Capítulo 19

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⚠️ Atenção: este capítulo pode conter possíveis gatilhos mentais. Aos leitores mais sensíveis recomenda-se cautela.



Tum-tum-tum-tum-tum-tum-tum-tum

Dessa vez não era o coração de Lucien que ecoava nos ouvidos de Elain. Era o dela própria.

Graysen não podia ter dito aquilo. Devia ser uma alucinação ou algo assim. Seu Graysen jamais faria tal proposta. Depois de tudo...

- Desculpe. - Conseguiu murmurar, apesar de seu corpo estar em choque. - Acho que não entendi direito.

O jovem humano levantou-se com toda sua altivez e caminhou até ela. Não passou despercebido à Elain que Lucien se afastara. Por que ele se afastara? Por que a deixou sozinha justo agora? Graysen pegou as duas mãos de Elain, e ela também notou que tanto Jurian quanto Lorde Nolan desviaram o olhar, dando um ar de falsa privacidade ao casal. Mas, espere, não eram mais um casal. Graysen havia deixado isso muito claro no passado.

O único que os observava era Lucien. Ela podia sentir os olhos do macho em si, cravados no local onde as mãos dela repousavam sobre as de Graysen. Mas por que ele estava permitindo aquilo?

- Minha rosa? - Graysen chamou. - Ouviu o que eu disse?

- Não prestei atenção em nada desde o último disparate. - Confessou, olhando nos olhos do homem que um dia lhe fizera juras de amor.

- Disparate? - Graysen pareceu afetado, apertando ligeiramente as mãos de Elain.

- O que acha que eu sou? - Elain teve o impulso de puxar as mãos, mas Graysen as segurou com mais força. - Que tipo de proposta ridícula é essa?

- Achei que tivesse dito que me amava... - Ele franziu o cenho, fazendo os olhos azuis ficarem obscurecidos.

- Disse que amei você. - Puxou as mãos novamente, e dessa vez Graysen permitiu que se livrasse. - Você fez questão de matar esse amor quando não se importou com...

- Isso é passado. - Graysen a cortou, como sempre. - Sinto sua falta, minha rosa.

- Não me chame assim.

- Elain... Você me procurou, lembra? Tentou fingir que não havia sido transformada. Você me queria. O que mudou?

- Não sou uma prostituta. - A fêmea se encolheu com a palavra.

- É claro que não. - A voz dele era doce, gentil. Graysen esticou o braço e começou o movimento de pôr uma mecha de cabelo atrás da orelha de Elain, mas parou quando se deparou com a ponta, que não escondia o que ela era agora: feérica. O humano baixou a mão, cerrando a mandíbula tão forte que Elain não sabia como seus dentes estavam suportando. - Tente ver meu lado, querida.

- Ver seu lado? - Ela estava ficando irritada com aquele absurdo. - Ver seu lado como você viu o meu?

- Elain... - Graysen a reprimiu por tocar no assunto proibido.

- Não, Graysen. - Ela se afastou alguns passos, negando com a cabeça. - Você me rejeitou quando virei... isso. - Gesticulou para o próprio corpo. - Partiu meu coração. Eu só precisava do seu apoio, do seu consolo depois de perder...

- Elain, sugiro que se acalme. - Graysen deu um passo adiante, mas ela continuava se afastando.

- NÃO! - Berrou, e algo explodiu na sala. Não sabia o que era, não se importava. - Depois de tudo o que houve, tudo o que passei, você vem querendo usar... Meus... Dons... E ainda acha que seu corpo é um "pagamento"? - Riu de desdém. - Como se você fosse a coisa mais preciosa que o Caldeirão já fez? Como se eu fosse capaz de fazer qualquer coisa para estar na sua cama novamente? É isso o que pensa de mim, Graysen?

Corte de Flores FlamejantesOnde histórias criam vida. Descubra agora