Capítulo 3

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Azriel precisou de tempo pra processar aquilo. A informação caia a pequenos pedaços, e ele passou os dias que vieram muito calado. Mal respondia quando falavam com ele, e estava sempre pensativo, os olhos distantes. Gwyn não acordou. Completados um mês do acidente Azriel recebeu alta, pronto pra outra, e ela continuava no coma. Cassian ia lá todos os dias vê-la, e passava um bom tempo apenas observando, como se esperasse capturar algum detalhe que houvesse passado, algum indicio de que ela estava acordando, mas não havia nada. Estava abatido, não tinha mais aquele sorriso no rosto.

 
Azriel: De novo aqui? – Perguntou, entrando no quarto. Cassian estava parado, como sempre, olhando Gwyn, e Nestha o abraçava.
 
Cassian: Eu sou amigo dela. – Lembrou, quieto.
 
Azriel: A propósito, muito obrigado por montar um esconderijo pra ela. Foi muito útil. – Cassian desviou o olhar, encarando Azriel.
 
Cassian: Do que está falando? – Perguntou, sem entonação nenhuma.
 
Azriel: Havia uma fortuna na casa. Dinheiro seu. – Acusou, e Cassian franziu o cenho.
 
Cassian: Perdi aquilo pra ela em Las Vegas. – Disse, quieto. Azriel ergueu a sobrancelha.
 
Azriel: Quase 20 milhões. – Ressaltou. Cassian deu de ombros.
 
Cassian: Eu pago minhas dividas. Ela me pediu pra colocar o dinheiro lá, e eu coloquei. – Disse, voltando a olhar Gwyn – É dela pra fazer o que quiser. Não tente me culpar pelo que aconteceu. Não fui eu que joguei ela de uma ponte.
 
 

Azriel ficou quieto, se aproximando. A barriga de Gwyn, na porta dos 3 meses, estava crescendo. Rhysand estava preocupado. O corpo dela não tinha suporte pra uma gestação do jeito que estava, seria um milagre conseguir se ela não acordasse logo. Mas, apesar de ela continuar do mesmo jeito, o bebê resistia, e a cada dia Azriel se perguntava até quando. Havia desespero nessa pergunta – a possibilidade o apavorava.

Cassian: Se quer um conselho, aproveite o momento. Seja homem o suficiente pra sentir remorso. – Disse, impassível – Porque se ela morrer, Azriel, o sangue vai estar nas suas mãos. – Completou, e parecendo cansado, pegou a mão de Nestha e saiu, deixando Azriel lá.
 

Azriel tocou o rosto de Gwyn. Os poucos cortes, superficiais, já estavam sarando, mas ela continuava pálida, a pele fria. Respirava pelo impulso do oxigênio no tubo, era muito superficial. Ele baixou a mão, tocando a barriga dela, e contrariando tudo ao redor essa estava firme, ganhando volume gradativamente.

 
Azriel: Vamos, acorde. – Pediu, em um murmúrio angustiado – Acorde e me faça me afastar aos gritos, como sempre, mas acorde. – Completou, observando-a.
 

Gwyn continuou imóvel. O monitor não se alterou. Ele suspirou, com o peso do mundo nas costas. Nos dias que vieram ela continuou imóvel, como uma boneca de cera. Sabendo disso você pode entender sua surpresa quando, poucas semanas depois, ao chegar no hospital (como fazia todos os dias), encontrou a cama de Gwyn vazia, e a dona dela de pé.

 
 
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Azriel piscou repetidas vezes, totalmente em choque. Estivera lá na noite anterior, estivera... Havia algumas enfermeiras em volta dela, e Rhysand estava lá, mas decididamente ela estava de pé! Ele podia ver o topo a da cabeça dela atrás das enfermeiras, estava de pé! Ele tropeçou pra dentro do quarto, quase se batendo com a porta de correr de vidro, totalmente tremulo. Deus o perdoara e o ouvira.

 
Azriel: Ela acordou?! – Perguntou, ansioso, se aproximando.
 

Mas no momento em que chegou perto, notou que havia algo errado. Ela ainda estava presa aos monitores, e estava mole, sustentada pelas enfermeiras pelos braços. Parecia uma boneca de pano. Quando Rhysand, que vinha examinando-a, soltou a cabeça dela com cuidado, essa pendeu pra frente, os cabelos balançando no ar. Azriel se afastou, aturdido como se tivesse levado um murro no estomago, totalmente horrorizado, e notou uma Feyre com uma aparência abatida assistindo, no canto da sala.

A Court Of Beginnings And Lies - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora