Prólogo: Qual seu nome, garotinha?

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Jamie recostou a cabeça na parede.

Estava cansada, com fome e com mais milhares de coisas que ela nem conseguia descrever. Mas, definitivamente, a pior de todas: estava sozinha. Há nove dias, sua mente podia se recobrar.

Era isso mesmo? Ela se questionou, abobada. Não tinha a minima noção de tempo fazia... fazia... muito tempo.

A barriga da garota roncou. Ela mais uma vez se remexeu desconfortavelmente na parede.

Seus pés sujos já estavam à mostra naquelas meias velhas e sujas, que começavam a se rasgar. Ela coçou o calcanhar, bem machucado de andar naquela calçada quente com um chinelo tão debilibitado.

Não eram só os pés, antes fosse; toda sua roupa estava ruim... estavam especialmente fedidas e sujas.

Como é que a mamãe fazia para deixá-las tão limpas e cheirosas sempre? Era uma lembrança distante. Ela até mesmo sentia saudade da lavagem do último orfanato, mesmo que as roupas voltassem com fedor de movél velho.

Miaw.

O miado do gato fez cada osso de Jamie gelar, ao mesmo tempo que ela encontrou forças para saltar do chão e se pôr em pose de combate (a melhor que ela podia). Seu coração estava disparado até que seus olhos encontraram os amarelados de um gato preto, que tentava revirar o lixo.

Ela relaxou, balançando a cabeça. Era só um gato. Não era nenhum monstro de cinco metros e sete braços ou algum largato que babasse ácido. Era só um gatinho.

Jamie sentou no chão novamente. Ela queria tanto parar de ver aquelas coisas.

Por que só ela via aqueles bichos? E porque eles pareciam tão dispostos à matá-la se nem mesmo existiam de verdade?

Jamie só queria sua cama novamente. Só queria ser aceita novamente. Ela prometia de coração que iria tentar para de ver aquelas coisas.

Absorta naqueles pensamentos frustrantes, mas esperançosos para ela, a menina tentava esquecer sua fome. Isso até que... sentiu um arrepio forte no lado esquerdo do pescoço.

Instintivamente, virou-se para ver. Olhando diretamente para a calçada, carrega de pedestres, que havia no fim daquele beco, ela percebeu algo diferente; um homem, um garoto, ela não sabia dizer ao certo, mas essa pessoa havia acabado de passar emanando algo totalmente diferente que qualquer outra pessoa da rua.

Jamie sentiu o coração palpitar. Ela se pôs de pé. Era importante. A garota maltrapilha saiu correndo para a rua.

Desviando-se das pessoas furiosas e que faziam as piores expressões na sua direção, ela tentava alcançar o garoto, maravilhada.

Por que ele era diferente? Os olhos de Jamie brilhavam.

Pode estar ficando um pouco confuso, mas a pequena Jamie sempre teve uma visão muito boa. Não boa do jeito que você está pensando. Uma visão além de qualquer coisa possível. Ela era capaz de olhar no fundo de qualquer pessoa e saber do que ela é feita. Algo que ela mal sabia explicar se era coisa de sua cabeça. Algo que havia acabado com sua vida até então.

Ela não se conteve. Agarrou a manga do garoto. Não podia mais esperar.

Ele parou. Não se mexeu. Pareceu assustado, relutante em se virar.

Eu assustei ele? Jamie pensou, estritecida. Ela tinha acabado com as coisas mais uma vez? A menina soltou a manga do garoto.

Ele começou a se virar, lentamente. Quando viu do que se tratava, sua expressão pareceu relaxar um pouco. Ele se virou por completo.

A Guerreira da Eternidade (Percy Jackson)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora