capítulo 29

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     Talvez a mágoa que muito se carrega possa afetar aquela parte mais racional do ser humano. Sentimentos podem ser prejudiciais para algumas pessoas, podem significar  a instabilidade que muito se prezou por não existir, o que tragicamente possa significar o despeito por muitos acontecimentos que um dia lhes traria a sensação de felicidade e conquista. E para Jimin, esse mesmo sentimento estava sendo alimentado pelo sentimento de culpa, pelo medo de ousar olhar para Jungkook e todos os outros, medo de encontrar  a fúria que sempre imaginou existir, mas que jamais estaria preparado para suportar.
   Os três primeiros dias se passaram consigo adormecido, se recuperando do corpo adoentado e febril, e ao amanhecer do dia subsequente, Jimin despertou sentindo-se consideravelmente bem, mediante a tudo o que passou e a ausência de um outro alguém cuidando de si. Por longos minutos, o ômega se manteve sentado naquele chão frio, o mesmo no qual havia feito de sua cama, observou o corpo inerte de seu falecido pai e suspirou sabendo que poderia retroceder em suas decisões, poderia aceitar o que havia acontecido a anos atrás e governar como deveria ter sido feito. No entanto, Jimin não se intitulava digno de estar com a coroa de seu pai sobre seus fios, não se achava digno de ter aquelas pessoas lhe reverenciando a cada encontro - mesmo que em muitas vezes também não os achasse dignos de terem sua presença e proteção; Jimin os odiava em muito de seus dias  -, eram tantos conflitos em sua mente que não o deixava se perdoar pelo o que aconteceu, tantas lembranças que lhe corroía lentamente.
   E enquanto se encontrava em um triste dilema naquele lugar isolado e frio, Jungkook suspirava dolorido ao se sentar naquela cama confortável. Não era como se seus ferimentos ainda estivessem presentes, mas ainda sim conseguia sentir cada centímetro de seu corpo latejar pelos longos dias e horas imóvel. Havia passado todos os dias adormecido recuperando suas forças à medida que Black cuidava de seu ferimentos, lhe curando como um bom alfa deveria fazer. Mas ainda existia algo que ambos se questionavam; se perguntavam o porquê de não sentirem a presença de Jimin e Luna. E olhando para Seokjin e Namjoon, ambos sentados em uma poltrona ao lado de seu leito de descanso, soube que todos regressaram para Eros,exceto a pessoa mais importante para si: Park Jimin não se encontrava no castelo, e tão pouco saberia se ele estaria bem e seguro.

     — Não o encontramos, Jungkook. Estamos a três dias fazendo as buscas pelo reino, as estendemos por todas as terras, mas ninguém pôde o encontrar ou trouxe notícias de seu paradeiro - Namjoon não esperava menos do que uma expressão preocupada e aflita de Jungkook, ele sabia que assim que suas palavras fossem ditas, seu rei teria reações negativas e impulsivas.

   Jeon suspirou e arremessou os cobertores para os lados. Sentia-se na obrigação de encontrar o seu companheiro, precisaria usar tudo de si para garantir que aquele ômega regressasse para casa e,se estivesse machucado, fosse curado e cuidado da melhor forma possível. Jungkook sabia que existiam inúmeras tormentas na mente daquele garoto, compreendia que o fato de ter lhe machucado estava fazendo com que ele se condenasse de forma cruel a ponto de se punir. Diferente de todas as pessoas que estiveram ao seu lado durante anos e conviveram consigo, Jeon Jungkook sabia o ler, conseguia desvendar todos os mistérios pelas entrelinhas, e por esse motivo e todas as certezas que as vidas passadas poderiam ter lhe dado, ele afirmava que Park Jimin era uma pessoa ingênua e inocente, vítima das circunstâncias da vida, era uma pessoas que necessitava de carinho e cuidado.

   — E a mãe dele? O que ela disse e fez a respeito? - vestindo-se com as vestimentas que Seokjin lhe oferecera, Jungkook se manifestou tendo quase a certeza que Min-ji sequer soube o que fazer para encontrar o próprio filho.

    — Ela afirma que esses atos são o natural do filho, era algo esperado de se acontecer - com certo desdém em sua voz, Jin murmurou a resposta que seu rei já esperava ouvir.

   Em companhia de seus amigos, Jungkook deixou aquele quarto e seguiu por aquele corredor pouco iluminado, o que significava a brisa fria e o tempo nublado. Ao descer as escadarias e adentrar a sala de jantar, seus passos pararam e seus olhos assumiram uma tonalidade escura, sinalizando toda a sua agressividade retraída em seu interior,  mas que poderia ser extravasada a qualquer momento. A sua frente, junto a Min-ji, se encontrava um alguém covarde o bastante para não se envolver em conflitos que poderiam defender sua pele, covarde o suficiente para ser um traidor caso as coisas não saíssem como o imaginado.
     Lee Sang-jun era um dos reis aliados a Eros e Orion, mas foi o primeiro a se tornar ausente nas decisões de se aliar a todos os outros para se defender dos ataques de Lee Hye-jin, o homem agia de acordo com o que lhe parecesse favorável, sempre se mostrava cético em decisões de batalhas e possíveis guerras. E era exatamente isso que fazia com que Jeon se questionasse como aquele homem conseguia estar no poder, como era possível aquele reino ainda não ter sido lhe tomado. Mas os fundamentos de seu ódio eram outros; o homem se manteve afastado de todas as decisões para defender Eros, mas quando o nome de Jimin foi mencionado, ele foi o primeiro a dizer barbaridades contra o ômega.

Ice prince: Principe do gelo[ Fanfic Jikook]Onde histórias criam vida. Descubra agora