𝟼𝟹 • 𝙰𝚛𝚊𝚋𝚎𝚕𝚕𝚊

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Eu passei o primeiro dia após voltar da morte deitada com Maylla em nossa cama.

Eu não conseguia sequer me mover ou pensar em algo além das coisas que ela perderia.

Eu estava triste, com raiva.

Toda a minha família permanecia em nossa casa, vez ou outra entrando no quarto para certificarem que eu ainda estava viva, já que o silêncio ensurdecedor tomava conta daquele quarto tão vazio.

— Você precisa falar isso pra ela... - ouvi um sussurro. Parecia a voz de Lisa.

— Ela não aguentará mais um soco no estômago, Lisa. Eu não posso. - respondeu Alice.

E então desliguei minha mente outra vez. Seja lá o que fosse, eu não aguentaria.

Ouvi alguém bater na porta, mas não tive forças para responder. A pessoa em questão não se importou com este fato e apenas entrou, sem um convite.

Ele se moveu até a janela perto da cama e olhou para fora, com sua postura impecável e seu rosto indecifrável.

— Impressionante como o céu sempre sabe das coisas. - comentou, ainda sem fazer contato visual comigo.

— Maylla diria o mesmo. - minha voz era baixa e trêmula.

Logo senti uma pontada de paz. Jasper era minha salvação para essa dor infernal.

A chuva se alastrava ao decorrer das horas. O céu estava chorando por mim e com isso, era chuva sem fim.

— Eu admiro sua força, Rosalie.

— Não me sinto forte agora.

— Deveria. - ele disse firmemente e logo se virou para mim, com os braços para trás, com sua pose de sempre, mas me olhava com carinho. - Este não é o fim da sua história, graças a ela.

— Não deveria ser o fim da dela também.

— Por amor, fazemos loucuras. Houve um dia em especial, que Maylla e eu conversamos por longas horas. - ele sorriu fracamente com a lembrança. - Toda vez que citávamos seu nome, um amor e carinho genuíno e de tamanha magnitude irradiava por ela. Um amor tão forte como qualquer outra coisa deste mundo.

— E ainda assim, estou sozinha.

— Eu a entendo. Eu faria o mesmo por Alice se fosse preciso. Talvez seja egoísmo de nossa parte, mas sempre colocaremos a felicidade de vocês em primeiro lugar.

— Eu só não entendo porque...

Jasper veio até mim, eu me sentei na cama e ele me abraçou.

— Arabella me lembra vocês duas. Tem os seus olhos e o nariz e boca de Maylla.

Arabella. Um pedaço infinito meu e de Maylla. A lembrança viva do que construímos. Arabella, minha personificação de amor.

— Eu sou terrível... E se eu não for uma boa mãe? E se eu não aguentar o tranco?

— Impossível. Não preciso ter o dom de Alice para saber que está errada.

— Você me dá muito crédito, Jasper.

— Não seja injusta consigo mesma.

— O que vou fazer sem ela, Jas? Me diz. - minha voz estava fraca, rouca. A dor era insuportável. - Não há uma maneira de reverter tudo isso? Qualquer coisa...

— Podemos fazer um combinado?

— O que?

Ele se soltou do abraço, mas manteve sua mão em meu ombro. O olhei com expectativa.

𝐃𝐚𝐧𝐠𝐞𝐫𝐨𝐮𝐬 𝐋𝐨𝐯𝐞 | 𝐑𝐨𝐬𝐚𝐥𝐢𝐞 𝐇𝐚𝐥𝐞Onde histórias criam vida. Descubra agora