32. DEVANEIOS

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Before You - Benson Boone
"Então, querida, se você não se importar
Vou pegar sua mão esta noite
Podemos desacelerar o tempo
Deixe-me amar você
E a partir do momento que eu olhar nestes olhos castanhos escuros,
Não vou me lembrar da vida antes de você."

Josh

Item 6: Ir a um cinema drive- in ☑

No conforto de um carro alugado, Any se admirava pela incrível decoração do local. Da janelinha, ela conseguia ver diversos outros carros, uma tela enorme e muitas flores como decoração. Também havia um bar que entregava seus pratos de onde estivéssemos.

O filme seria Mamma Mia, mas ainda faltava muito tempo para começar. Decidimos chegar antes para conseguir desfrutar um pouco do ambiente.

Parei um tempo para admirar a beleza de Any: seus cabelos estavam meio soltos, caindo perfeitamente sob seus ombros e o rosto parecia estar livre de maquiagem, o que me encantava ainda mais. Quando ela percebeu que a encarava, soltou um sorrisinho doce e voltou a admirar o local.

Por estar tão imersa em sua observação, pedi a nossa entrada sem consultá-la a fim de tentar impressionar. Quando um carpaccio chegou, ela não conseguiu conter a animação:

— Meu deus, eu amo esse prato! — exclamou, pegando um garfo ao lado da bandeja e já provando da refeição. — Se tem algo que não pode faltar no meu casamento, carpaccio é uma delas.

— Casamento, huh? — ri levemente. — Então você é uma dessas?

Ela ergueu as sobrancelhas e assentiu, ainda se deliciando com o prato.

— Quando casar, – comecei — você vai querer uma festa gigantesca ou é daquelas mais reservadas?

Eu provavelmente já sabia a resposta, mas não custava perguntar.

— Você já deveria saber que quero o evento — disse, largando do garfo e começando a se concentrar em seus planos. Olhava para o horizonte como se de lá fossem surgir ideias. — Flores para todo o lado e todo o tipo de comida disponível. Ah, e nada de salões fechados, tem que ser um local paradisíaco. E claro, também uma lua de mel super romântica.

— Para onde você iria?

Any ponderou, mas logo desembestou a falar com vontade, seus olhos brilhando:

— Alemanha — respondeu com convicção, mas voltou atrás: — Ah, não, talvez Itália. Ou até a França... quer saber, um tour pela Europa seria perfeito.

Risadinhas surgiram justamente porque eu sabia que ela já conhecia todos aqueles lugares. Any havia rodado o mundo, mas falava com tanto desejo e entusiasmo que faria qualquer um acreditar que nunca saíra de Nova York.

— Quero visitar todos os pontos turísticos mais românticos e fazer amor em quartos de hotel — estendeu. — Quero comer pretzels e beijar até o ar acabar na frente do coliseu... até consigo me imaginar caminhando de mãos dadas na Galeria de Berlim, ou até mesmo dormindo sob a aurora boreal da Noruega.

O rosto de Any ficou vermelho e ela de fato perdeu o ar, mas ainda estávamos em um estacionamento, que era muito longe do Coliseu. Casualmente, ela se direcionou a mim:

— E você?

Como se alguém apagasse as luzes, nossas expressões extasiadas escureceram. Limpei a garganta, mas permaneci em silêncio por um tempo, ponderando se realmente diria aquilo.

— Eu não vou me casar, bijou — falei, enfim.

Seu olhar se tornou triste, mas ao invés de responder algo, ela apenas apertou a minha mão. Eu havia me esquecido que falar sobre o que ia de fato acontecer ainda trazia muitas angústias à ela.

As luzes se apagaram e o filme parecia estar perto de começar, então Any fingiu ignorar toda a conversa e focar em outra coisa. Eu a observava com atenção: seus olhos refletiam milhões de pensamentos não-ditos.

Quando percebeu que eu a encarava, finalmente tomou coragem para dizer.

— Vamos... — ela disse de repente, se livrando de qualquer entrave. – vamos falar sobre o agora, Josh. E neste exato momento estou aqui com você, então o que nos resta é...

Apenas nos restava usufruir do tempo que tínhamos sem infortúnios. Sem relembrar o fim trágico que podíamos ter, sem ninguém para interferir e o mais importante: sem nenhuma barreira entre nós dois.

Sendo assim, a puxei para mais perto e depositei um beijo. O filme acabara de começar, mas não lhe dávamos a mínima atenção. Any intensificou o ato, pois quando as primeiras notas de "Honey Honey" ecoaram no imenso estacionamento, a noite parecia melhorar.

O brilho da tela iluminava seu rosto, e eu não conseguia parar de admirá-lo. Rocei minha boca em suas bochechas e logo parti para outro beijo, dessa vez lento e gentil. Toda vez que nossos lábios encontravam-se, o mundo parecia parar, como se nós fôssemos as duas únicas pessoas existentes ali.

Any suspirou: uma mistura de deleite e... tristeza. Seus dedos traçaram todo o meu rosto como se quisesse memorizar cada detalhe, enquanto sua outra mão me segurava tão fortemente que eu não era capaz de me mexer. Não queria me deixar ir.

Aprofundou-se o beijo, ficando cada vez mais apaixonado. Agora, eram os meus dedos que enrolavam em seu cabelo. Any derreteu-se, e eu pude sentir seu coração batendo no ritmo do tic-tac de um relógio, contando os minutos que nos restavam.

De repente, Any se afastou, mas ainda com seus olhos fixos em mim. Ela sussurrou:

— Queria ficar com você para sempre.

Um sorriso surgiu em meu rosto, e eu coloquei a minha mão em seu rosto.

— Any, talvez não nos tenhamos para sempre, mas... temos o agora.

Assegurei-a. Queria que soubesse que eu faria todos os momentos valerem a pena.

Como se pudesse ouvir meus pensamentos, Any confiou em mim. Voltou ao meu abraço e beijou-me novamente.

– Lembra o que me disse sobre o Natal? — ela perguntou em uma das pausas que precisamos fazer para recuperar o fôlego.

Assenti. Muito antes de tudo, eu havia convidado a garota para passar o feriado em Toulouse com minha família, a fim de passarmos ainda mais tempo juntos.

— Então... — continuou. — não precisei pensar muito para ter certeza. Eu amaria passar este tempo com você.

Não consegui conter minha felicidade, então descarreguei-a em mais um beijo. À medida que o filme avançava, agarrávamo-nos um ao outro, nossas respirações se misturando e os corações batendo como um só.

Entretanto, no meio de tudo aquilo, havíamos esquecido que nosso prato principal estava a caminho. Quando percebemos o garçom com a refeição na mão nos encarando constrangido pela janela do carro, do outro lado, nos entreolhamos e caímos na risada. Mesmo assim, voltamos a nos beijar como se nada mais importasse.

Abraçamos a intensidade do momento, enchendo-o com afeto, risadas e memórias que estávamos determinados a criar. Não sabíamos direito o que seria dali para frente, mas de uma coisa tínhamos certeza: o tempo podia ser fugaz, mas nosso amor era atemporal. 

Room 369 | BeauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora