Coffee - Jemma

6 - Don't be disappointed, Dear.

Pov's Emma Myers

[Presente] 22 de dezembro de 2022 - 12:55pm

Finalmente o avião pousou em Jericho. Uma parte de mim queria que eu nunca tivesse saído dessa cidade. Gostaria que eu não tivesse decido me mudar para o outro lado do país, milhares de quilômetros de distância da minha casa, da cidade onde nasci e fui criada. Por outro lado, a outra parte grita que eu tomei as escolhas certas, mesmo elas sendo arriscadas. Mesmo que Nova York tenha perdido seu brilho para mim, ela tornou-se uma morada para mim e para Naomi. Mesmo com todos os pesares, acredito que ter embarcado nessa pequena aventura foi a decisão certa.

Abro a pequena janela do avião e observo o exterior. Dezenas de aeronaves andam pelas pistas do aeroporto ou permanecem estacionados, permitindo que passageiros entrem ou saiam do meio de transporte. Meu olhar foca na tonalidade cinzenta do céu, o qual reflete milhares de nuvens abarrotadas, como se fossem gado em fila esperando para ser abatido. Nada mudou, pelo menos a cor do céu ainda prevalece a mesma, com a aparência de que gotas de chuva cairão a qualquer momento.

- Bem-vindos à Jericho - o capitão nos saúda pelas saídas sonoras presentes no avião. Desvio minha atenção da minúscula janela e foco nas palavras do funcionário, mesmo sabendo o que ele provavelmente pronunciará. - A hora local é exatamente 13:00PM. A temperatura atual está em torno de quatro graus célsius, com a sensação térmica de três abaixo de zero - continua informando-nos. - Por favor, permaneçam em seus assentos até que o sinal de afivelar o cinto seja desligado. A American Airlines agradece por voar conosco e desejamos um Feliz Natal e um próspero Ano Novo.

A voz do capitão esvaece, e o avião continua navegando pelas pistas, aguardando sua vez para que possamos desembarcar. Cutuco Naomi que permanecia adormecida, dizendo que havíamos chegado em nossa cidade natal. Ela resmunga e tira a máscara dos olhos lentamente, ajeitando os cabelos longos automaticamente com as mãos. Guardo meu notebook na bolsa, visivelmente cansada por ter digitado por horas a fio. Portanto, nossa única atividade no momento é esperar e esperar.

Naomi e eu aguardamos por mais alguns minutos até que fôssemos permitidas a sair daquela prisão insuportável.

***

O táxi nos deixa em nosso destino em menos de quarenta minutos desde o aeroporto de Jericho. Dividimos a corrida igualmente e pegamos nossas malas no compartimento do carro. Sentindo o vento cortante em nossos rostos, Naomi e eu caminhamos em direção à porta da frente da casa. Pressiono a campainha com um dedo e inspiro profundamente, preparando-me para os dias que ficarei hospedada em Jericho com a minha família. Escuto passos vindo em nossa direção, tornando-se mais nítidos com a medida que se aproximam. A porta é aberta, e eu quase não acredito no que meus olhos enxergam, minha irmã.

- Isabel! - manifesto-me, logo o abraçando com toda a fibra do meu ser. Ela responde ao meu aperto, intensificando-o. Sinto seu perfume conhecido, a mesma que ela sempre usou desde os quinze anos. Em seus braços, permito que meu rosto estampe um sorriso verdadeiro depois de muito tempo. - Eu não acredito que você voltou! - falo depois de quebrarmos nosso contato.

- Pensei que seria uma boa ideia ver minha irmãzinha depois de tanto tempo - responde com um sorriso mínimo, encarando-me e logo pousando sua atenção em minha melhor amiga. - É sempre bom te ver, Naomi - sorri.

- Você não mudou nada, não é mesmo? - tenta esconder um sorriso, porém, ele é forte demais para que pudesse ser contido. Isabel e Naomi abraçam-se por alguns segundos, desvinculando-se aos poucos. - Faz um tempo que a gente não se vê. - comenta.

- Eu acho que ela quer sumir de vez - digo, provocando minha irmã como eu sempre fiz. - Ninguém reportou à polícia, não é?

Naomi e eu rimos satisfeitas, enquanto Isabel revira os olhos e esconde os próprios risos. É bom rir novamente, sem ninguém te pressionando a nada. Ninguém perguntando se você está bem pela milésima vez. Ninguém fazendo visitas inconvenientes, porque ainda estão preocupados em como você está depois de tudo que aconteceu. Ninguém te encarando com olhar de pena, ainda sem acreditar como você está conseguindo lidar com a perda.