A Chave Para Cair

369 40 16
                                    

Após passar pela porta de saída fui diretamente para o meu carro, que estava no mesmo lugar que eu deixei na noite anterior. A rua estava calma, praticamente deserta e eu pude ouvir meus saltos colidindo com o asfalto, coisa que não acontecia constantemente. Ao mesmo tempo em que pegava a chave do meu automóvel, pensava no que faria até a noite, quando voltaria para cá. Talvez pudesse ver meus pais, chamar minhas irmãs pra sair ou falar com Aoi.

Destranquei a porta do carro, mas ao abrir um centímetro da mesma, um corpo grande e forte foi ao meu encontro, batendo com força a porta. Olhei assustada, para a direção em que a pessoa se encontrava e minhas pernas tremeram ao ver quem era.

- Já está indo embora, Kanao? O que Tanjiro fez dessa vez? - Douma perguntou sorrindo gananciosamente.

- O que você faz aqui? - Perguntei pronta para qualquer coisa que ele pudesse fazer. Estava atenta a tudo.

- Eu resolvi dar uma passada por aqui, mas quando vi você, surgiu uma vontade de te convidar para passear pela cidade.

- Não posso. - Disse rapidamente ao vê-lo querer me tocar.

- Não seja teimosa. É só um passeio. Te deixo aqui no horário correto de atender meu amigo.

- Como sabe que eu irei voltar aqui?

Douma gargalhou, jogando a cabeça para trás, afastando-se assim, milimetricamente.

- Contarei tudo o que quiser saber Kanao. - Ele encarou meu rosto avalindo-o. - Até os segredos mais obscuros da família Kamado.

Analisando a situação em que me meti, acabei por concordar. Tanjūro e Tanjiro não vão me contar o que preciso saber. E se Kagami tiver essa resposta, querendo humildemente me contar, eu vou com ele mesmo sabendo que a queda pode ser feia.

(...)

Uma hora depois de entrarmos no carro de Douma que foi dirigido pelo mesmo, chegamos a um lugar um pouco deserto, onde poucas pessoas circulavam onde crianças brincavam adolescentes conversavam e se divertiam.

- Há dezoito anos, duas crianças muito queridas pelos pais se conheceram. - Ele começou a falar assim que nós dois sentamos em um dos bancos que ali havia. Douma olhava as pessoas ao nosso redor como que se recordasse de alguma coisa. - Foi até engraçado. O garotinho encarava a menininha enquanto a mesma brincava de boneca sozinha perto de seus pais. Então, achando a garota encantadoramente bonita, foi atrás dela para que pudessem conversar e de primeira se deram bem. Aos poucos viraram melhores amigos e com o tempo a amizade foi se transformando em amor que ninguém sabia como controlar. Era um amor que ninguém sabia como controlar. Era um amor puro tão puro que até causava um pouco de inveja.

- Você os conhecia? - Perguntei interessada pela história.

- Ainda os conheço. - Respondeu, para minha surpresa. - O que eu quero dizer Kanao, é que nem todas as histórias de amor acabam no "felizes para sempre". A história acabou com uma tragédia por causa de uma única e exclusiva pessoa. - Sorriu, talvez orgulhoso e eu o olhei indignada. Como ele pode sorrir lembrando o que aconteceu com o casal que foi separado desse jeito?

Antes que pudesse argumentar sobre qualquer outra coisa, a voz afiada de Douma me cortou.

- O que você veio fazer aqui Nezuko?

Virei meu tronco, vendo a irmã de Tanjiro me encarar com o semblante preocupado.

- Impedir que você coloque minhocas na cabeça dela. - Vi quando o homem ao meu lado, se levantou do banco e se aproximou dela.

Psiquiatra De Um Assassino- Adaptação TankanaOnde histórias criam vida. Descubra agora