Capitulo 62

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- o que podemos fazer agora?
- você tem alguma noção do quão sujos eles são Mia?
Minha pergunta a pega de surpresa, sinto isso pela forma que ela começa a mexer nas pontas dos seus cabelos, alisando os fios com as pontas dos dedos.
- você tem? - ela coloca os olhos em mim, talvez temendo que eu saiba mais do que ela.
Ou menos.
- Anthony me entregou um dossiê bem detalhado logo após seus pais aparecerem, sei somente o que esta dentro dele mas posso imaginar coisas piores.
Mesmo usando as palavras com cuidado vejo o quanto Mia queria que as coisas fossem diferentes, com uma família unida. Mas infelizmente seus pais decidiram muito cedo como queriam viver, e isso não a incluía.
- eu sei sobre as empresas que não existem, sei sobre todos os caras, criminosos e assassinos, que a minha mãe ajudou a se livrarem da cadeia. - sua voz falha mais de uma vez enquanto ela fala, o assunto ficando delicado demais. - para chegar no pedestal aonde estão imagino que pessoas possam ter morrido pelas mãos deles Andrew, seria muita inocência da minha parte acreditar que todo esse respeito não foi gerado em cima de muito sangue. Meu pai foi capaz de quase mandar atirar em você e nos meninos amor, claramente ele mataria por muito menos.
- tem mais uma coisa que você precisa saber sobre eles Mia. - a aconchego em meus braços, apertando-a contra meu peito para tentar amenizar sua dor. - seus pais chefiam uma mina de diamantes em Botsuana, na África. Eles são responsáveis por controlar a extração e venda para o mundo todo.
Ela respira fundo, prestando atenção nas minhas palavras e nunca tirando os olhos dos meus.
- nesse tipo de garimpo pessoas morrem todos os dias ruiva, além das condições precárias de trabalho e diária exposição ao sol muito quente muitos deles passam dias sem se alimentar, dormir ou até mesmo chegam a morrer soterrados quando ocorrem deslizamentos de terra. Naquelas paginas li o suficiente para entender que o trabalho dessas pessoas financia uma guerra na região, uma guerra por terras, terras nas quais seus pais são os proprietários de quase cem por cento de todo o lote disponível. O dinheiro esta sendo usado para aumentar a riqueza pessoal deles e o domínio de pessoas ruins que não se importam com a fome da população, exigindo apenas respeito através do medo. Sinto muito por tudo isso, acredite que eu não queria dizer tudo isso pra você, não agora, mas na situação que estamos você precisa ter todas as informações disponíveis.
Com a mão direita começo a fazer um carinho em seu cabeça, dando a ela o espaço que precisa para assimilar tudo o que eu disse sem se sentir perdida em meio a um nevoeiro. Quero que ela saiba que pode se apoiar em mim, independentemente do peso em suas costas. Vamos carrega-lo juntos.

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Logo após deixar a casa dos Collins ontem a noite me peguei pensando durante toda a madrugada em como armar uma armadilha para pegar Chloe e Benjamin de uma vez por todas. Várias ideias superficiais e tolas apareceram mas apenas uma delas ainda está na minha mente: preciso que a ganacia dos Collins seja maior do que o sua descrição.
Pessoas como eles procuram investidores para injetar dinheiro em seus negócios e talvez, só talvez, se eu conseguir reunir um número considerável de milionários de todo o país que sejam convidados a participarem desses esquemas sujos já seja o suficiente para cavar o buraco no qual eu e o Sr. Collins gostaríamos de os enfiar. De preferência, não tão longe do inferno. Um grupo de testemunhas tão poderosas quanto eles, podendo assim igualar o jogo e fazer um possível acordo para que eles sumam de jma vez por todas das nossas vidas.
Enfio o livro de biologia na mochila, aceitando que a ideia pode ter sido ótima mas ainda previsa ser ajustada para que dê certo. Me levanto, segurando a mochila por uma das alças antes de a colocar sobre o ombro esquerdo e ir em direção a sala de jantar. A mesa do café da manhã está posta a alguns minutos, o cheiro de comida fresca fazendo minha barriga roncar. Olho para a ponta direita da mesa e sinto minhas sobrancelhas ficarem arqueadas ao notar meu pai comendo um pedaço generoso de bolo de chocolate.
- Richard Grayson come doces no café da manhã? - pergunto com um certo tom de zombaria, o que arranca uma risada rápida da parte dele.
- todos nós precisamos de um pouco de açúcar na vida Andy. Vai me julgar agora?
Arqueio as sobrancelhas, estranhando o fato dele estar aparentemente de bom humor. Bom, apenas me sento deixando a mochila no chão apoiada em uma das minhas pernas enquanto minha mão esquerda é levada até um dos pratos com waffles cobertos com mel. Pego um dos talheres, cortando a massa macia e a levando até a boca, sem perceber rolo os olhos, agradecendo por Susan ser tão boa na cozinha.
- família reunida no café da manhã, só pode ter noticia ruim no meio.
- por Deus Anthony, será tão difícil sentar e comer em paz?
Enfio mais um pedaço de waffle na boca, encarando Anthony enquanto ele se senta no outro lado da mesa visivelmente constrangido por ter sido inconveniente logo tão cedo. Ele apanha os waffles restantes e os come devagar, exagerando um pouco ao jogar a calda por cima das massas e sendo repreendido apenas com o olhar da nossa mãe sobre ele.
- ah mãe, sério? É só calda.
- exatamente Antony, não acha que vai ficar doce demais?
- que nada, vai ficar do jeito do que eu gosto. Molhadas ao ponto de escorrer pelos meus lábios.
Na mesma hora em que ele fecha a boca me seguro para não rir e cuspir tudo o que estou tentando engolir. Seus olhos caem sobre mim e confirma que sim, a frase teve um duplo que só eu entendi e sinceramente, não sei se isso é bom ou ruim. Meu pai abre o guardanapo e limpa uma macha de chocolate em sua boca.
- bom, já que estranhamente estamos todos de bom humor vou aproveitar para dar uma boa noticia. A Grayson Company dará uma festa em comemoração aos vinte e cinco anos de empresa e vocês meninos vão ser apresentados como meus sucessores na presidência. - cada palavra que sai da boca dele parece estar integralmente associada ao que eu preciso nesse momento, se não fosse a parte dos sucessores em si. - eu e mãe de vocês queremos viajar no próximo ano e preciso deixar os acionistas cientes da minha decisão de me aposentar.
- não acha que esta cedo demais pai? Andrew esta a pouco tempo na empresa e creio que não saberá agir sozinho caso precise.
Eu deveria xingá-lo, talvez até dar um soco em sua cara por me desmerecer assim mas eu já sei o que ele esta fazendo.
- não diga bobagens Anthony, você se virou muito bem la na Itália e era apenas dois anos mais velho do que seu irmão, para mim seus resultados não poderiam ser melhores ao nos tornar exceção em meio aquela crise em que o pais passava. Vi vocês dois trabalharem juntos e não tenho duvidas que serão os melhores no ramo.
- mas você sabe que não é isso que eu quero, não sabe? - meu pai apenas torce o nariz, sabendo que eu estou me referindo a faculdade.
Todos nessa mesa sabem do nosso contrato, sabem que eu tenho data de entrada e saída daquela empresa - caso queria sair- e mesmo assim preferem ignorar esse fato e seguir as ideias do meu pai. todos, menos o meu irmão.
- eu poderia facilmente ignorar esse fato, mas creio que alguns anos dentro do negocio da família vão te fazer o bem necessário para te fazer ficar.
Meu celular toca no bolso frontal do jeans escuro, me salvando de ter que argumentar por uma batalha já perdida.
- tenho que ir agora. - me levanto, agarrando a mochila e a jogando sobre os ombros. - posso convidar algumas pessoas?
- pode, só lembre sua secretária de nos passar os nomes para incluirmos na lista de convidados.
Aceno positivamente com a cabeça. logo me virando e indo em direção a saída. O telefone ainda vibrando no meu bolso me faz para por um momento, retirando o aparelho do local apertado e o atendendo em seguida.
- alo?
- acreditaria se eu disse que tem uma louca te vigiando pela janela? - ela ri baixo.
- adoraria que essa louca respeitasse a minha privacidade. - me encosto no Mercedes, amassando a mochila entre a lataria e o meu corpo. Olho rapidamente na direção da janela do outro lado da rua, percebendo que a ruiva não esta lá. - mas acho que dessa vez a louca não esta na janela.
- talvez ela esteja atrás de você, encostada no seu carro com um cupcake nas mãos.
Desligo o celular, me virando e encontrando Mia com um sorriso sapeca nos lábios pintados de vermelho. Os olhos claros escondidos por detrás de um belo óculos escuro.
- temos algum motivo para comemorar? - pergunto indo até ela, quase como um lobo atrás de sua presa.
- isso é pra te desejar sorte meu amor, Sam me contou que seu jogo foi marcado para essa quarta feira. - ela retira os óculos, os jogando dentro da mochila aberta no chão.
- hum, quarta feira é? - passo os braços pela sua cintura fina, a trazendo para mais perto. - e o seu beijo, quando eu vou ganhar?
- quando provar o cupcake que fiz pra você.
Rolo os olhos, aproveitando que o bolinho de cobertura colorida esta a centímetros de mim para morder uma parte generosa da massa de sabor duvidoso. O sabor de baunilha começa a aparecer, mas o recheio me lembra um bom e velho whisky.
- andou batizando a comida ruiva?
- é só um teste Grayson. Ficou bom?
- esta tão gostoso quanto você meu amor.

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