(13) - δεκα­τρία - O Orbe do Tempo

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— Vamos, não precisa fazer nada demais, confie em mim. Apenas toque no orbe!

— Assim?

Olhos abertos. O mesmo sonho se repetia para Dimítris, mas ele já não acordava assustado, curioso ou revoltado. Os sonhos que há muito tempo começaram a persegui-lo agora vinham em espasmos, muito mais curtos e desconexos e isso fez com que ele finalmente deixasse as paranoias para trás. Ele olhou para o lado e Mariah não estava na cama. A esposa provavelmente já havia ido ao museu para mais um turno, um dos últimos de acordo com as expectativas deles. Após um período turbulento da economia grega, os trilhos estavam de volta aos eixos e eles finalmente tinham condições para mudar-se para as ilhas gregas, em especial a ilha de Naxos, que acabou se tornando uma paixão pelos dois graças a uma grande oportunidade de abertura de comércio na região. Os dois estavam muito animados, contando os dias para que Mariah saísse do museu e juntos começassem a construir o que esperavam durante anos. Dimítris já havia saído do emprego, fazia pouco tempo, aliás, para celebrar sua saída haveria um evento na casa de Richard que insistiu em fazer um jantar com a culinária canadense.

— Vou entupi-los de queijo! A Anne, como boa francesa, adora e faremos questão de cozinhar para vocês — Richard e Anne estavam juntos havia pouco tempo, após insistidas tentativas do canadense e eles se tornaram os melhores amigos de Dimítris e Mariah.

O dia passou rápido, com Dimítris pesquisando sobre fornecedores e estratégias de divulgação do seu negócio em Naxos até a chegada de Mariah.

— Dímis, tá aí?

— Sim, amor, vem cá, olha só o que consegui — a esposa deitou-se em seu colo fazendo a cadeira ranger.

— Tá gordinha, hein!

— Devo estar mesmo, nem me fala, esse trabalho está me matando não vejo a hora de sair.

— Ei, estou brincando — um beijo e um abraço apertado. Mantendo a esposa deitada em seu colo, ele passou por tudo que havia visto para o negócio, os pratos que poderiam servir à beira-mar, e a todo o momento, um acabava apertando o outro de alegria.

— Olha, Dímis, você falou tanto aí e estamos atrasados para o jantar do Rich. Deixa só eu me arrumar rapidinho, tá? Ah, e você não vai de calça jeans e camiseta, por favor!

— Claro que não, até porque conheço bem esse rapidinho seu — Mariah riu e, depois de se arrumar e ficar um bom tempo procurando por novidades, os dois finalmente partiram para o jantar.

Richard morava na região de Glyfáda, um bairro localizado ao sul de Athenas e um dos mais bonitos e sofisticados da capital. Bairro litorâneo era repleto do que havia de mais moderno e diferente de Monastiraki, o local possuía avenidas modernas e muitos prédios com menos de cinco andares, um deles, era onde Richard possuía seu apartamento, coincidentemente próximo ao prédio onde Anne vivia.

— Se não é o casal mais lindo da Grécia — Richard riu enquanto cumprimentava Dimítris com um abraço. Parecia à vontade com uma bermuda xadrez e regata com um desenho de Poseidon segurando uma vara de pescar.

— Richard, não sei o que seria de nós sem você. Olhe, trouxemos um doce caseiro e um vinho. Anne está na cozinha?

— Está, sabe como é, se fossem esperar que eu cozinhasse, garanto que não sairiam felizes daqui hoje.

— O jantar é canadense e quem cozinha sou eu, dá pra acreditar? — Anne apareceu vestindo um avental que Dimítris riu, afinal, nunca havia visto a francesa tão à vontade, já que eles se encontravam ou no museu ou em algum local mais formal.

— Ah, olha isso! Que afronta! Eu a salvo do marasmo da solidão e assim que sou retribuído? — Richard abraçou a francesa e Dimítris estava feliz pelo amigo ter finalmente encontrado a pessoa que tanto procurava. Desde que se tornaram amigos, Dimítris descobriu que ele era separado de uma japonesa de nome Keiko, mas que nunca haviam se reencontrado desde a separação, que envolvia uma suposta traição por parte dele.

O Vale dos Anjos - Livro 3 - Os Orbes da VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora