Capítulo 130 :

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Já é noite quando uma ambulância do hospital particular chega para fazer minha remoção. A Carolina está ao meu lado, segurando minha mão, e chego à conclusão que se eu tivesse tido uma irmã, ela não teria sido boa para mim como a Carolina é. Ela é muito melhor que uma irmã, a Carol é minha alma gêmea, minha irmã siamesa. Conversamos pouco durante o caminho, e pelo muito que a conheço, ela está tensa e preocupada.




Carla: Você não disse nada para minha mãe, não é? — Olho para ela ansiosa.




Carolina: Não, mas não acho justo esconder dela o que está acontecendo. — Ela faz uma expressão contrariada.





Carla: E para o Arthur? — Novamente aquela sensação no peito, um misto de angústia e ansiedade.





Carolina: Me desculpe, Carla, mas eu precisava avisá-lo. Provavelmente ele estará no hospital quando chegarmos, você precisa falar com ele, com muita calma, e se realmente ele fez isso, foda-se ele! Os seus bebês estão em primeiro lugar, eles sim são para sempre, Carla, homens existem muitos e todos são uns merdas. — Seguro nos lençóis com firmeza.





Carla: Você me aconselha a me tornar lésbica? — Tento fazer uma piada para descontrair e me acalmar.





Carolina: Sim! — Ela sorri debochada. — Não me arrependo de minha escolha sexual, sou feliz assim. E você sabe no que deu quando dei uma oportunidade para um cara.





Carla: E filhos, você não pensa nisso?





Carolina: Talvez um dia, quando eu encontrar uma companheira de verdade, usamos o espermatozoide de algum amigo bicha. Agora dá para fazer inseminação caseira, está sabendo disso?





Carla: Como assim? — Reviro meus olhos.




Carolina: O cara goza em uma camisinha, tira o esperma com uma seringa e puff, insere-se o sêmen no útero, sem penetrações, médicos, internações e de graça. — Ela dá risada. — Tenho amigas que fizeram isso, e deu certo! Apesar de preferir umas roladas.





Carla: Meu Deus! Criatividade é o que não falta.





Dou risada, mas relembro do passado da Carolina, e de sua ojeriza por homens, desde que foi estuprada por seu avô, aos nove anos. Eu só soube dessa história quando tínhamos 18 anos, mais ou menos quando ela assumiu sua homossexualidade. E sabemos que ela e o pauzudo não deram certo.




Carla: Homens nem pensar, né, Carol? — A olho com ternura.





Carolina: Não! Eu até tentei, mas não suporto o toque de um homem em mim — ela diz amargamente. — Só do pauzudo, e pensando bem, o pau dele nem era lá essas coisas!





Carla: Humrum! Entendo... — Sempre tive vontade de falar mais sobre isso com ela, mas não consigo, porque vejo a dor que isso causa a ela. — O que houve com ele? Quero dizer, com seu avô?





Carolina: O infeliz já morreu, e desceu direto para o inferno! Eu o teria matado pessoalmente, até tentei, mas ele era mais forte do que eu, provavelmente conseguiu acabar com a vida de mais alguma das minhas irmãs.




Não consigo imaginar como alguém que deveria proteger uma criança, é capaz de machucá-la, violentá-la.




Carla: Você não fala com elas? — pergunto cuidadosa.





Carolina: Não. Ele desestruturou nossa família, a única que ainda falo é minha mãe. Minhas irmãs sumiram no mundo, não sei delas — ela diz com tristeza.





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