★𝑪𝑨𝑷𝑰́𝑻𝑼𝑳𝑶 𝑺𝑬𝑰𝑺★

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꧁𝙳𝚎𝚟𝚒𝚕꧂

Já ouviu a história de uma Comandante que se tornou uma assassina mesmo sem querer? Ela matava cada um que cruzava seu caminho e causava destruição por onde passava. Eles a deram um nome: Vherena. A temida e respeitada. Comandante da morte. Mas seu nome era Beatrice Vallon.

Em cada batalha que ela lutava cobria o rosto com o próprio sangue, e quando voltava, estava coberta com o sangue dos seus inimigos.

Faelynn lhe ensinou que a melhor armadura que ela poderia usar era o sangue dos inimigos. Então assim ela fazia.

Beatrice costumava escutar que o futuro era assustador, mas o que a atormentava mesmo era o passado. Seu passado.

Era o passado em que ela era maltratada, agredida, abusada, sufocada. Esse era o passado de uma criança de sete anos. Esse era o passado da Bea.

Mas não de Beatrice Vallon. A temida Comandante Vallon do terceiro clã. O agredido vira o agressor algum dia.

Talvez ela se arrependa de muitas coisas, mas não se arrependia de em uma madrugada aos dezesseis anos voltar a casa dos tios, saquear tudo que conseguia e os matar a sangue frio.

Teve uma época que ela trabalhava para Faelynn que a conheciam como Vherena, que deveria ser temida e respeitada. Ela matava qualquer que tentasse questionar sua autoridade e cruzasse seu caminho. Poderíamos dizer que Beatrice não existia mais, apenas existia Vherena.

Vherena significava temida e a que causa morte na linguagem dos antigos. Ela não sabia falar a linguagem dos antigos com perfeição, mas falava o básico. Seu pai havia a ensinado.

Uma coisa que ela nunca conseguiu esquecer foi quando ela voltou da batalha em que Faelynn morreu, segurando o colar ensanguentado com sangue no rosto. Ela parecia furiosa e segurava uma espada que tinha a lâmina coberta de sangue.

- A antiga Comandante está morta - dizia ela chamando atenção de todos. - Agora eu sou a Comandante Vallon. Escolhida por Faelynn Skarys e treinada pela mesma!

Então todos olharam em choque para a garota coberta de sangue.

Naquele dia ela havia se revoltado e lutou como ninguém. Cada um que cruzava o caminho de Beatrice Vallon após a morte de Faleynn, poderia automaticamente se considerar morto.

Uns anos depois ela se acalmou, mas já era tarde demais. Ela havia se tornado uma assassina. E quando ela entrava em uma batalha conseguia ouvir: "corra! É a Comandante"

Aquilo lhe fazia bem e mal ao mesmo tempo. Pois a garotinha dentro dela, inocente e indefesa, estava morrendo aos poucos. Dentro dela só estava sobrando raiva, rancor e tristeza.

Ela carregava o sangue de mais de 1.200 pessoas nas mãos.

Ela e o demônio, andando lado a lado.

Durante sua vida ela foi obrigada a ver seus pais queimarem junto com sua própria casa, ela foi abusada fisicamente e psicologicamente durante toda a infância, viu sua melhor amiga e quase irmã mais velha morrer em seus braços, se tornou Comandante aos dezesseis anos, virou uma assassina sedenta por poder e agora simplesmente não tinha mais rumo. Ela havia perdido a cabeça há anos atrás e não consegue mais reparar os danos do passado.

Ela não tinha família, não tinham nenhuma amigo de confiança, ela havia perdido tudo. Ela não tinha por quem lutar, mas ela continuava nas batalhas. Continuava tentando provar seu valor, afinal ela não tinha mais mada para perder.

Assim que se tornou Comandante, escolheu uma das melhores garotas para treinar, para que quando ela morresse já tivesse alguém para substituí-la. E essa garota se chamava Zoe Damon.

Geralmente, quando os Comandantes definem quem irá substituí-los depois que morrerem, essa pessoa é marcada com mais um símbolo. Uma tatuagem nas costas representando os quatro clãs, ou seja, todos os Comandantes que já existiram tem essa tatuagem.

Zoe era aplicada e Beatrice a conheceu quando ela tinha treze anos. Desde então a garota é treinada para ser o reflexo de Beatrice.

Ela a olha como se fosse sua idola. A garota sabe o que faz, mas Beatrice temia uma única coisa: que Zoe se tornasse ela.

Ela não se arrependia de tudo que havia feito para conseguir o poder que tinha. Ela faria tudo de novo se precisasse. Mas ela não queria que Zoe fosse obrigada a fazer o que ela teve que fazer. A ser quem ela teve que ser.

Ela já estava perdida demais para se encontrar. Sufocada demais para poder gritar. Ela não tinha mais salvação, uma pecadora condenada há muito tempo. Mas ela podia impedir que outras pessoas virassem isso.

Depois que Beatrice foi embora da casa dos tios, ela ficou desolada, já que havia deixado sua irmã e não tinha ninguém. Absolutamente ninguém. Então ela conheceu Faelynn, e Faelynn morreu um ano depois. E então veio Zoe. Ela a considerava uma irmã mais nova. Queria proteger a garota, ela sentia que precisava protegê-la, já que não havia conseguido proteger sua própria irmã.

Ela sentia medo de confiar nas pessoas porque ela sentia que tudo que tocava virava doença com tristeza e morte. Era como se ela fosse o veneno da vida de qualquer pessoa.

Em toda a vida nunca teve nenhum relacionamento amoroso fixo. Já havia dormido com várias garotas, mas com nenhum garoto, e pretendia ficar sem tentar.

Isso era meio triste. Todas as pessoas com quem ela se relacionava estavam mortas. Então ela simplesmente desistiu dos sentimentos e do amor. Ela preferiu esconder tudo e aterrar até explodir.

- Comandante? - escutou Zoe a chamando e entrando no salão devagarinho a afastamdo de seus próprios devaneios. - Me chamou?

- Sim, Zoe. Quero que mostre a Princesa o acampamento - pediu andando em direção a garota. - Temos treino amanhã cedo, acho bom se preparar.

- Certo - assentiu e então se virou para ir até a porta.

- Zoe! - chamou e a garota se virou rapidamente. - Não deixe a garota sair do acampamento. Diga a ela que preciso falar com ela.

- Não acha muito arriscado manter a garota aqui? - questionou.

- Acho. Mas todos os Comandantes concordaram e isso vai nos ajudar - a garota hesitou, mas assentiu com a cabeça e logo saiu pela porta.

Sozinha novamente.

A Herdeira Perdida (Em Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora