Ladrões de Rins das Discotecas

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O roubo de órgãos que estraga uma noite de diversão


     Esta descrição é baseada na narrativa #2456 do Arquivo Português de Lendas (APL 2456).


     Um rapaz acordou na Praia da Rocha, em Portimão, numa manhã de Domingo, deitado de barriga para cima no areal. Ao seu lado estava um telemóvel e um bilhete no qual estava escrito: «Liga para o 112, senão morres.» E de facto, era mesmo caso para chamar a emergência médica: esse rapaz tinha uma costura frágil e mal-feita na parte lombar. Uma costura que não deixava margem para dúvidas: ele foi vítima de um ataque de Ladrões de Rins das Discotecas – tinham-lhe roubado um rim! O rapaz tinha estado certamente numa discoteca na noite anterior – foi onde ingeriu uma bebida na qual colocaram uma droga que o pôs inconsciente!

     Os Ladrões de Rins das Discotecas atuam no Sul de Portugal, em especial no Algarve, possivelmente por causa da enorme afluência de turistas a essa região, pessoas que são alvos fáceis porque costumam se distrair com as férias que passam e desconhecer os perigos locais – se calhar o rapaz atacado em Portimão era turista –; Faro é onde mais atacam.

     As vítimas dos Ladrões de Rins são sempre jovens de sexo masculino. A juventude das suas vítimas compreende-se porque são os jovens que costumam ter os órgãos em melhores condições. Mas porque é que as vítimas não podem ser de sexo feminino? Os Ladrões consideram os órgãos da mulheres de pior qualidade? Se é assim, o fundamento deles é estranho!

     Não se sabe quantos elementos tem uma quadrilha deste tipo de criminosos; mas devem ser pelo menos dois – quem droga as vítimas e quem lhes extrai os órgãos. Um dos Ladrões coloca sorrateiramente uma droga na bebida de uma vítima que esteja a divertir-se numa discoteca. Às vezes, a vítima é abordada por uma rapariga que a atrai e a distrai ainda mais – o que significa que as quadrilhas podem ser unissexo. Quando a vítima fica drogada, é arrastada inconsciente e anestesiada por conseguinte para onde vão extrair-lhe no mínimo um órgão. Como o nome deles indica, os Ladrões tiram-lhe pelo menos um rim ou os dois, mas também podem tirar-lhe mais órgãos. Isto foi o que aconteceu ao rapaz em Portimão, basicamente; porém, ao contrário doutros ataques, não acabou numa banheira cheia de gelo! Num dos casos de extração de órgãos por Ladrões, a banheira com gelo era a de um quarto de hotel... Talvez as outras extrações tenham sido igualmente em hotéis. É curioso os Ladrões terem escrúpulos em quererem que as vítimas continuem vivas desta forma... Mas houve um caso em que um rapaz foi encontrado morto numa banheira (o que pode ser explicado por lhe terem retirado vários órgãos após terem-no embebedado, sem o terem posto inconsciente da maneira do costume)!

     Os Ladrões de Rins das Discotecas são, no fundo, a materialização de um peso na consciência. À medida que os transplantes de órgãos tornaram-se mais familiares para as populações humanas, também aumentou a consciência dos problemas que lhes estão associados, entre eles a necessidade cada vez maior de órgãos transplantáveis. E muitos desses órgãos são traficados de pessoas pobres do dito Terceiro Mundo para o chamado Primeiro Mundo, infelizmente. É como se os Ladrões fossem um castigo auto-imposto nos países desenvolvidos (entre eles Portugal) pelo sofrimento assim causado nos países não-desenvolvidos.



Fonte da imagem: Superinteressante (site)

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