Capítulo 68

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Cicatriz

Olivia

Um barulho. Apenas um barulho foi o suficiente para eu me assustasse e sem querer... puxasse o gatilho.

Tudo pareceu ficar em câmera lenta após isso. O olhar de puro choque no rosto de Edward enquanto ele ia caindo para trás me atingiu como se eu é quem tivesse levado o tiro ali, e não, ele. A arma pesou como chumbo em minha mão, e sem pensar duas vezes, eu a deixei cair e corri até ele, me jogando no chão ao seu lado.

— Não, não, não, não, não, Deus, não... foi um acidente, eu juro! Me desculpa, me desculpa...

Tentei fazer alguma coisa, estancar o sangramento com as mãos como se fazia nos filmes, mas Edward as segurou, me impedindo, como se já tivesse aceitado o que iria acontecer.

Tá tudo bem... — Sussurrou. E eu entrei em prantos, totalmente desesperada.

— Não, não está! Não está... você não pode morrer!

As lágrimas iam ficando cada vez mais fortes e eu olhava pra ele sem saber o que fazer, apenas sabia que não poderia deixá-lo morrer! O tiro tinha sido na lateral da cintura, mesmo que não tivesse atingido um órgão vital, ainda havia a possibilidade de hemorragia, infecção... Ele estava sangrando muito e eu poderia perdê-lo a qualquer momento! Soltei a sua mão para tentar novamente estancar o sangue, e foi aí que eu percebi que ele já tinha levado outro tiro no ombro, o que só piorava tudo.

— O que eu faço? — Perguntei aos prantos. — Harry, o que eu faço?

Ele não respondeu. Antes disso, ouvimos o grito de alguém chamando pelo meu nome ao longe. Por um momento, pensei que tinha sido algo da minha cabeça, mas ele havia ouvido também.

— Policiais... — Ele alertou com a voz fraca.

Uma avalanche de esperança me atingiu. Era isso. Ficaria tudo bem! Respirei fundo e enchi os pulmões de ar para gritar por ajuda, só que antes que conseguisse, alguém puxou o meu braço e me levantou do chão, me tirando de perto dele. Andrew. Foi só o tempo de eu ver e reconhecer o seu maligno rosto naquele escuro, que eu senti algo perfurar a minha barriga. Olhei para baixo, e vi em choque que ele tinha me esfaqueado com aquela sua faca de caça.

Achou mesmo que eu iria te deixar escapar, meu amor? — Ele sussurrou, me olhando fundo nos olhos. — Como eu te prometi, estou aqui para presenciar o seu último suspiro nessa terra, Olivia. — Ele soltou o cabo da faca, deixando-a dentro de mim, e segurou o meu rosto com as duas mãos, seus olhos vidrados nos meus como se quisesse saborear cada milissegundo.

Mas eu mal estava ali na sua frente. Minha mente estava no homem que eu amava caído no chão, e no fato que ele morreria a qualquer segundo por minha causa. A culpa e a dor eram tão grandes que chegavam a me consumir mais e mais a cada segundo. Elijah morreu. Edward iria morrer. E eu não ficaria para trás. O meu destino era cruel e não havia mais o que se fazer quanto a isso.

Contudo... ainda havia algo a se fazer sobre o ser desprezível a minha frente. E nem por cima da porra do meu cadáver, eu deixaria que Andrew saísse dessa floresta vivo. Ele precisava morrer. Ele precisava pagar! Seja aqui, ou no inferno. Por mim, pela Annabelle, Tiffany, Sophia, e todas as outras garotas que ele matou durante a sua vida miserável!

Ele não tinha o direito de continuar vivendo.

Distraído, esperando pelo exato segundo da minha morte, Andrew só foi notar que eu havia retirado a faca de dentro de mim, quando eu a usei para esfaquear ele de volta. Atordoado, seu olhar caiu para a faca, e depois subiu para mim.

ENIGMA (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora