Capítulo 37

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Emily

Enrolo o quinto lençol ao redor de Lucien depois de fazê-lo tomar um banho quente e ouço seus dentes baterem um no outro por conta do frio. Meu casaco rosa de algodão agarrando meu peito e me aquecendo também.

- Esse troço é ruim - resmunga, colocando o copo na escrivaninha ao lado.

- Vai ajudá-lo a não pegar um resfriado - digo, o enrolando com outro lençol.

- Emily, eu já estou aquecido.

- Não está, você está gelado demais - pego uma toalha seca de algodão branca e começo a secar seu cabelo úmido, para que o frio melhore ao menos um pouco.

- Emily.

- Me deixe fazer isso!

Lucien agarra minhas duas mãos, desce até a minha cintura a agarrando com força e me puxa para o seu colo, me colocando sentada em cima dele, uma perna pemde em cada lado do seu quadril.

Nosso peso afunda a borda da cama do seu quarto e suspiro trêmula, sentindo o calor do seu corpo mesmo com todos esses lençóis nos separando.

- Lucien - sussurro.

Ele não me ouve, ao invés disso, me puxa mais para ele, seu rosto enterra na curva do meu pescoço e ele suspira baixinho, me apertando tão forte que minhas respirações saem cortadas no ar.

- Sei que você está me odiando agora. Mas será que você pode ficar um pouco aqui?

Meus braços envolvem seus ombros e retribuo o abraço, fazendo-o cafuné de forma desleixada e inalando seu cheiro pós banho.

- Tudo bem..

- Estou confuso, Emily - ele diz, apertando mais seu rosto na curva do meu pescoço - Tudo está voltando como uma tempestade.

- O que está voltando, Lucien?

- Minhas lembranças - diz, sua voz sai trêmula e seus ombros tremem - O que ela fazia comigo.. o que todos fizeram comigo.

- Sua mãe? - arrisco a pergunta, sua cabeça se movimenta afirmando e dando-me a resposta que eu precisava, Lucien me aperta mais, quase tentando grudar nossas peles uma na outra - Do que você se lembra?

- Das coisas que ela deixava ele fazer comigo - ele trava, seus músculos ficam rígidos e passeio minhas mãos em seus braços em forma de consolo - Eu era apenas uma maldita criança. Tinha que ser eu, eu tinha que protege-lo.

Meu corpo trava e engulo em seco, as palpitações do meu coração batiam forte em meu peito e minha garganta se fecha. Lucien estava falando sobre abuso.

A bile sobe na minha garganta forte e com exigência para sair, porém mantenho minha voz neutra e firme. Não podia correr o risco de seus muros subirem agora.

- Seu irmão? - continuo com os carinhos em seu cabelo, sua respiração se acalmando aos poucos e beijo o topo da sua cabeça.

ele não responde mais, e sei que já consegui arrancar o suficiente por hoje.

- É melhor você tentar dormir, tome o restante do seu chá.

- Dorme comigo - pediu, levantando o olhar para mim - Fica.

- Não podemos, você sabe que amanhã tudo vai volt-

- É confuso. Durante anos eu mantive tudo preso em uma caixa e trancado à sete chaves, mas agora eu me sinto.. vulnerável com você por perto e parece que vou quebrar.

Pisco várias vezes sentindo minha vista embaçar e mordo meu lábio, ainda sentindo doer em meu âmago as coisas que ele me disse, eu sentia como se uma ferida tivesse sido cavada em meu peito.

Lentamente, dolorosamente e profundamente. Queimando e me rasgando aos poucos.

- S-sinto muito.. - engasgo com as lágrimas que desciam com pressa, como uma avalanche - S-into muito p-or você.

Lucien aperta as sobrancelhas confuso, seus dedos limpam algumas lágrimas para logo outras surgirem.

- Por que você chora quando eu conto algo?

- P-porque dói - minha voz vacila, minhas unhas apertam seus ombros e meus lábios estremecem - Por que você nunca chora?

- Eu não sei - seus dedos trabalham em uma massagem na minha bochecha molhada, o toque me deixando aquecida e confortável - Minha mãe não me permitia chorar, acho que... - ele aperta mais as sobrancelhas, olhando para mim confuso - Me acostumei a não chorar.

- Você não chora nunca?

- Nunca - diz, voltando a enterrar seu rosto em meus peitos e continuo chorando.

- Então eu chorarei por você.

- Eu não gosto quando você está chorando.

Um sorriso escapa de mim em meio ao choro e seguro seu rosto com as duas mãos, beijando sua testa em um beijo demorado e estalado.

- Eu sei disso - sussurro.

- Você pode não reconsiderar?

- Do que você está falando?

- A proposta do Dylan - diz - Você disse que estava pensando em aceitar.

gargalho, negando com a cabeça e o abraçando de volta, ainda mais apertado, nada parecia o suficiente.

- Achei que nem estivesse prestando atenção na conversa.

- Eu presto atenção em tudo que envolve você.

Uma infestação de borboletas invade meu estômago e minhas bochechas aquecem, o martelar do meu coração bate como uma batida irregular de alguma música alta e agitada.

Lucien se solta de mim apenas para se desenrolar dos lençóis em seu corpo e deita na cama, puxando-me até me por embaixo dos edredons quentes e macios.

- Você já dormiu de conchinha alguma vez? - pergunto à ele.

- Já, mas sendo a concha maior. Você quer dormir assim?

Assenti, virando-o de costas abruptamente e sentindo seu corpo enrijecer, assustado com meu ato impensado.

vulnerável.

- Desculpe - falo baixo, beijando sua bochecha - É apenas eu, Emily.

- Eu sei - suspira pesadamente e ajeito os lençóis ao nosso redor, passando minhas pernas envolta das suas e o abraçando por trás - Você é pequena demais para isso.

- Shh - reclamo - Apenas.. sinta.

Lucien concorda com um aceno, sua mão se entrelaça na minha e beijo suas costas, depois de alguns minutos em silêncio, apenas aproveitando o calor um do outro, sua voz grossa reverbera em meus ouvidos.

- Me sinto seguro agora - diz, para depois cair no sono imediatamente.

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Boa leitura! ❤

HERDEIROS #3 - TENTAÇÃO IRRESISTÍVEL Where stories live. Discover now