Bem vinda...

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O ato de se apaixonar é um dos mistérios mais fascinantes e complexos da natureza humana. Em minhas reflexões sobre esse tema, percebo que o amor não pode ser descrito como uma simples emoção ou sentimento, mas sim como uma força intensa que invade o coração e a alma, levando-nos a experimentar uma série de sensações avassaladoras. Ao nos apaixonarmos, sentimos uma espécie de vertigem, uma euforia que nos arranca dos trilhos. O mundo ao nosso redor se transforma e nossos pensamentos e desejos são dominados por uma única pessoa, que passa a ocupar todos os nossos sonhos e pensamentos.

Experienciar o ato da paixão é como se, de repente, todas as cores se tornassem mais vivas e intensas, todas as músicas mais belas e todas as sensações mais agudas. A simples presença da pessoa amada é capaz de nos fazer sentir a mais profunda das felicidades, e sua ausência, a mais terrível das tristezas.

Mas... o amor também pode ser uma faca de dois gumes, capaz de causar imenso sofrimento. Aqueles que amam estão sujeitos a todas as dores e angústias que acompanham esse sentimento: a incerteza, o ciúme, a insegurança, a saudade...

O amor, muitas vezes, é uma trama complexa e cheia de reviravoltas, na qual o destino dos amantes pode ser decidido por um único momento de coragem ou de fraqueza.

As mãos de Soraya suavam como nunca antes, Simone percebia seu nervosismo pois seus dedos estavam entrelaçados aos da loira enquanto caminhavam para fora do elevador. O corredor parecia mais longo do que jamais fora, as paredes pareciam estreitar-se a cada vez que se aproximavam mais da porta de madeira escura, aquela matéria prima era o que as separava de encarar, enfim, pares de olhos que certamente seriam julgadores. Ou, quem sabe, por ironia do destino, aqueles olhos não fossem lhes condenar com tanta veemência. Simone pensava demasiadamente em mil e uma maneiras daquela tarde acabar: com casamento marcado com Soraya e uma família feliz que a apoia ou com a certeza de que estaria sozinha com sua mulher em um futuro incerto e solitário, ou até mesmo... seguindo caminhos opostos.

- Amor, eu estou com medo. - Disse a loira em um sussurro assim que pararam em frente a porta, encarando a madeira lustrada e o número 117 perfeitamente centralizado.

- Eu estou aqui com você. Vai dar tudo certo. E se não der... daremos um jeito. - Tebet tentou tranquilizá-la, mas certamente sentia-se ainda mais ansiosa e temerosa que a outra.

Simone respirou fundo, soltou a mão de Soraya e deixou que seus dedos se chocassem contra a porta fortemente. Podia jurar que sentiu uma gota de suor escorrer de sua nuca até o meio de suas costas. Não era mais uma adolescente, mas sentia-se exatamente como uma.

- Mãezinha!!! - A porta se abriu e, para o alívio momentâneo do casal, era Maria Fernanda, que lhes abriu um sorriso doce e acolhedor. - Oi, Soraya! Que bom te ver! Você esta muito bonita pra quem vai entrar em um covil. - a jovem riu e recebeu de sua mãe um tapa leve no braço, a ministra balançou a cabeça negativamente e se desvencilhou do abraço para que a jovem pudesse cumprimentar Soraya com um beijo no rosto e um afago nas costas.

- Só você pra me fazer rir em um momento desses, Mafê - A senadora sorriu levemente.

- Bom, antes da gente entrar, eu acho melhor eu já adiantar uma coisa pra minha mãe não infartar quando pisar na sala. - Olhou a mais velha que tinha um semblante confuso. - Então... a Madu chegou ontem e... a vovó também.

Simone se desequilibrou nos saltos e apoiou a mão no batente da porta. Soraya colocou a mão em sua cintura apertando o tecido do blazer preto que usava, vendo-a palidecer após a fala da menina. A mulher abria e fechava os lábios a fim de dizer algo que não se formava na ponta da língua e muito menos em sua mente. Pegou a mão de Soraya e segurou firme, Thronicke podia jurar que ela daria um impulso para saírem correndo dali, mas não o fez.

Todos Os Dias Depois De VocêWhere stories live. Discover now