As compras

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       _Como eu vou montar tudo isso a tempo? Como?!

RS andava de um lado para o outro puxando os cabelos de desespero.

         _Tu já tá começando a me assustar Miguel.
         _Quando nós estamos no escritório tu tem que me chamar de RS ou Rio Grande do Sul, POA.
         _Eu sei eu sei.
         _E arruma esse lenço, tá parecendo gaúcho de apartamento.
         _Mas eu moro em apartamento.
         _Não importa!

RS se senta na sua cadeira e encara o computador como se ele fosse ter a resposta de todos os seus problemas. Uma batida na porta atrapalha a contemplação do RS.

        _Oi filho, só queria sabe se está tudo certo pro churrasco de dia das mães-

E com essa frase RS entra em surto e sai do escritório marchando.

           _Ué, enlouqueceu?
           _Não sei tio, o Miguel não parava de ficar andando de um lado pro outro e ficar resmungando baixo, parecia um maluco.
           _RS, Porto Alegre, você tem que chamar ele de RS.
           _Aé, eu esqueci.
           _Você não tem relatórios pra fazer?
           _Tenho, mas o Mi- RS, o RS me pediu pra-
           _Caminha! Vai lá fazer os relatórios, do Miguel cuido eu.
           _Eiii, por que eu não posso chamar ele pelo nome e você pode?
           _Eu posso por quê sou o pai dele, agora eu fazer os relatório!
           _Que saco!!!!

POA se levanta e vai marchando para a sua mesa.

             _E ARRUMA ESSE LENÇO, NÃO TÁ DE CACHECOL!

Felipe vai até o esconderijo do filho, Miguel ou RS, costuma se esconder no escritório antigo do avô, que era usado como arquivo morto atualmente, para pensar um pouco e se acalmar.
    
             _Então certo estado vai nos visitar?
             _É, todos na realidade, até os países *suspira* eu não sei o que fazer.
            _Com o evento ou com o Paraná?
            _Qual a diferença? Os dois me dão dor de cabeça.
             _Eles se resolvem de jeitos diferentes, eu posso receber os países com a Gabriele e posso conseguir os lugares.
             _Obrigado pai.
             _Sem problema, eu tenho que ver como a minha noiva está.

Felipe passa o braço pelos ombros do RS, dando um abraço. 

              _E quanto ao Paraná?
              _Isso só tu pode decidir meu filho, olha o não tu já tem, pelo menos se ele te rejeitar tu pode superar mas se tu não contar vai ficar sempre pensando e se.
             _Mas e se ele-
             _Viu, comprovou a minha teoria.

RS suspira e fica em silêncio.

             _E se você se declarar-se indiretamente.
    

Miguel e Felipe olham assustados para trás e encontram Thiago, irmão gêmeo de Felipe, sentado na cadeira do escritório.

               _Desde quando você está aí?
               _Isso não importa meu querido irmãozinho, o que importa é que o meu sobrinho está sofrendo.

Ele se levanta da cadeira e se senta do outro lado de Miguel.

                _Olha, tu pode escrever uma carta se declarando pra ele e dar um presente pra ele, coisa simples.
                 _Mas-
                 _Não se preocupa, eu e o velho do seu pai vamos comprar as coisas, você escreve a carta.
                 _Mas-
                 _Não precisa me agradecer.
                 _Deixa ele falar Thiago.
                 _brigado pai, olha tio eu agradeço o que você está fazendo mas...eu não tenho coragem de entregar pra ele a carta e o presente.
                _Você não precisa entregar pra ele, deixa nas coisas dele, ele vai saber de quem é.
                _É tão perceptível a minha paixão por ele?
                _Filho uma vez você fez um monólogo de como ficou horrível o corte de cabelo novo dele, tu foi o único que reparou que ele cortou o cabelo e normalmente quando odiamos uma pessoa não notamos o que elas fazem ou deixam de fazer.
              _Tá, pode ser que eu realmente goste dele.
              _Pode não sobrinho, é, você gosta dele.
             
[...]

              _Eu ainda não sei como você conseguiu convencer o Miguel a fazer isso.
              _Eu não precisei nada, eu estou fazendo um favor para o meu sobrinho amado.
              _Pensei que o seu sobrinho amado fosse o João.
              _São gêmeos, praticamente a mesma pessoa.
              _Nós somos gêmeos.

Um resumo da situação atual do Ex-RS e do Ex-Porto Alegre, ambos estão em uma loja de doces em Gramado para ajudar o atual Rio Grande do Sul.

              _Que flores bregas, mano eles são jovens, gostam de coisas modernas.
              _...é pra minha noiva, ela gosta, e tu fala isso como se tivéssemos mais de 60, juntando a nossa idade dá 64, então não se faça de velho porquê tu não é.
              _Eu ainda acho que tu tá perdendo tempo.
               _Não começa.
               _É sério, eu não te vejo casando com a Gabriele, sinceramente mano, para de mentir pra si mesmo, você reclama do Miguel mas faz igual talvez até pior.
             _Eu não faço ideia do que você está falando Thiago, tu não ia comprar os doces? Só tô vendo um no carrinho.
             _Eu vou comprar um doce em cada loja que eu gosto, vou aproveitar e comprar algumas coisas pro meu estoque de doces.
              _Assim você vai acabar tendo diabetes antes dos quarenta se já não tem.

Os dois passam a tarde inteira comprando doces e depois vão até o escritório da Gramado para ver como estava a organização e se ela não precisava de alguma ajuda.

              _Amor você pode receber os países junto comigo?
              _Claro, eu só vou despachar o Thiago pro hotel e já me encontro com você.
             
Assim os gêmeos se separaram, Thiago foi até o hotel com os doces em mãos e Felipe foi junto a Gramado, Gabriele, receber os países e levar cada um ao seu hotel.

[...]

            _Tô moído, o França da em cima de qualquer um que respire, o Brasil a todo momento se esquece da vida pra ficar com o Argentina, o Croácia fica freiando o França, a Colômbia tentou me casar com o assistente da Gabriele e-

Felipe para com as reclamações assim que presta a atenção no que o irmão estava fazendo.

             _Tá escrevendo a carta do Miguel? Você sabe que é ele que tem que escrever.
             _Não não, ele tá no quarto dele surtando enquanto tenta escrever, a carta que eu tô fazendo é pro teu crush que você insiste que não tem.
             _Sério?
             _Uhum, quando eu terminar eu vou enviar pra ele, não se preocupa eu comprei um chocolate e uma pelúcia legal pra enviar pra ele.
             _No final da carta coloca com muito amor Felipe
            
Não acreditando que o irmão iria realmente escrever e mandar uma carta para alguém Felipe vai até o quarto do filho ver como o mesmo está, chegando lá ele encontra o filho com as costas na cama com a cabeça encostada no joelho.

           _Difícil?
           _Como eu posso escrever uma carta?
           _Eu diria que com as mãos mas eu acho que não responde a sua pergunta.

Felipe se senta ao lado do filho.

           _Olha...eu nunca escrevi uma carta pra ninguém, meu casamento com a sua mãe não foi um mar de rosas e o meu noivado com a Gabriele...você sabe, é mais comercial do que qualquer coisa, eu não amei muitas pessoas desse jeito...eu amei uma única pessoa e por amar tanto ela eu resolvi deixar ela livre, sabe essa pessoa ia se casar e formar uma família eu não queria atrapalhar...eu não me arrependo disso mas confesso que queria ter falado pra essa pessoa que eu gostava dela então filho não seja igual ao seu pai, abre o seu coração e diz tudo o que você sente, só não seja emocionado, isso assusta as pessoas.
        _Nossa pai, eu não imaginava-
        _Para, tu imaginava sim, eu sei como o seu tio é linguarudo.
         _Tá tá tá, ele pode ter dito algo sobre, mas ele nunca me contou quem era...então pai quem era?
          _Se concentra na sua carta tá?

Felipe se levanta rápido e caminha até a porta.

           _Ah! Eu roubei isso do seu avô, não conta pra ele.

O ex-RS joga uma caneta estilo tinteiro antiga para o filho, que consegui pegar no ar.

            _Pra deixar o teu garrancho bonito, vê se não dorme tarde, amanhã tu tem muito trabalho pra fazer.

Assim RS passou quase a noite inteira escrevendo a carta para PR.

          

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