Mika fez o trabalho de História.
No dia seguinte esperou alguma iniciativa do garoto para chegar nela, mas não aconteceu. E como havia prometido aos pais que se esforçaria para não tirar notas vermelhas, Mika decidiu fazer sozinha. Reservou um tempo da sua tarde livre para pesquisar na biblioteca e escrever.
Notou o sorriso do garoto quando entregou os papéis à professora. Ele pensava que havia vencido. Mika apertou os lábios para não rir.
Como se ela fosse idiota...
— Esqueceu o nome da sua dupla? — a professora Danielle lhe perguntou, virando as páginas do trabalho. Felizmente seu tom não era alto o suficiente para João Pedro escutar também.
— Não. Ele não quis ajudar em nada. Até tentei falar que não podia ser assim, mas o garoto não me ouviu. Então fiz sozinha.
Danielle suspirou enquanto balançava a cabeça.
— Esses alunos de hoje em dia... Prefiro não me estressar por enquanto. E fico feliz que tenha sido responsável.
Mika sorriu para a professora e assentiu, voltando em seguida para sua mesa. João Pedro a encarava, parecendo bastante feliz. Assim que sentou ao seu lado, ele questionou, pela primeira vez lhe dirigindo alguma atenção:
— Garantiu nosso dez?
Precisou de muita força para não rir. Pobre coitado se achava que ela o levaria nas costas. Porém, limitou-se a responder:
— É claro.
— Ainda bem. Era o mínimo depois do que você fez.
Mika franziu a testa.
— Do que eu fiz?
— Sim. Esqueceu que sujou minha farda?
Ela revirou os olhos. Qualquer pingo de satisfação foi embora de seu corpo.
Aquele garoto tinha um dom de abrir a boca e só falar merda.
— O que você quer? Um pedido de desculpas? Um beijo nos pés?
— Hm... São ideias tentadoras. Mas me contento com um dez nesse trabalho.
Não diga nada, Mika. Deixei ele pensar que está tudo bem. Deixe ele se ferrar.
— É claro que vamos conseguir dez. Eu sei o que faço.
— Não parece...
Mika lhe lançou um olhar duro.
— Acho bom você calar a boca, antes que me arrependa e tire seu nome dali.
Haha, ótario. Nem está lá.
João aproximou o rosto dela, sem se intimidar pelo estresse que Mika deixava claro em suas bufadas e cruzar de braços. Então se aproximou mais do ouvido dela e sussurrou:
— Você não é nem doida.
Mika torceu para que ele não notasse sua estremecida. Para não ficar atrás das ameaças veladas, fez o mesmo que João e respondeu ainda mais perto:
— Não duvide.
Antes que João pudesse se aproximar ainda mais e quase encostassem os narizes um no outro, o sino da aula tocou. Mika se afastou dele e logo pegou sua mochila.
— Fica de olho depois nas notas e vê se menti — ela abriu um sorriso convencido e saiu da sala, sem olhar para trás.
Sua próxima e última aula daquela manhã era química. Raquel e Maely estavam na mesma turma que ela, assim como o "namoradinho" de João Pedro. Mika fingia não perceber as encaradas constantes que o tal Armando lhe dava no decorrer da aula ou no refeitório. Às vezes, quando a ousadia ficava mais forte, retribuía e sustentava o olhar até que algum deles desviasse. Quase sempre ganhava.
As meninas perceberam que algo acontecia ali, mas Mika negava. O que podia ser além de uma disputa de olhares?
Assim que entrou na sala de química, olhou ao redor. Nenhuma das meninas tinha chegado ainda. Então sentou-se na mesma mesa que ficara com Maely e esperou algumas das suas amigas entrar.
Enquanto tirava seu caderno na bolsa, distraíu-se da porta. Poucos segundos depois sentiu alguém sentar ao seu lado. Sabendo que ou Raquel ou Maely ficaria com ela, começou:
— Você anotou o final do primeiro assunto? O sinal bateu antes que eu terminasse e esqueci de...
Calou-se assim que viu quem estava ali, sorrindo de lado. Parecia até inocente.
— Copiei sim. Quer que te empreste?
Mika não respondeu, espantada demais para encontrar a voz. Armando alargou o sorriso ao perceber isso.
Ele definitivamente não devia sentar ao seu lado.
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O (amor) Assassino Está Entre Nós
Mystery / ThrillerMikaely e João Pedro tem seus caminhos cruzados com a chegada do renomado internato DulciVa na cidade que vivem, onde ambos cursarão o último ano do ensino médio. Após um esbarrão nada agradável, são obrigados a conviver com a existência irritante u...