Emily
Enrolo o quinto lençol ao redor de Lucien depois de fazê-lo tomar um banho quente e ouço seus dentes baterem um no outro por conta do frio. Meu casaco rosa de algodão agarrando meu peito e me aquecendo também.
- Esse troço é ruim - resmunga, colocando o copo na escrivaninha ao lado.
- Vai ajudá-lo a não pegar um resfriado - digo, o enrolando com outro lençol.
- Emily, eu já estou aquecido.
- Não está, você está gelado demais - pego uma toalha seca de algodão branca e começo a secar seu cabelo úmido, para que o frio melhore ao menos um pouco.
- Emily.
- Me deixe fazer isso!
Lucien agarra minhas duas mãos, desce até a minha cintura a agarrando com força e me puxa para o seu colo, me colocando sentada em cima dele, uma perna pemde em cada lado do seu quadril.
Nosso peso afunda a borda da cama do seu quarto e suspiro trêmula, sentindo o calor do seu corpo mesmo com todos esses lençóis nos separando.
- Lucien - sussurro.
Ele não me ouve, ao invés disso, me puxa mais para ele, seu rosto enterra na curva do meu pescoço e ele suspira baixinho, me apertando tão forte que minhas respirações saem cortadas no ar.
- Sei que você está me odiando agora. Mas será que você pode ficar um pouco aqui?
Meus braços envolvem seus ombros e retribuo o abraço, fazendo-o cafuné de forma desleixada e inalando seu cheiro pós banho.
- Tudo bem..
- Estou confuso, Emily - ele diz, apertando mais seu rosto na curva do meu pescoço - Tudo está voltando como uma tempestade.
- O que está voltando, Lucien?
- Minhas lembranças - diz, sua voz sai trêmula e seus ombros tremem - O que ela fazia comigo.. o que todos fizeram comigo.
- Sua mãe? - arrisco a pergunta, sua cabeça se movimenta afirmando e dando-me a resposta que eu precisava, Lucien me aperta mais, quase tentando grudar nossas peles uma na outra - Do que você se lembra?
- Das coisas que ela deixava ele fazer comigo - ele trava, seus músculos ficam rígidos e passeio minhas mãos em seus braços em forma de consolo - Eu era apenas uma maldita criança. Tinha que ser eu, eu tinha que protege-lo.
Meu corpo trava e engulo em seco, as palpitações do meu coração batiam forte em meu peito e minha garganta se fecha. Lucien estava falando sobre abuso.
A bile sobe na minha garganta forte e com exigência para sair, porém mantenho minha voz neutra e firme. Não podia correr o risco de seus muros subirem agora.
- Seu irmão? - continuo com os carinhos em seu cabelo, sua respiração se acalmando aos poucos e beijo o topo da sua cabeça.
ele não responde mais, e sei que já consegui arrancar o suficiente por hoje.
- É melhor você tentar dormir, tome o restante do seu chá.
- Dorme comigo - pediu, levantando o olhar para mim - Fica.
- Não podemos, você sabe que amanhã tudo vai volt-
- É confuso. Durante anos eu mantive tudo preso em uma caixa e trancado à sete chaves, mas agora eu me sinto.. vulnerável com você por perto e parece que vou quebrar.
Pisco várias vezes sentindo minha vista embaçar e mordo meu lábio, ainda sentindo doer em meu âmago as coisas que ele me disse, eu sentia como se uma ferida tivesse sido cavada em meu peito.
Lentamente, dolorosamente e profundamente. Queimando e me rasgando aos poucos.
- S-sinto muito.. - engasgo com as lágrimas que desciam com pressa, como uma avalanche - S-into muito p-or você.
Lucien aperta as sobrancelhas confuso, seus dedos limpam algumas lágrimas para logo outras surgirem.
- Por que você chora quando eu conto algo?
- P-porque dói - minha voz vacila, minhas unhas apertam seus ombros e meus lábios estremecem - Por que você nunca chora?
- Eu não sei - seus dedos trabalham em uma massagem na minha bochecha molhada, o toque me deixando aquecida e confortável - Minha mãe não me permitia chorar, acho que... - ele aperta mais as sobrancelhas, olhando para mim confuso - Me acostumei a não chorar.
- Você não chora nunca?
- Nunca - diz, voltando a enterrar seu rosto em meus peitos e continuo chorando.
- Então eu chorarei por você.
- Eu não gosto quando você está chorando.
Um sorriso escapa de mim em meio ao choro e seguro seu rosto com as duas mãos, beijando sua testa em um beijo demorado e estalado.
- Eu sei disso - sussurro.
- Você pode não reconsiderar?
- Do que você está falando?
- A proposta do Dylan - diz - Você disse que estava pensando em aceitar.
gargalho, negando com a cabeça e o abraçando de volta, ainda mais apertado, nada parecia o suficiente.
- Achei que nem estivesse prestando atenção na conversa.
- Eu presto atenção em tudo que envolve você.
Uma infestação de borboletas invade meu estômago e minhas bochechas aquecem, o martelar do meu coração bate como uma batida irregular de alguma música alta e agitada.
Lucien se solta de mim apenas para se desenrolar dos lençóis em seu corpo e deita na cama, puxando-me até me por embaixo dos edredons quentes e macios.
- Você já dormiu de conchinha alguma vez? - pergunto à ele.
- Já, mas sendo a concha maior. Você quer dormir assim?
Assenti, virando-o de costas abruptamente e sentindo seu corpo enrijecer, assustado com meu ato impensado.
vulnerável.
- Desculpe - falo baixo, beijando sua bochecha - É apenas eu, Emily.
- Eu sei - suspira pesadamente e ajeito os lençóis ao nosso redor, passando minhas pernas envolta das suas e o abraçando por trás - Você é pequena demais para isso.
- Shh - reclamo - Apenas.. sinta.
Lucien concorda com um aceno, sua mão se entrelaça na minha e beijo suas costas, depois de alguns minutos em silêncio, apenas aproveitando o calor um do outro, sua voz grossa reverbera em meus ouvidos.
- Me sinto seguro agora - diz, para depois cair no sono imediatamente.
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HERDEIROS #3 - TENTAÇÃO IRRESISTÍVEL
RomanceEmily díaz é conhecida por muitas vezes ser um espírito livre e, principalmente, gostar de plantas mais do que qualquer outra coisa na vida. doce, dedicada e sempre capaz de ver o melhor nas pessoas mesmo quando elas são rudes com ela, seu coração é...