza de como se sentiria comandando uma oficina, especialmente tão em cima da hora. Mas faltavam duas horas para as pessoas chegarem e eu estava desesperada quando peguei o telefone.

Meu coração batia acelerado quando ouvi a mensagem na caixa postal.

Minha voz estava trêmula.

- Oi, Maya. - Pigarreei. - É a Carina. Tenho um favor enorme para pedir, mas não sei se você vai topar. Basicamente, hoje é a Noite das Artes aqui no Centro da Juventude. É um grande evento e o maior artista que convidei, Marcus Dubois, talvez você tenha ouvido falar dele, não vai poder vir. Todos os patrocinadores estarão aqui, e estamos tentando causar uma boa impressão, e isso não vai cair bem. Estou meio desesperada e surtando, então…

BIIP.

A porcaria da secretária eletrônica me interrompeu. Merda! Ligar de novo me faria parecer uma completa desesperada.

Decidi tentar esquecer tudo aquilo e fiz o que pude para engolir a vergonha por não ter ninguém da área de artes visuais no evento. Explicaria da melhor maneira possível o que havia acontecido e enfrentaria as consequências. Sentindo-me completamente derrotada, segui com as minhas obrigações, deixando o pessoal do bufê entrar, ajudando nos preparativos e, finalmente, cumprimentando com um sorriso forçado os convidados que chegavam.

Uma parte inteira da sala que havia sido preparada para receber Marcus Dubois estava vazia. Quando eu estava explicando a situação de Dubois para outra patrocinadora pelo que parecia a centésima vez, ouvi uma voz rouca atrás de mim.

- Desculpa pelo atraso.

Quando me virei, Maya estava lá com sua clássica touca cor de vinho, toda vestida de preto, cheirando a couro e perfume amadeirado. Ela carregava uma enorme bolsa a tiracolo. Meus joelhos fracos pareciam prestes a se dobrar. Chocada, fiquei ali sem fala, até finalmente encontrar as palavras para apresentá-la.

- Essa é...

- Maya Bishop - ela interrompeu, estendendo a mão para a mulher e exibindo os dentes perfeitos pelos quais eu queria passar a língua. - Carina me convidou para substituir Dubois. - Ela olhou para mim. - Onde precisa de mim?

- Pode se acomodar aqui mesmo, nesse canto.

Maya me seguiu e deixou suas coisas no chão. Quando ficamos sozinhas, olhei para ela.

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