• Capítulo Vinte - Não tinhamos resposta para isso

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• ARIANA •
— Localização protegida.

Justin e eu agora estávamos sentados na minha cama, cada um de nós tinha uma bandeja em seu colo recheado de um café da manhã bastante reforçado.

Era engraçado pensar que ontem uma hora dessas eu estava surtando por ter que ir nessa missão e agora eu estou aqui, euforica por ter ganhado e ter finalmente tirado um peso das minhas costas e das costas de Justin.

— Você acreditou mesmo que eu poderia ganhar? — Eu pergunto, de forma abrupta. — E por favor, seja sincero.

— Quando Christopher te colocou nessa missão, eu não achei que poderia fazer isso, mas quando começamos a treinar de verdade e eu vi o quanto você estava mesmo se empenhando, eu não tive dúvidas que você poderia ganhar. – Ele não hesita em responder. — Mas não posso negar que fiquei um pouco preocupado enquanto assistia a sua luta com o Andrew.

— Eu também fiquei, ele era bem mais forte do que eu. — Suspiro. — Teve momentos em que eu achei mesmo que eu não conseguiria.

— Não existe coragem sem medo, Ariana. — Justin sorri fraco. — Essa também é uma boa lição.

— Você tem razão. — Eu sorri.

— E você está bem? — Ele parece me analisar agora. — Com tudo o que aconteceu lá?

— Com o fato de eu ter matado o Andrew? — Eu perguntei.

— Sim.

— Eu não achei que ficaria bem, mas eu honestamente não estou sentindo nada sobre isso. — Sou sincera. — Ele me disse que o Carter mandou ele caprichar quando se tratava de mim, e disse que até pegaria mais leve comigo se eu chorasse.

Justin não diz nada.

— Então eu percebi que talvez ele não quisesse apenas me deixar desacordada e mesmo se fosse o caso eu ainda correria risco por estar na água, eu soube que eu poderia morrer e como você disse, eu precisei tomar a minha decisão. — Eu suspiro. — Não queria que fosse ele a sair daquela piscina com vida.

— Minhas formas de me desculparem com você parece que estão se esgotando. — Justin dá uma risada, nervosa. — Carter disse que o Andrew ganharia de você facilmente e eu disse a ele que não acreditava nisso, porque você tinha a mim como instrutor e eu acreditava em você.

— E ele quis garantir que o Carter me machucasse muito ou até mesmo me matasse para te provar que você estava errado. — Eu concluo.

— Sim, mas se eu não tivesse dito nada, talvez você não corresse tanto risco e talvez até mesmo não tivesse precisado mata-lo. — Justin suspira.

— Você precisa parar de se culpar por eu ter ido parar nessa missão e principalmente, não adianta ficar pensando nos "e se". — Eu dou os ombros. — Não temos como saber que mesmo se você não tivesse tido essa conversa com o Carter, se eu ainda ia precisar ou não matar o Andrew.

Justin apenas balança a cabeça, sem dizer nada.

— E eu estou bem de verdade, não estou me sentindo nem um pouco culpada pelo o que aconteceu. — Eu sorri. — Eu sobrevivi e era isso que importava, sem contar que tirei o peso dessa missão das nossas costas, você provou ao Carter que estava certo e eu ainda me livrei da avaliação final, resumindo foi um dia bom.

— Você está lidando com tudo isso muito bem. — Justin sorri. — Eu não achei que seria assim para ser sincero.

— Já disse para você parar de me subestimar. — Eu ri. — Mas para ser sincera, eu também achei que seria mais difícil para mim.

A verdade é que eu não estava dando a mínima para a morte do Andrew e nem para o fato de eu ter sido a responsável por ela. E isso estava me deixando um pouco assustada comigo mesma, por que foi tão fácil para mim matar ele?

— Eu prometo que vou parar de te subestimar. — Ele me encara. — Acho que você já me provou mais do que o suficiente que eu preciso parar.

— Obrigada, você não faz mais do que a sua obrigação. — Mostro a língua para ele. — Mas agora me tira uma dúvida?

— O que? — Justin me mostra curiosidade.

— Agora que o Andrew morreu e o Carter não tem mais um recruta para treinar, o que acontece?

— Carter está afastado do cargo até o fim do ano e isso quer dizer, um abaixo em sua remuneração e até mesmo na nota de instrutor que todos temos. — Justin me explica. — Ele não deve estar nem um pouco feliz, a nota dele no ano passado foi baixa e por causa da morte do Andrew agora, esse ano também será.

— E por quê vocês não se gostam?

— Carter e eu começamos juntos, fomos recrutas juntos e tudo começou quando ganhei dele em uma missão de verdade na qual ambos fomos designados para ver quem se sairia melhor. — Justin dá os ombros. — O ódio dele por mim só piorou quando nós dois viramos instrutores e tínhamos históricos impecáveis, até o dele cair e o meu não.

— Resumindo, ele tem inveja de você. — Eu ri.

— Eu prefiro acreditar que ele é meu fã. — Justin zomba. — Mas sei lá, talvez sim.

— Ele achou que eu mancharia o seu histórico, não é? — Pergunto. — Viu em mim a possibilidade de rebaixar você.

— Acho que sim. — Justin suspira. — Mas ao contrário do esperado, você tem potencial e já provou não só para ele, mas para o Christopher também.

— Falando em Christopher, então ele quem é o seu chefe?

— Eu já te disse que você faz muitas perguntas. — Justin ri da minha atitude curiosa. — Mas sim, ele é o meu chefe e principalmente, ele quem dirige esse lugar.

— O que ficou realmente na minha cabeça, foi o que ele quis dizer quando disse que não fui para essa missão para me castigar. — Eu digo pensativa. — Eu achei que era sobre isso.

— Honestamente, nem eu mesmo entendi. — Justin engole seco. — Todas as vezes que já missões assim no início do treinamento sempre foi sobre punir alguém e ter alguém para punir.

— Será que ele mentiu?

— Eu não tenho ideia. — Justin suspira. — E eu não faço ideia de como descobrir.

— Mas, se ele tiver dito a verdade, pelo menos significa que não fui parar nessa missão por culpa da escolha que fizemos. — Eu sorrio. — Isso é bom, não é?

— Claro que sim. — Justin concorda. — Mas aí fica o questionamento, por que você foi nessa missão se não foi sobre te punir pelo o que fizemos?

E a pior parte é que não tínhamos resposta para isso.

RUIN & RISEWhere stories live. Discover now