ERICK

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Pov Jungkook

NO PASSADO

— Ainda não aprendeu? — diz furiosa, não pensa duas vezes antes de pegar um pedaço de tábua de madeira e bater em meus joelhos.
Eu tinha apenas 13 anos e já estava acostumado com essas reações explosivas e o que elas acarretavam. O que me sobrava, além de ir para o chão e me encolher, era tentar proteger qualquer parte do corpo que ela tentasse ferir.

— Jungkook, não deixe que essa fraqueza te domine! — As pancadas agora mudam de lugar. Sou acertado no abdômen diversas vezes a ponto de sentir meus ossos se deslocarem de lugar. — Como espera ser levado a sério se age dessa forma?

Era uma combinação muito sincronizada entre as palavras e as pauladas.

— É por isso que escolheram a seu irmão como sucessor do seu pai e não você. Patético, não tem fibra nem perfil para ser um futuro rei!
Me perguntei por muito tempo porque meus pais tinham escolhido isso pra mim.

— Tire as suas roupas — ela manda.

— Não. — Abraço meus joelhos.

— Eu disse para tirar as suas roupas! — Bate com a parte fina da tábua em cima do meu joelho, o que causa um leve choque no corpo e me deixa imobilizado.

Um dia, acostumado com as agressões, as perguntas cessaram e me acostumei com o que o destino reservou a minha pessoa.
Nada, comparado a meu irmão gêmeo. E muito menos que qualquer outra pessoa.

TEMPO ATUAL

Acordo do sonho.

A primeira coisa que sinto é o corpo molhado de suor, depois percebo que não dormi em meu quarto. Levo um tempo até entender que ainda estou em casa e na cama do Taehyung.

Ao dar-me conta disso, abaixo os ombros e deito a cabeça bem devagar no travesseiro.
O suspiro de alívio dura menos que um segundo, porque um som agudo toma conta do meu ouvido, sinto uma dor latejar em meu cérebro.

Me levanto sem fazer grandes movimentos e vou direto ao meu quarto, me tranco no banheiro e deixo a água gelada cair sobre o meu corpo até que eu sinta algum sinal de vida em mim.

Às vezes demora minutos.

Já aconteceu de levar horas e precisar receber atendimento médico por causa de hipotermia, mas é uma das poucas coisas que me arranca das vozes que continuam em minha cabeça, sem parar.

Um som terrível e quanto mais perto eu chego de sua origem, mais disfuncional eu fico.
Quando enfim consigo recobrar o controle de mim mesmo, me seco, coloco o moletom da faculdade e saio para correr. Ainda é madrugada, sem chance de encontrar Yoongi acordado para poder conversar, mas preciso me ocupar com alguma coisa antes que seja tarde demais.

Cambridge, em especial o campus de Harvard, fica bem bonito a essa hora da noite. O céu está mais escuro do que nunca, as nuvens densas cobrem o céu e uma neblina parece vir de lá.

As luzes dos postes que iluminam o trajeto, amareladas, dão um tom melancólico para as construções com paredes de tijolos expostas e às árvores com suas folhas alaranjadas de outono.

O vento sopra igual uma navalha contra a pele, guardo as mãos no bolsão da blusa para me resguardar do frio e sinto meu nariz congelar.

Eu perdi o controle. Outra vez. Isso não pode acontecer...

— Jungkook? — Ouço meu nome e viro de supetão para ver quem é.

Encontro uma figura com capa e capuz, é alto, assim como eu. Ele segura uma espécie de crânio, de onde sai uma luz, definitivamente é uma lanterna esquisita.

O Príncipe Rebelde (Taekook) Onde histórias criam vida. Descubra agora