(10) - δέκα - Voltando á vida

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As palavras de Cronos fizeram Dimítris arregalar os olhos assim como todos os demais. Até mesmo Nefertiti, que sempre aparentava uma postura indiferente e tranquila, não parecia acreditar no que estava acontecendo:

— Me perdoe, vossa realeza, mas o que disse está correto? Você está depositando todas as nossas esperanças NELE? Alguém sem preparo e experiência que não conseguiu sequer fazer frente a Chikumbu? — o comentário da egípcia deixou Dimítris desconcertado, mas no final das contas ela tinha razão. Ser responsável pelo destino do mundo não era algo que Dimítris queria nem sequer imaginava e isso ia além de tudo o que já havia pretendido para si. Cronos, porém, não parecia se afetar com as reações e comentários.

— Se pensar um pouco, verá que o que eu disse não foi absurdo algum. Quem vocês conhecem que manipula os oito elementos sagrados?

— Sim, mas... — Nefertiti ainda tentou a contra-argumentação, porém Cronos já parecia preparado para isso.

— Sei que Dimítris em seu estágio atual não seria páreo nem para você, Nefertiti, mas ele é o único que consegue unir os orbes e acredito que você deveria saber.

Nefertiti encarou Dimítris de tal maneira que ele sabia que se, não estivesse no castelo, ela o teria intimidado, mas tudo que ela fez foi calar-se e olhar para o chão. Como seria seu relacionamento com a egípcia? Por mais que o odiasse, ela teria de ajudá-lo, pois sem ela, ele não capturaria o orbe do fogo.

— Muito bem. Daqui a dois dias faremos pela noite o processo de coroação de Dimítris como semideus e também de todos os restantes. Aguardo todos no Olimpo para o baile de coroação. Estão dispensados.

Cronos virou as costas e partiu em direção ao palanque onde estava o abismo de luz, local em que provavelmente estudaria acontecimentos da humanidade para preparar seu plano. O Anjo Deus do tempo era um ser peculiar e Dimítris queria ficar ali e acompanhar o Deus em suas observações, mas ao olhar para trás deparou-se com Obelisco admirando a mesma paisagem. Todos haviam partido, mas o anjo guia de enterro parecia perdido, atordoado pela perda de Lepidus.

— Obelisco, você está bem?

— Vou ficar.

Os dois saíram da sala da luz, nome oficial dela, ainda bastante afetados com tudo que tinha acontecido, porém Dimítris não aguentava ver Obelisco tão calado daquela maneira. Ele tinha que tentar alguma coisa para melhorar o ânimo do amigo.

— Ei, Obelisco, tem alguma coisa que eu possa fazer para que se sinta melhor?

O anjo parou próximo à cabine de teletransporte e olhou para Dimítris. Pela primeira vez Dimítris o via daquele jeito. Isso só o fazia sentir-se pior.

— Destruir Chikumbu é um excelente começo.

— Eu sei disso, cara, mas, poxa, acha que agindo assim me faz sentir como? Fico ainda pior com essa situação, porque sei que foi tudo culpa minha. Como você pensa que eu me sinto te vendo assim?

O desabafo sincero fez com que Obelisco mudasse sua expressão facial.

— Eu sei, você tem razão. Sabe, eu já te disse isso, mas desde que vim pra cá poucos foram os amigos verdadeiros que fiz. Fiquei muito tempo solitário, pensando em tudo que havia feito com a Keiko e Lepidus foi uma dessas pessoas que me ajudaram a passar por tudo isso e agora, saber que quando ele mais precisou eu não estava lá para ajudá-lo é extremamente triste.

— Obelisco, não havia nada que pudesse fazer. Eu fiz o que pude, você seria destruído também e se isso acontecesse eu com certeza não suportaria a dor...

O Vale dos Anjos - Livro 3 - Os Orbes da VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora