Capítulo 34

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(Elain)

Depois do encontro com sua sogra e Lyra, Elain tentou chegar até a biblioteca por conta própria. Por ser ainda cedo, o castelo estava silencioso e as sentinelas não pareceram ter se dado conta de que era Elain ali andando livremente pelos corredores do castelo da Outonal. Ou essa era a intenção de Beron, Elain não soube dizer. Mesmo com algumas singelas olhadas pelos guardas, nenhum a parou arrastando-a de volta para o quarto.

Com a explicação de Lyra ficou mais fácil de encontrar a porta que dava na biblioteca. A porta rangeu e Elain entrou fechando-a atrás de si. Assim que se virou, seus olhos se chocaram com a quantidade de livros naquele cômodo.

A biblioteca da Outonal não era moderna e arejada como na Casa do Rio, e nem tão escura quanto à de Clotho em Velaris, em compensação, era bastante rústica, piso e colunas de mármore, iluminada à luz dos candelabros.

Elain não estava tão a fim de ler, mas só de pensar na brisa fria que fazia do lado de fora, não quis sair para dar uma volta no jardim, tão pouco voltar para o seu quarto e permanecer trancafiada era uma opção.

Ela passou os dedos longos pela lombada grossa e delicada dos livros que pareciam conter trezentos anos de história, quase deixando um cair no chão quando sentiu um puxão familiar no peito. Elain olhou para os lados para ver se ninguém mais a espiava, e quando viu que estava sozinha concentrou-se em seus pensamentos.

"-Lucien?"

"- Eu amava essa biblioteca. Costumava passar horas aí dentro". – Elain escutou a voz de seu parceiro em sua cabeça e podia jurar que ele estava sorrindo.

"- E o que você gostava de ler?" – Elain perguntou curiosa.

"- Na maioria das vezes me perdia em livros sobre diplomacia e táticas de acordos. Mas também gosto de um pouco de literatura clássica. Nada como aqueles contos safados que você trouxe consigo para a viagem às terras humanas". – Ele debochou e as bochechas de Elain ficaram rosadas. Ela ficou aliviada por estar sozinha naquela sala.

Elain pensou nos romances apimentados que costumava pegar emprestado de Nestha. Parecia ser uma eternidade atrás.

"- Sinto muito sua falta. E não estou falando apenas de intimidade". – Ela lamentou. A Outonal era linda e a fazia pensar em Lucien, mas parecia muito errada sem ele ali.

"- Eu também meu amor. Estarei aí mais rápido do que você imagina".

"- O que você quer dizer? Onde você está?".

"- Siga pelo corredor à sua direita".

Elain não fazia a menor ideia do que Lucien estava falando, mas seguiu o pedido de seu parceiro. Chegou até a pensar que ele estaria ali a esperando, como se fosse tão fácil.

"- Está vendo o candelabro com uma vela faltando?" – Lucien a guiou e Elain viu o que ele estava dizendo. "– Preciso que volte à biblioteca esta noite assim que escurecer. Puxe o candelabro para frente, ele tem uma peça faltando. É uma passagem para fora do Castelo. Eu costumava usá-la para sair escondido. Terá que caminhar alguns metros até a saída pelo jardim externo. Eu e Azriel estaremos aguardando para te tirar daí".

Elain não conseguia acreditar. Iria ver Lucien esta noite. Ele havia chegado. Estaria com seu parceiro hoje mesmo. Seria difícil sair do seu quarto sem levantar suspeitas, Beron deixava sempre uma sentinela do lado de fora a vigiando. Botaria tudo a perder se alguém a seguisse.

Lucien pareceu escutar seu pensamento, pois disse pelo elo: "- Não se preocupe com a sentinela. Eris irá cuidar disso".

- Eris?! – Elain pensou no quanto o irmão mais velho de Lucien era traiçoeiro. Ele havia a ajudado nesses últimos dias no castelo, isso não tinha dúvidas, mas ainda assim não sabia se podia contar com ele para a fuga. – Não sei se podemos confiar nele...

Corte de Laços e Profecias (ACOTAR ELUCIEN)Where stories live. Discover now