07 - Uma garota muito má

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Mika fez o trabalho de História.

No dia seguinte esperou alguma iniciativa do garoto para chegar nela, mas não aconteceu. E como havia prometido aos pais que se esforçaria para não tirar notas vermelhas, Mika decidiu fazer sozinha. Reservou um tempo da sua tarde livre para pesquisar na biblioteca e escrever.

Notou o sorriso do garoto quando entregou os papéis à professora. Ele pensava que havia vencido. Mika apertou os lábios para não rir.

Como se ela fosse idiota...

— Esqueceu o nome da sua dupla? — a professora Danielle lhe perguntou, virando as páginas do trabalho. Felizmente seu tom não era alto o suficiente para João Pedro escutar também.

— Não. Ele não quis ajudar em nada. Até tentei falar que não podia ser assim, mas o garoto não me ouviu. Então fiz sozinha.

Danielle suspirou enquanto balançava a cabeça.

— Esses alunos de hoje em dia... Prefiro não me estressar por enquanto. E fico feliz que tenha sido responsável.

Mika sorriu para a professora e assentiu, voltando em seguida para sua mesa. João Pedro a encarava, parecendo bastante feliz. Assim que sentou ao seu lado, ele questionou, pela primeira vez lhe dirigindo alguma atenção:

— Garantiu nosso dez?

Precisou de muita força para não rir. Pobre coitado se achava que ela o levaria nas costas. Porém, limitou-se a responder:

— É claro.

— Ainda bem. Era o mínimo depois do que você fez.

Mika franziu a testa.

— Do que eu fiz?

— Sim. Esqueceu que sujou minha farda?

Ela revirou os olhos. Qualquer pingo de satisfação foi embora de seu corpo.

Aquele garoto tinha um dom de abrir a boca e só falar merda.

— O que você quer? Um pedido de desculpas? Um beijo nos pés?

— Hm... São ideias tentadoras. Mas me contento com um dez nesse trabalho.

Não diga nada, Mika. Deixei ele pensar que está tudo bem. Deixe ele se ferrar.

— É claro que vamos conseguir dez. Eu sei o que faço.

— Não parece...

Mika lhe lançou um olhar duro.

— Acho bom você calar a boca, antes que me arrependa e tire seu nome dali.

Haha, ótario. Nem está lá.

João aproximou o rosto dela, sem se intimidar pelo estresse que Mika deixava claro em suas bufadas e cruzar de braços. Então se aproximou mais do ouvido dela e sussurrou:

— Você não é nem doida.

Mika torceu para que ele não notasse sua estremecida. Para não ficar atrás das ameaças veladas, fez o mesmo que João e respondeu ainda mais perto:

— Não duvide.

Antes que João pudesse se aproximar ainda mais e quase encostassem os narizes um no outro, o sino da aula tocou. Mika se afastou dele e logo pegou sua mochila.

— Fica de olho depois nas notas e vê se menti — ela abriu um sorriso convencido e saiu da sala, sem olhar para trás.

Sua próxima e última aula daquela manhã era química. Raquel e Maely estavam na mesma turma que ela, assim como o "namoradinho" de João Pedro. Mika fingia não perceber as encaradas constantes que o tal Armando lhe dava no decorrer da aula ou no refeitório. Às vezes, quando a ousadia ficava mais forte, retribuía e sustentava o olhar até que algum deles desviasse. Quase sempre ganhava.

As meninas perceberam que algo acontecia ali, mas Mika negava. O que podia ser além de uma disputa de olhares?

Assim que entrou na sala de química, olhou ao redor. Nenhuma das meninas tinha chegado ainda. Então sentou-se na mesma mesa que ficara com Maely e esperou algumas das suas amigas entrar.

Enquanto tirava seu caderno na bolsa, distraíu-se da porta. Poucos segundos depois sentiu alguém sentar ao seu lado. Sabendo que ou Raquel ou Maely ficaria com ela, começou:

— Você anotou o final do primeiro assunto? O sinal bateu antes que eu terminasse e esqueci de...

Calou-se assim que viu quem estava ali, sorrindo de lado. Parecia até inocente.

— Copiei sim. Quer que te empreste?

Mika não respondeu, espantada demais para encontrar a voz. Armando alargou o sorriso ao perceber isso.

Ele definitivamente não devia sentar ao seu lado.

O (amor) Assassino Está Entre NósOnde histórias criam vida. Descubra agora