Capítulo Seis // Truth or dare?

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Quinta-feira.

Faltavam, exatamente, 106 dias para as aulas acabarem. E hoje era um dia entre os 28 dias de quinta-feira que eu teria terapia com a senhorita Featherington. A pequena mulher ruiva, inclusive parecia apurar seus ouvidos a cada vez que o nome de Enola era citado.

“Não acha que seu comportamento em relação a esse menino...”

“Gregory.”, completei por ela.

“Isso. Não acha que o que você sente em relação a ele seja algum tipo de ameaça?”

“Por que eu me sentiria ameaçada por ele?”, isso não fazia muito sentido pra mim.

Penelope pondera, olhando para a mesa que ficava entre nós.

“Amity, quero que observe, a partir de agora, todo o tipo de pensamento e sentimento que venha a te ocorrer quando vê-los juntos.”, diz. “Vamos ver se isso te ajudará a definir o que você sente em relação a isso. Tudo bem?”

Assinto e saio da sala, levando minha mochila já que era fim das aulas.

Dias atrás, Enola e Gregory vieram para o colégio juntos. Eu não me importava, obviamente. Suas mãos dele na cintura dela e todos aqueles olhares desejando que algo acontecesse? Não, aquilo não me incomodava de forma alguma. Enola parecia contente com ele, isso não me incomodava também.

Mentiras. Belas mentiras. Mas enquanto eu não conseguia entender o que eu estava sentindo, mais belas mentiras seriam contadas. E eu não estava nem aí.

As aulas já haviam acabado há mais de cinquenta minutos, o que dizia que os corredores estavam meio vazios.

“Amity!”, ouço meu nome e viro-me nos calcanhares para ver quem era. Uma garota ruiva da minha turma vinha em minha direção. Eu nunca troquei uma palavra sequer com ela, por isso, pensei duas vezes em fingir que não a vi e continuar andando, mas ela já estava na minha frente.

“Oi...”

“Daisy.”, disse, animada. Não entendo sua animação.

“Ah... Daisy.”, não vou conversar muito com você pra lembrar do seu nome.

“Eu sou da sua turma, estudo com você desde o nono ano.”, mesmo? Só notei sua existência agora.

“Sim, acho que sim.”, por favor, vai embora!

“Sou eu que sento na frente de Enola.”, ela específica.

Ah... agora tudo fazia sentido! Agora sei porque nunca a notei antes. Quando eu olhava pra frente, não era nela que eu prestava atenção... Não quero ser escrota, mas quem olha para um feixe de luz quando se tem o sol?

“Lembro de você.”, dito isso, ela sorriu. Abro um sorriso também, com o pensamento que agora ela me deixaria ir.

“Eu sempre notei seus olhares pra mim e...” paro de ouvir aí mesmo.

... Ela tinha entendido tudo errado, não só o meu sorriso, mas os olhares que eu – discretamente – direcionava para a frente. Nunca, nem por um segundo, foram pra ela.

“Daisy... Daisy, não é?”, ela assente, alegre ao ouvir o próprio nome. “Certo, acho que tudo isso é um grande engano, tá bem?”

“Como assim?”

“Eu não estava olhando pra você, eu estava olhando pro quadro. É que você senta na frente, e deve ter se confundido.”, uma meia mentira de nada. Eu apenas não queria que ela continuasse com aquilo.

A garota parece não ter me ouvido, ou... não sei, mas ela continuou completamente parada na minha frente. Penso em cutucá-la apenas para saber se ela está ali, mas desisto da ideia quando ela retoma:

Enmity [Enemies to Lovers]Where stories live. Discover now