• Capítulo Doze - O que eu vou fazer agora?

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• JUSTIN •
— Localização protegida.

Eu havia a beijado, mesmo depois de dizer a mim mesmo que eu não o faria novamente. Mas ela havia me colocado em uma situação na qual eu não queria estar e principalmente, não sabia o que dizer a ela. Foi a melhor forma que eu encontrei de fugir daquilo, apenas isso.

Eu não sabia o significado certo de amizade quando aceitei ter uma com ela — até porque nunca tive amigos, pelo menos não que eu me lembre — mas acho que parte de ser um bom amigo significa não ser um cuzao se você puder evitar e foi isso que eu tentei fazer.

Havia dito coisas ruins a ela antes, sem nem me importar com os seus sentimentos, tanto que ela me chamou de cruel. Mas eu não queria ter que voltar a fazer isso, não se eu pudesse evitar. Ela havia entrado em um tópico delicado, porque não era mentira, eu talvez jamais voltasse a ter contato com ela novamente quando ela se formasse.

E isso não dependia apenas de mim, porque se ela escolhesse viver uma vida de missões, atrás de adrenalina, não ficaria aqui, teria um disfarce fora desse prédio e eu ainda permanecia aqui com a minha vida, com a minha lista e os meus recrutas, ano após ano. A nossa amizade tinha um prazo de válida, eu só não queria ter que dizer isso a ela, pelo menos não ainda.

O olhar da Ariana se focou nos meus olhos e eu conseguia ver a sua confusão, ela definitivamente não havia entendido porque eu havia a beijado e talvez fosse melhor assim. Eu não esperei que ela dissesse nada, eu apenas me levantei como um sinal claro que o nosso treino de hoje havia acabado.

Ela se levantou também e nesse exato momento a porta da nossa sala de treinamentos se abriu, revelando um guarda qualquer.

— Christopher deseja vê-lo, Justin. — Ele me avisa.

Que merda o chefe quer me ver agora?

— Tudo bem, já estou indo. — Eu digo ao guarda e volto meu olhar para ela. — Amanhã vamos treinar bem cedo, não será muito diferente do que fizemos hoje.

— Mas e eu? — Ela franze a testa.

— Leve a Ariana para tomar um banho e certifique-se que haja uma refeição a esperando no quarto quando ela terminar de tomar banho. — Eu aviso o guarda.

Não espero a resposta da Ariana, apenas saio dali, sendo seguido por ela e o guarda que em determinado corredor, desviam a rota da minha, a levando para fazer o que eu mandei. E eu caminho em passos rápidos até a sala do chefe.

— Pode entrar. — Escuto sua voz atrás da porta quando eu bato na mesma.

Abro a porta de sua sala e entro na mesma, fechando a porta logo em seguida.

— Me disseram que o senhor queria me ver.

— Sente-se. — Ele aponta para a cadeira na frente de sua enorme mesa.

Eu me sento, mas ele continua de pé, andando de um lado para o outro.

— Fui informado que a Ariana podia ser ou não virgem e ela teria que transar antes de colocar o Diu. — Seus olhos se focam em mim. — Mas, não vi nenhum dos recrutas ser apresentado a ela, então será que pode me tirar a dúvida de como ela está com o Diu agora se aparentemente ninguém a deflorou?

— Eu mesmo fiz. — Eu digo, sem hesitar. — Mas foi ela quem pediu, eu até tentei seguir o protocolo e arrumar algum recruta para ela, mas ela se negou.

Christopher solta um suspiro e ocupa a sua cadeira atrás daquela enorme mesa.

— E o que isso significou? — Ele me olha com atenção.

— Nada, senhor. — Sou sincero. — Eu expliquei a ela as circunstâncias do que faríamos, não seria o início de um relacionamento, apenas seria eu consertando um dano.

Eu não podia negar que eu me sentia atraído por ela, mas não podia dizer que eu sentia algo por ela além disso. A nossa transa não havia significado para mim e gosto de pensar que também não significou nada para ela.

— Só quero garantir que isso não seja um problema. — Ele dá os ombros, tranquilo. — E que conclusões chegou a partir disso?

— Não acho que ela era virgem e nem que haja algum problema com isso, o comportamento dela não mudou. — Eu digo, casualmente. — Ela ainda é apenas a minha recruta e eu apenas o seu instrutor.

— Você é um dos meus melhores instrutores, Justin. — Ele suspira. — E eu só quero garantir que você não precise deixar de ser, principalmente quando se trata da Ariana.

Eu sabia o que ele queria dizer, eu não podia ter sentimentos por ela porque essa era uma das nossas regras mais sagradas. Não podíamos amar nada.

E sabia que se eu o fizesse, garantiria a minha sentença de morte.

— Não há nenhum problema, senhor, isso eu posso garantir.

— E como anda o treinamento dela? — Ele me questiona.

— Ela me mostrou até então muita aptidão na água, desde o nado até a luta corporal tanto que machucou o meu braço e conseguiu sair ilesa do meu ataque. — Mostro a ele o meu braço, ainda vermelho. — O treinamento no tatami ainda precisa de alguns ajustes e quanto a escalada, ainda não treinamos.

— Não imaginei que seria diferente. — Ele abre um sorriso. — Ariana é uma menina muito especial e não é atoa que escolhi você para treina-la.

— O que quer dizer, senhor? — Eu franzo a testa.

— Termine o treinamento da Ariana no tatami o mais rápido possível porque no final da semana que vem quero ver ela em campo. — Ele ignora a minha pergunta.

E eu sei que quando ele o faz, não devo insistir.

— O que? — Abro a minha boca, surpreso. — Ela não está preparada.

— Então garanta que ela esteja porque vou manda-la com mais dois recrutas e quero ver qual deles se sai melhor. — Ele abre um sorriso estranho. — Não acha que ela seja capaz de se proteger contra dois iguais a ela?

Eu fico em silêncio.

— Confie no seu treinamento e no potencial dela. — Ele dá os ombros. — E se prepare para um treinamento em campo muito bem elaborado.

— Tudo bem, senhor. — Tento sorrir.

O que eu vou fazer agora?

RUIN & RISEWhere stories live. Discover now