underground trap

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10

Lilly e eu checamos tudo em volta daquela espécie de acampamento com bastante atenção em busca da última palavra que precisaríamos encontrar: Corrente.

— Será que temos que encontrar essa corrente ou deveríamos ter trazido com a gente? — perguntou Lilly, confusa. — Ou, não sei... E se for corrente num outro sentido? Essa palavra tem várias definições.

— Não faço a menor ideia — cansada de tanto procurar uma coisa que eu nem ao menos sabia o que era, me encostei na pedra para descansar. — Mas pra que usaríamos uma corrente? Mover essa pedra é impossível.

— Parece que estamos de volta ao zero — Lilly bufou e se sentou em um dos bancos feitos de madeira. — Será quem esteve aqui com a Hannah?

— Não acha que ela estava sozinha?

— Hannah nunca andaria trinta minutos da estrada até esse ponto da floresta sozinha. Quantas horas são?

— 00h40 — respondi após olhar meu celular.

— Temos que decifrar isso logo, não quero passar mais um único segundo aqui.

A escuridão havia tomado conta de todas as direções, era impossível ver as árvores ao nosso redor se as lanternas fossem desligadas. E o único som que nossos ouvidos conseguiam ouvir eram dos animais espreitados e das folhas balançando junto ao vento no topo de cada árvore.

— Espero que aqui não tenha ursos — comentei assustada olhando em volta. — Ou cobras.

— Com certeza tem cobras — afirmou Lilly. — Estou ouvindo elas rastejando entre essas folhas secas no chão.

— Merda, eu quero ir embora. Vamos, Lilly, precisamos terminar isso logo — caminhei com pressa até ela, como se ela fosse me defender de qualquer bicho que aparecesse. Ela riu. — Me lembre de nunca mais sair da minha casa quando você chamar.

Lilly se levantou e voltou a olhar em volta atenciosamente.

— Não era alguém do nosso grupo — disse ela, se virando para mim. — Se alguém veio até aqui com ela, não era do nosso grupo.

— Tem alguma suspeita?

— Não, agora estou percebendo que não a conhecia como eu pensava. Não tenho ideia de quem ela conhecia além do nosso grupo.

— Talvez tenha sido um homem? Ela conhecia muitos homens?

Lilly reprimiu o rosto e negou.

— Hannah não era esse tipo de mulher, se é isso que está tentando dizer — respondeu ela.

— Não estou insinuando nada, só quero conhecê-la melhor. É você quem está dizendo que ela não veio sozinha.

Algumas das minhas conversas com o hacker voltaram às minhas lembranças. Ele mostrou diversas vezes ser um conhecido da Hannah que se preocupa muito com ela, talvez ele seja o tal acompanhante. De qualquer forma, se eu perguntasse isso a ele, com certeza não receberia uma resposta, assim como todas as perguntas que eu o faço.

— Isso é inútil, não tem nada aqui — Lilly levantou os braços em desistência. Ela também se encostou na pedra e jogou sua mochila no chão completamente tomado por folhas secas, quando a mochila caiu, ouvimos um som desconhecido, era como ferros batendo um contra o outro.

— O que foi isso?

— Vem, me ajude a tirar essas folhas daqui.

Nós duas nos ajoelhamos no chão perto da mochila e usamos as nossas mãos para tirar todas as folhas daquele local. À medida que o chão ia ficando cada vez mais limpo, conseguíamos ver uma porta de madeira com correntes nas trancas. Era uma espécie de bunker subterrâneo.

Tell Me Lies (DUSKWOOD)Onde histórias criam vida. Descubra agora