Capítulo 56 - Perdão

1.8K 200 97
                                    

Jake

Ainda não abri os olhos, mas estava consciente. Minha cabeça ainda doía, e o restante do meu corpo também. Eu ouvia um barulho irritante bem lá no fundo, parecia de uma fogueira. Tentei me lembrar de tudo que aconteceu, mas as últimas coisas que passam pela minha cabeça são as lembranças da minha queda.

Abri os meus olhos, estava tudo escuro, eu estava perto de uma fogueira, mesmo assim sentia muito frio. Olhei pra mim mesmo e percebi que estava sem as minhas roupas, somente enrolado em um lençol. Tentei me levantar e o arrependimento bateu na mesma hora, minha cabeça pareceu ficar pesada e gemi de dor. Antes de deitar mais uma vez, ouvi sons de passos sobre as folhas atrás de mim.

S/N: Jake? Está acordado?

Ouvir a voz da minha namorada me tranquilizou, mas eu ainda estava muito confuso. Acho que estou alucinando.

S/N: Jake? Consegue me ouvir?

Resmunguei em resposta.

S/n deu a volta e se ajoelhou na minha frente, segurou o meu rosto e começou a me examinar. Sua feição era de preocupação, e ao julgar pelo inchaço perto dos seus olhos, presumo que ela chorou, e muito.

Jake: É você mesmo?

Minha voz sai baixa, quase inaudível.

S/N: Sim, sou eu. Não vai me dizer que a queda e a contusão na sua cabeça causaram perda de memória, vai?

Jake: Não é isso...

S/N: Você ainda está sentindo dor? Posso fazer alguma coisa pra aliviar?

Jake: Estou com frio. Cadê minhas roupas?

E então, ela corre até o outro lado e pega uma coberta maior, a jogando por cima de mim depois. Também pega uma garrafa de água e coloca na minha boca.

S/N: Eu te encontrei caído no meio da mata, você bateu a cabeça numa pedra. Não sei quanto tempo ficou desmaiado, mas você tomou muita chuva, provavelmente está resfriado. Eu te carreguei até aqui, perdi a noção de há quanto tempo você está dormindo. E eu tirei a sua roupa, estava encharcada, você tomou horas de chuva, mas eu trouxe mais.

Jake: Você não sabe por quanto tempo fiquei desacordado?

S/N: Não faço ideia, mas foram muitas horas.

Jake: Como você me encontrou? Onde estamos?

S/N: Eu posso te explicar tudo depois, mas agora você precisa descansar. Dorme mais um pouco, eu vou aumentar a fogueira pra você ficar aquecido.

[...]

Caí no sono outra vez e agora acordei bem melhor. Na minha cabeça agora havia um curativo, meu corpo estava menos dolorido e outra coberta apareceu em cima de mim. Nos primeiros segundos ainda fiquei perdido, mas depois me lembrei que S/n, por algum milagre, estava aqui. Tentei me levantar de novo, mas senti um peso nas minhas pernas e percebi que ela estava dormindo, parecia tão cansada.

Coloquei minha mão no rosto dela somente para acariciar, mas ela se assustou e acordou em um pulo.

Jake: Ei amor, sou eu.

S/N: Jake!

Ela correu até mim e me deu um abraço apertado, senti um pouco de dor, mas ignorei. Ela me envolveu entre os braços dela e apoiei meu rosto no ombro dela.

S/N: Você melhorou?

Jake: Sim. Você tá bem?

S/N: Muito bem! Eu vou pegar alguma coisa pra você comer.

Ela ia sair novamente, mas a segurei.

Jake: Não precisa, eu estou bem. Me conta tudo que aconteceu.

S/N: Você não está bem, ficou mais de 24 horas sem comer e beber nada.

Ela levanta e pega uma bolsa que estava no chão, depois me entrega uma garrafa de água e comida. S/n se sentou ao meu lado enquanto eu comia e começou a contar tudo que aconteceu desde que Nathan surgiu no sítio. Ela me contou sobre os policiais, que bateu na Hannah e foi presa, o retorno deles para Duskwood e a sua viagem sozinha pra cá. Me contou que caminhou por mais de um dia na floresta e encontrou minhas pegadas, depois elas sumiram com a chuva e ela teve que continuar procurando sozinha, até que me viu caído e machucado. S/n me carregou sozinha até essa parte da floresta e montou essa fogueira, fez uma cama improvisada com folhas e cuidou de todos os meus ferimentos até eu acordar.

Jake: Eu não sei nem o que dizer. Muito obrigado mesmo por ter feito todo esse esforço por mim.

S/N: Você faria o mesmo por mim.

É claro que eu faria. Sem pensar duas vezes.

Jake: Eu estava pensando que ficaria sozinho, que todos vocês teriam sido presos como meus cúmplices.

S/N: Bom, eu fui presa por agressão, mas Dan e Phil me tiraram de lá assim que chegaram. Mais ninguém foi preso.

Jake: Nathan sabe de alguma coisa?

S/N: Eu não sei.

Jake: Tenho que te pedir desculpas.

S/N: Por quê?

Jake: Você me avisou sobre a Hannah, me avisou sobre a instabilidade dela e que não podíamos confiar, mas não te escutei, acabamos brigando por causa disso e só agora percebi o quanto eu fui idiota. Então me perdoa, prometo que vou te escutar de agora em diante e nunca duvidarei de você. Toda essa coisa de família é nova pra mim, pensei que fosse minha obrigação acreditar nela e eu estava errado.

S/N: Eu fiquei magoada.

Jake: Eu sei que ficou, eu não fiz bem pra você quando disse aquelas coisas e quando escutei a Hannah, só percebo o quanto fui idiota agora.

S/N: Nunca mais me coloque atrás de outra pessoa de novo e nem duvide de mim.

Jake: Eu prometo que não vou.

S/N: Certo, então eu te desculpo.

Sorri e voltamos a nos abraçar. Mais tarde, já estava anoitecendo de novo, ela aumentou a fogueira e fizemos o máximo para nos esquentar. Entramos em um acordo de seguir a trilha quando amanhecesse, isso se as minhas dores passassem e minha cabeça melhorar pelo menos um pouco. Ainda não decidimos para onde vamos, não sabemos se voltar para Duskwood e continuar no aurora é uma boa ideia, mas também ficar muito tempo afastados causaria desconfiança do Alan. Se fossemos continuar em Conville teríamos que achar um hotel e decidir o que faríamos depois disso. Todas as opções são arriscadas, Alan está na nossa cola mais do que nunca, mas eu e S/n não vamos nos afastar.

[...]

Depois de Você (DUSKWOOD)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora