Capítulo 12

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Elain não conseguia pensar mais do que algumas horas à frente. E isso apenas se se concentrasse muito. Sua mente estava um caos, o coração em frangalhos. Mal notava as gêmeas Nuala e Cerridwen fazendo uma trança cascata em seu cabelo. As amigas a enfiaram em um vestido longo de tule rosê, com um corpete justo e decote em forma de coração. A fizeram colocar salto alto e joias. Maquiaram seu rosto.

Elain não se importava com nada naquilo. Não nessa noite. Estava concentrada apenas em não "entrar em erupção". Não queria admitir a si mesma que estava nervosa. Não queria admitir a si mesma que não sabia o que esperar. Não queria admitir a si mesma que, apesar de tudo o que aconteceu, estava ansiosa para ver Graysen.

- Tudo dará certo. Lucien estará lá! - A menção ao parceiro fez Elain levantar os olhos do próprio colo e olhar para o reflexo borrado das gêmeas.

Cerridwen fez um som de deboche, o que arrancou um suspiro irritado de Nuala.

- Ele vai protegê-la!

- Ele não vai arriscar a posição dele por ela. - Cerri retrucou.

- Eles são parceiros! - Nuala estava começando a ficar exasperada.

- Ele é da Outonal! - A outra gêmea gesticulou, soltando os cachos de Elain e jogando os braços para cima. - Eles não prestam! Nenhum deles presta! - Apontando o dedo para Elain, complementou: - Não confie nele, garota! Estou dizendo, parceiro ou não, não confie nele!

Assim, sem mais nem menos, Cerri desapareceu, deixando Elain sozinha com Nuala.

- Desculpe por isso. - A gêmea restante suspirou. - É... Complicado.

- Tudo bem. - Elain apertou carinhosamente a mão da amiga, que sorriu com tristeza.

Não perguntaria os motivos de Cerridwen. Não era a primeira vez que ela dava esse tipo de conselho, e Elain a ouvia sempre que possível. Porém, no momento, não tinha escolha a não ser confiar em Lucien.

• • •「🌸 🔥」• • •

Feyre atravessou com ela até os portões da fortaleza de ferro. Elain lembrou-se da última vez em que estiveram ali, quando seu coração fora despedaçado sem piedade. Uma miscelânea de sentimentos a atingiram no momento, e agora não era diferente.

- Enfim... - Feyre murmurou. - Ninguém vai julgá-la se quiser desistir...

- Não vou desistir. - Elain retrucou com convicção. - Já viemos até aqui. Quero saber o motivo de ele ter me convidado.

- Está bem. - Sua irmã mais nova inspirou profundamente antes de se virar para ela. - Lucien já está lá, está à sua espera. Mas não vá até ele diretamente, ninguém pode suspeitar que vocês sabiam da presença um do outro. - Pegando uma de suas mãos, ela prosseguiu. - Confie nele, Elain. Não se importe com nada do que ouvir lá dentro, mas confie em Lucien. Ele é...

- Sei o que ele é. - Não queria ter soado tão ríspida mas, pelos deuses, estava ficando cansada dessa história.

- Chame por mim ou por Rhys se quiser ir embora. - Disse, já se virando, mas então olhou por cima do ombro. - Ou peça a Lucien que a leve para casa. Tenho certeza que ele será uma companhia muito mais agradável.

Com uma piscadela, a fêmea atravessou, deixando Elain sozinha em frente aos enormes portões de ferro.

- É isso. - Murmurou para si mesma. - Seja corajosa, não vá desistir agora.

Se obrigando a dar um passo à frente, Elain segurava o convite com as duas mãos, os nós dos dedos ficando brancos tamanha era a força com que se agarrava ao papel delicado. Um passo após o outro, sem pensar muito no que fazia, a fêmea alcançou o primeiro posto de guarda. O homem tremeu ao perceber o que ela era, e sua visão periférica captou um segundo guarda apontando uma balestra para ela. Começou a suar frio, as mãos tremiam enquanto ela olhava para o primeiro guarda, que estava atento a todos os seus movimentos.

Corte de Flores FlamejantesOnde histórias criam vida. Descubra agora