Miguel 18

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                         José Miguel
                               18

Acordei no susto com alguém chutando meu pé e caindo, mas no sofá e só então lembrei que a Luna estava dormindo nele.
Abri o olho pra ver e ela estava com as duas mãos na boca, me olhando com os olhos arregalados.

- Puts, eu esqueci que tu tava aí! Foi mal.- Assenti e deitei minha cabeça novamente no travesseiro.
Olhei meu celular e o relógio marcava sete e quarenta da sexta.

Ela levantou com o cabelo preso e subiu a blusa pra passar no rosto.
Lembrei que só por causa de umas oito cervejas e um drink me bateu uma vontade de beijar ela, e não só da minha parte... Até porque ela não estava bêbada pra colocar a culpa no álcool, a patrícia realmente quis.

Me sentei e fiquei encostado no sofá enquanto observa ela beber água e logo em seguida lavar as mãos e o copo.
Ela me olhou e franziu as sobrancelhas, com a cara desconfiada.

- Bora comprar alguma coisa pra comer na padaria.- Falei me levantando e fui até a geladeira pra ver se eu devo comprar muitas coisas.
  Tá, além do pão , só leite e mais queijo.

Abri a gaveta de higiênico, tirei um pacote com três escovas de dentes e entreguei pra Luna.

- Bora lá no quarto, eu não deixo nada no outro banheiro.- Abri a porta e me segurei pra não rir das duas bêbadas, pareciam até duas mortas.

Deixei a Luna entrar primeiro no banheiro e não demorou muito pra que ela sair com o cabelo um pouco úmido e preso em um rabo de cavalo, o rosto parecia ter sido lavado também.

Lavei meu rosto e escovei meus dentes, vesti uma blusa moletom porque o tempo tá frio e com cara de chuva.
Entreguei um pra Luna também e saí do quarto pra que ela pudesse se trocar.

Antes de sair coloquei a cafeteira pra trabalhar porque o tempo que a gente vai e volta ela já tem feito o café.
Deixei também a caixinha de remédio a vista de todos.

O caminho até a padaria foi bem tranquilo, a Luna estava dormindo ainda porque tudo dela tava no automático.
E eu agradeci a Deus por não ter que enfrentar a padaria lotada.

- Nossa, é muita coisa! Olha isso.- Apontou o dedo para um sonho de chocolate.
Olhei pra ela com a maior cara de nojo que eu posso fazer e a mesma revirou os olhos.
Não pelo sonho e sim pelo horário.

  - Bom dia, dona Vilma. Me vê dez pães desse aqui e quinze reais de queijo fatiado.- Apontei pro tipo do pão e ela sorriu indo pegar o saco de papel para por os pães.- E esse bolo de laranja, inteiro.

- Como tá as coisas, querido?.- Me entregou o saco de pão e o a bandeja com o bolo. Tirei uma nota de cinquenta da carteira pra pagar, mas esperei a Luna decidir o que ia pegar.

- Tão andando, tia. E como é que tá esse joelho? Tá indo pra fisioterapia né?!.- Ela torceu a boca e negou rápido.- Dona Vilma...

- Oh Zé, eu não tive tempo! Tô cuidando da padaria e fazendo os bolos porque o Edu começou um curso.- Respirei fundo pra não dá um esporro no Edu, que é o neto de dezoito anos dela.

- Então a senhora arruma alguém pra ficar aqui na terça que a gente vai, beleza?.- Ela se calou assim que eu apontei meu dedo em sua direção. Aqui as pessoas sabem como funciona comigo.

- Tá certo. E a mocinha vai querer o que hoje?.- Dona Vilma se virou pra Luna que estava parada ao meu lado, ainda vidrada na parte de bolo e tudo que aumenta a glicose.

- Não sei, o que a senhora me indica?.- a Luna sorriu pra ela assim que a mesma cortou um pedaço de bolo de cenoura recheado com meio mundo de chocolate.
Os olhos da maluca ao meu lado até brilharam.

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