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    Olho para o copo de café em minhas mãos — o quinto que eu estava tomando.
    Tento dormir um pouco, mas, apesar do sono, só consigo pensar na Lina.
   A cada minuto do meu dia eu penso em nós, em cada momento juntos, as risadas, nossas implicâncias e a forma que eu fui me apaixonando por ela a cada mês que se passava.
   As coisas saíram do controle tão rápido que, mesmo eu tentando, não consegui impedir que tudo virasse de cabeça para baixo.

   Sinto uma mão em meu ombro, fazendo eu virar minha cabeça para trás. Jonh b força um sorriso, se sentando ao meu lado.

   O silêncio começa a se tornar constrangedor e eu não consigo olhar para o meu melhor amigo, o que me corroe por dentro.

— Desde quando vocês dois estão juntos ? - Jonh b quebra o silêncio, fazendo a pergunta que eu já esperava.

— A quase seis meses. - Sussuro, sem saber ao certo o que fazer.

— Eu nunca te vi assim, apaixonado. Nunca imaginei que isso ia acontecer.

— Eu achava que nunca ia acontecer. - Admito. — Até conhecer a Lina. - Sussuro.

   Mordo meus lábios, engolindo o choro e sentindo meu pé começar a bater involuntariamente contra o chão. A ansiedade estava tomando conta de mim, me deixando cada vez mais trêmulo.

— Eu tô feliz por você, cara. - Jonh b sorri fraco. — E tô feliz pela Lina, porque sei que você é capaz de tudo por alguém que ama. - Ele deixa duas "batidinhas" no meu ombro e se levanta.
— Vai lá ver ela. — Ele sugere, se afastando.

   Encaro a porta do quarto de Lina, ainda sentado. Passo minhas mãos pelo meu rosto e tento encontrar alguma força para abrir aquela porta e ver ela daquele jeito. Mas algo me "fala" que é isso que devo fazer, então me levanto e vou na direção do quarto.

   Como sempre, um nó se forma na minha garganta e uma dor se instala no meu peito, me deixando agoniado.
   Olho para Lina, acaricio seu rosto com o meu polegar e a admiro, desejando nunca mais esquecer do sorriso que eu mais amei ver na vida.

— Eu sinto sua falta. - Sussuro. Passo uma das minhas mãos pela minha bochecha, limpando as lágrimas que desciam por ela.
— Eu acho que sou apaixonado por ti desde o dia que você esbarrou em mim, derrubando café para todo o lado e dizendo que odiava o mundo. - Aperto a mão gelada da garota, tentando sentir sua pele contra a minha.

   A porta do quarto é aberta por Luiza, que entra no local e é seguida por todos os pogues.
  A senhora Grey abre um leve sorriso para mim e eu retribuo. Ela vai ao lado da cama de Lina e deixa um beijo na sua testa. Apesar de tudo, era perceptível que o que a mulher sentia pela garota era muito além do que Lina pensava.

— Essa semana ia ser o aniversário dela... - Luiza sussura, triste. Arregalo meus olhos e me sinto ainda mais culpado. Vejo que todos os outros estão da mesma forma.

— O aniversário da Lina é essa semana ? - Pope perguntou, com a voz fraca.

— Sim. Por isso eu estava me preparando para me despedir... - Antes que Luiza termine de falar, Interrompo sua fala.

— Como assim se despedir ? - Confuso, encaro ela.

— JJ... - Jonh b tenta falar algo.

— A Lina veio para a ilha porque foi obrigada pelo conselho tutelar. O plano dela era só ficar até fazer 18 anos, ou seja, essa semana. - Grey deixa claro.

—  O que ? Mas ela não ia me deixa....

— Jay... - Kiara se aproxima. — Ela queria isso. Quando conversamos a alguns meses atrás, ela não sabia o que ia fazer porque não queria nos deixar. - A cacheada informa.

   Paralizo. Olho para Lina. Ela ia mesmo me deixar ? — Penso, enquanto sinto algumas lágrimas descerem pelo meu rosto.

  Um barulho faz com que eu me desespere. A máquina. Aquela maldita máquina começa a apitar.

  Sarah corre para o corredor, gritando por ajuda. Três enfermeiras entram para dentro do quarto com um carrinho de parada cardíaca.
  Seguro o corpo de Lina, balançando ele.

— LINA ! LINA ! - Tento chamar por ela, mas nada adianta.

Alguns enfermeiros começam a nos tirar do quarto, puxando nossos corpos bruscamente enquanto podemos observar a garota recebendo diversos choques para ser trazida de volta.

  Choro desesperadamente, enquanto sou obrigado a sair do local. Olho para os lados, em busca de algo que eu não sabia exatamente o que era, todos estavam chorando, da mesma forma que eu.

Tudo tinha acabado. Lina estava morrendo... e mais uma vez, eu não poderia fazer nada.

O ɴᴏssᴏ 𝒆𝒕𝒆𝒓𝒏𝒐 ᴛᴀʟᴠᴇᴢ; 𝙹𝙹 𝙼𝚊𝚢𝚋𝚊𝚗𝚔 🦋Where stories live. Discover now