Ⓔ01 Ⓒ01 ✖ BREE & ALFY

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Bree estava cansada dos olhares invejosos de suas "irmãs" e dos assédios por parte dos seus "irmãos", das diversas casas por onde passou. Sua mente sonhava alto, mas seus pais de acolhimento a obrigavam a manter os pés sempre assentes à terra. E quando Alf Schuller apareceu em sua vida, como um tipo de gênio mágico concededor de desejos, a jovem e inocente Brigitte sentiu que sua vida iria começar a mudar para melhor. Quão enganada estava ela, pois era exatamente o oposto que iria acontecer... 

Seus grandes olhos azuis brilharam ao admirar em seu corpo mais um dos presentes que Alfy lhe dera. Um vestido creme de um tecido brocado e rendado, com pequenos brilhantes espalhados.
Os olhos penetrantes de Leona – sua irmã de acolhimento – a fitavam pelo espelho. Um arrepio nada auspicioso passou por sua espinha, desde a nuca até a ponta dos pés. O olhar da garota que tinha de considerar como irmã a prendeu por segundos infinitos e o sentimento que Bree tinha era de que Leonore possuía o poder de entrar em sua alma e fazê-la se sentir insegura, amedrontada e impotente.

Foi preciso que a mãe de acolhimento de ambas despertasse a sua atenção, para que Bree não caísse no mar vicioso e negro que Leona a arrastava, ao olhá-la tão intensamente.— Querida, Alfy chegou.Outra coisa que Alfy trouxera e que Bree recebia como uma alegria que há muito ela queria alcançar foi a mudança abrupta do comportamento de sua família de acolhimento sobre si. Bree achava que eram a simpatia e o charme de Alfy, mas o que ela desconhecia era dos cheques gordos que ele oferecia em segredo aos pais dela. Ela também pensava que eles – seus pais – apoiavam o sonho dela de ser famosa, mas apenas queriam os benefícios que isso lhes traria.Bree sorriu, puxando as mangas rendadas do vestido – não muito justo nem muito curto – e terminou de se arrumar calçando os sapatos nude e arrumando o cabelo num penteado elaborado e então saiu de casa ao encontro de Alfy.Este a esperava num Audi A3 Cabrio de 2012, branco e com estofos vermelhos, exibindo um sorriso de orelha a orelha ao vê-la. Apressadamente saiu do carro para dar a volta ao mesmo e abrir a porta do lado do passageiro para a jovem adolescente. 

Uma das tantas coisas que Bree parecia esquecer – e talvez de propósito – era a idade de Alfy.
Não que idade fosse um completo problema, mas era de se deixar alerta quando uma das partes tem apenas dezesseis anos e a outra parte tem o dobro.
Para Bree nada disso importava. Ela estava iludida no seu mundinho perfeito, onde tudo finalmente estava se ajustando e seus sonhos estavam se concretizando.

Alfy dirigiu o automóvel pelas ruas de Amsterdã, indo ao centro da cidade e parando o carro em frente a um dos mais conceituados restaurantes da região: o Bord'eau.
Um funcionário do restaurante abriu a porta para Bree e rapidamente deu a volta ao veículo e tomou o lugar de Alfy, levando o carro para o estacionamento privado.
Bree olhou estupefata para o belíssimo restaurante e sentiu que nada mais poderia melhorar naquela noite.  

Após se acomodarem em seus lugares e iniciarem uma conversa harmoniosa, as entradas foram prontamente servidas.
A comida era deliciosa, algo que Bree nunca havia provado na vida e que em nada se comparava ao que estava habituada a comer. E a sobremesa, parecia uma caixinha de surpresas envolvida num manto de chocolate por cima de uma bolacha crocante e com brinde de uma bola de sorvete de um nome que nunca ouvira falar.
Tudo parecia correr conforme planejado, um jantar comum entre dois amigos que, apesar de se conhecerem há meras semanas já tinham intimidade suficiente para segurarem a mão um do outro.  


  — Minha adorada Bree, meu anjo, você não sabe o bem que sua companhia me faz. — Sua voz musical soava nos ouvidos de Bree como um vício de que ela não se conseguia livrar.

— Posso dizer o mesmo, Alf. — Ela sorriu, simpática, acariciando a mão de Alfy e sentindo seu coração bater mais forte.

— Ah, como eu adoro quando você diz meu nome. Sua voz tão doce, seus lábios tão...

— Alfy. — Os olhos de Bree se arregalaram em timidez. Alfy não cansava de a elogiar desde a primeira vez que se viram e nem mesmo assim ela deixava de se sentir constrangida todas as vezes que ele dizia algo positivo a seu respeito.

— Eu sei o quão errado isso pode parecer, Brigitte, mas você me enfeitiçou.

Amsterdam [PT-BR] ▬ Versão WattpadOnde as histórias ganham vida. Descobre agora