(3) τρία - A Torre Negra

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Desespero.

Foi o que Dimítris sentiu após o detalhado relato de Lepidus. Naquele momento, tudo que conseguia visualizar era seu pai preso em um grande castelo, indefeso, clamando por sua presença. Mas há quanto tempo estaria ele ali? Qual motivo para ele ter sido feito prisioneiro? Por que não havia sido julgado? Esses mistérios lhe preencheram a cabeça de tal maneira que se distraiu e não percebeu quando Lepidus chamou-lhe a atenção:

— Está me ouvindo, Dimítris?

— Opa, me perdoe, Lepidus, mas foi tanta informação que estou confuso por tudo que aconteceu. Tem certeza de que meu pai está lá?

— Foi o que Cronos me falou.

— Bom, por que será que ele nunca me disse?

— Pela maneira que ele me contou parecia que havia descoberto há pouco tempo.

— Está bem. Agora a outra parte: você disse ter visto meu mestre Ramirez entrar pela porta do castelo. Tem certeza disso também?

— Absoluta. Sobre isso eu não estou enganado. Ele é um anjo semideus do elemento água. Eu jamais deixaria de reconhecê-lo.

— Como assim semideus? Achei que ele fosse protetor!

Lepidus riu e desviou o olhar. Parecia incomodado em tocar nesse assunto.

— É o que ele diz para todo mundo. Na verdade, pouquíssimas pessoas sabem desse fato. Achei que, por se tratar de seu pupilo, ele contaria a verdade, mas não foi o que imaginei. Peço que jamais toque nesse assunto com ninguém. Não sei se percebeu, mas Ramirez é uma pessoa que não gosta de falar muito de sua intimidade, por isso ele preferiu manter esse disfarce de anjo protetor.

Dimítris tinha que concordar, afinal, havia descoberto um pouco antes da final do Torneio dos Céus que ele mantinha um contato secreto, porém constante, com seu próprio filho Pablo, que ficava localizado na prisão dos desrespeitosos.

— Cronos realmente pediu para me levar com você?

— Sim, ele até enfatizou isso.

— Bem, parece que ele me conhece um pouco, afinal. Mas queria antes avisar o Obelisco e a Anne. Eles são poderosos e seria bacana tê-los com a gente.

Lepidus levantou-se e parecia enfurecido.

— Você quer que seu pai seja destruído? Não entende que essa é uma informação extremamente sigilosa e que se demorarmos seu pai pode não estar mais lá? Essa é uma missão de resgate, não vamos lá para lutar. Quanto mais rápido formos e menos pessoas souberem, melhor será.

Dimítris concordou com a cabeça, sabia que Lepidus estava certo, mas algo em seu coração tentava impedi-lo. Seu pai já havia falecido há alguns anos, se não tinha registro de julgamento, o que estava fazendo nas Oito Prisões e por que não tinha sido destruído e mantido prisioneiro? Por quanto tempo será que ele estava nessa situação? Foi quando Dimítris fez a conexão. Sua vitória no Torneio dos Céus e a destruição de Overlord. Isso provavelmente tratava-se de alguma vingança, já que Overlord queria levá-lo para o lado dos prisioneiros, seu pai deve ter sido mantido em segurança na esperança de corrompê-lo. A ideia, pela primeira vez, parecia sensata, e isso significava que ele podia mesmo estar preso e precisando do seu auxílio.

— Muito bem, Lepidus, faremos do seu jeito. Vamos? — Dimítris agora passou a se preocupar com a imprensa, afinal, se ousasse a abrir as portas do seu quarto seria bombardeado por diversos repórteres curiosos pelo seu estado de saúde e seus próximos passos. Do lado de fora do hospital, várias pessoas faziam vigília na esperança de vê-lo de perto mesmo já sendo noite. Como ele sairia dali despercebido?

O Vale dos Anjos - Livro 3 - Os Orbes da VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora