Capítulo 2: A Condessa e o Cavaleiro

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— Calebe, você precisa se concentrar mais nesta região das costas. Percebe como você precisa mantê-la firme quando bloqueia os ataques? — Perguntou um homem robusto, enquanto indicava a posição correta ao seu discípulo, um garoto de quase 10 anos de idade.

— Sim senhor Estéffano, eu entendo. — Respondeu empunhando a espada da forma correta.

— Então vamos, me ataque novamente.

— Certo!

O menino, que tinha cabelo de fogo e olhos verdes, correu na direção de seu professor sem hesitar, e com sua espada de treino de madeira, desferiu um golpe na direção de seu ombro, mas não conseguiu atingi-lo, pois com agilidade Estéffano bloqueou o ataque. Novamente o rapaz tentou acertá-lo, dessa vez na barriga, e mais uma vez foi bloqueado sem êxito.

Porém, o menino não se deu por vencido, e continuou atacando seu professor sem parar um segundo sequer. Os serviçais que por ali passavam, e os outros cavaleiros adultos que também estavam em treinamento, pararam admirados, observando a agilidade do menino. Mas também ficavam de boca aberta com seu professor que, com belíssima esgrima, bloqueia todos os ataques.

O cavaleiro invicto, esse era o apelido dado à Estéffano de Ládris, o homem que ninguém naquele feudo, tinha visto perder uma batalha. Diziam que até mesmo na guerra dos dragões dos últimos dez anos, ele conseguiu derrotar inúmeras feras sem nunca recuar. O feudo inteiro se orgulhava dele, e sentiam-se mais seguros de terem ele como o comandante geral da guarda do castelo.

Além de tudo, o homem era gentil com todos, até tinha se voluntariado para ser professor do filho da Condessa, aquele menino com cabelo de fogo que ensinava naquele momento. O que não fazia sentido, era que um homem daquele jeito nunca havia apresentado interesse em mulheres.

Era feio? Não, muito pelo contrário, não lhe faltava nada na aparência, tudo ali se complementava, e por isso sempre estava rodeado de pretendentes, jovens que o perseguiram com o ardente sentimento de serem reconhecidas e chamadas por ele. Porém, aquele homem parecia estar fechado para o amor, seu coração era como uma rocha sólida, ou seja, duro e frio.

— Ai! — Exclamou o rapaz caindo de bunda no chão.

Estéffano soltou uma leve risada e o ajudou a se levantar.

— Calebe, você ainda precisa corrigir sua postura no bloqueio... foi só eu atacar uma vez que você já caiu.

— Sim, eu entendo... — Respondeu o menino desanimado.

— Ora, não fique assim! Eu tinha o mesmo nível quando estava na sua idade.

— Você tinha Senhor?

— Sim.

— Então eu posso ser como você? Eu posso me tornar como você?

— Claro que não. — Disse Estéffano sério enquanto guardava as espadas de treino. E depois estendeu uma linda espada de lâmina avermelhada ao menino, deixando-o experimentá-la. — Eu não quero que você se torne igual a mim, quero que seja melhor.

O menino levantou os olhos ao homem surpreso com tais palavras.

— E isso é possível?

— Se for você, sim. — Respondeu se ajoelhando à frente do rapaz e apertando de leve a pequena mão no cabo da espada vermelha.

Eram em momentos como aquele que Calebe se sentia confuso sobre si mesmo. Aquele homem, que era seu professor, e antes, cavaleiro exclusivo de sua mãe, o olhava com tanta ternura nos olhos, que ele sentia-se amado e especial. E por isso, mesmo que não pudesse abraçá-lo como queria, sentia uma imensa vontade de passar mais tempo com ele.

A princesa e o Dragão: O retorno - Segundo LivroOnde histórias criam vida. Descubra agora