Minutos depois do mal-estar e revelação dos aengels, os principais membros do QG da guarda Reluzente se reuniram na antiga Sala do Cristal, que depois de ter o cristal quebrado pela segunda vez por Lance, era mais um imenso salão, com os pedaços restantes do grande cristal reunidos em um dos cantos, e palco do ritual efetuado por Erika, Leiftan e Valkyon, que precisava ser repetido pelo menos uma vez por semana para que Eldarya pudesse se permanecer em pé agora. Lance também seria de grande ajuda neste ritual se ele não se recusasse a pagar por seus crimes de uma maneira diferente que a de estar acorrentado dos pés à cabeça dentro de uma cela seladora de magia. Ele ainda carregava um profundo ódio pelos faerys.
– Foi parecido. – explicava Leiftan – Quando Erika chegou ao QG pela primeira vez, eu senti uma dor no peito, e a dor só acabou depois que vi a silhueta dela em minha mente. Eu só não entendi porque senti ânsia dessa vez! Além de você também ter se sentido mal Erika.
– Eu também não entendi isso. – continuou Erika – Eu nunca havia passado por algo assim antes. E olha que eu já passei por muita coisa depois de chegar a Eldarya!
– Há algum problema Valkyon? Você me parece inquieto. – perguntou Nevra observando o amigo fazendo com que todos o olhassem também.
– Talvez. – respondeu com seu semblante de sempre e braços cruzados – Desde que estes dois voltaram ao normal, não paro de sentir uma presença estranha que ainda não consegui identificar.
– Presença estranha? – falou Ezarel com seu costumeiro sarcasmo – Não vai me dizer que o que vocês sentiram foi a chegada de mais uma faeliana.
– Isso não é piada Ezarel. – repreendeu Miiko.
– De qualquer forma, – cortou Keroshane – o que Ezarel disse pode ter lógica. Talvez o mal-estar de Erika e Leiftan seja algum tipo de resposta para a chegada de outro aengel, e como Fáfnir nos explicou, a presença que Valkyon está sentido pode ser um outro dragão ou descendente de um, isso se Lance também sentir essa presença o que nos confirmaria realmente tratar-se de outro dragão.
Todos ficaram em profundo silêncio, até que Nevra resolveu quebrá-lo.
– Deixa ver se eu entendi Kero, está nos dizendo que provavelmente dois novos faelianos acabaram de chegar da Terra em Eldarya?
– Kero tem razão. – a voz era da Miiko – Essa é uma possibilidade que não pode ser descartada. O problema é: onde estes faelianos estariam agora? E também: eles são amigos ou inimigos?
– Primeiro temos que confirmar com meu irmão se ele realmente sente essa presença também ou não.
– Miiko, está tarde e é noite. Seja lá quem tiver chegado, por conta da hora, creio que a primeira coisa que fará vai ser encontrar um abrigo seguro até que o sol surja! Por que não continuamos com isso amanhã? – sugeriu Erika.
– Erika tem razão. – concordou Nevra – Amanhã cedo reunirei grupos para vasculhar os arredores do QG e a floresta. Pois se Valkyon consegue sentir a presença de pelo menos um, significa que não estão muito longe de nós.
– Está decidido então. – ordenou Miiko – Agora vamos todos descansar, mas amanhã cedo Nevra ficará responsável por vasculhar os arredores de Eel e Valkyon vai conferir com Lance se ele também consegue sentir a tal presença. Por precaução... Ezarel, quero que você verifique nossos estoques de poção de cura e de defesa, além de preparar mais algumas por prevenção.
– Sim senhora. – afirmou Ezarel com um toque de gracinha. E todos deixaram a sala para os seus quartos e assim descansar para o dia seguinte.
***
Eu realmente estava com uma sorte maravilhosa. Já que quando abro meus olhos descubro uma espécie de lobo branco imenso, com um tipo de névoa lilás azulado ao redor do pescoço e de um dos olhos, rosnando de leve pra mim. Eu gelei. Senti minha respiração travar por um instante e o costumeiro nervoso que jogava minha pressão no chão querer tomar conta de mim.
Respirei fundo. Pois aquela não era uma boa hora para querer desmaiar. Fiquei imóvel apenas o observando e acabei por reparar que uma das patas traseiras parecia ferida. Me movendo o mais devagar possível, retirei um sanduíche da mochila que acho ter chamado à atenção do lobo (devo ter acertado na suposição que ele estaria com fome), já que ele parou de rosnar pra ficar me observando e farejando o ar em minha direção. Estendi um pedaço do meu lanche para ele e ele se aproximou só um pouquinho, devagar e mancando. Joguei o pedaço para um pouco longe de mim e ele se aproximou do pedaço.
Ele o farejou por uns instantes e depois de me observar por um momento, o comeu. Tirei outro pedaço do meu lanche e lhe estendi como antes, o vi abanar a cauda e pegar o pedaço de minha mão e comê-lo. Mantive minha mão estendida até ele se aproximar e lambê-la pra logo em seguida esfregar-se nela e acabar com eu lhe acariciando a cabeça (ou ele é muito mansinho ou muito carente. Sorte a minha). Dei-lhe mais um pedaço e outra vez reparei em sua pata ferida e, não esquecendo que seja lá qual for aquela criatura mítica (sim, mítica, ou vai me dizer que você já viu algum animal com névoa saindo de seu corpo?) ela ainda era selvagem e poderia muito bem me atacar se eu mexe-se em seu ferimento sem cuidado. Cacei meu kit de primeiros socorros, junto da minha garrafa d'água e minha toalhinha na mochila e fiz um curativo em meu pé fingindo dor. O lobo só me observava. Quando terminei o curativo (que não precisava) passei a olhar fixo para a pata ferida dele. Me chame de maluca (o que não é lá uma mentira) mas tenho certeza que ele me entendeu, ou do contrário ele não teria me erguido a pata ferida para eu tratá-la, e sem reclamar até o fim!
– Agora seria bom se você descansasse essa pata um pouco. – acabei dizendo a ele.
Realmente acho que ele me entendeu, ele bocejou e deitou-se ao meu lado tirando um cochilo. Eu lhe acariciei as costas um pouco e acabei cochilando também.
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Eldarya - Uma Aventura Inesperada
FantasyTodo fã de fantasia já teve ter sonhado ao menos uma vez viajar para um mundo mágico. Viver aventuras, descobrir poderes e realizar atos que fariam grande diferença naquele mundo... Mas, e quando isso acontece? Que tipos de sorrisos e lágrimas seria...
