Primeira Vez

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É mesmo estranho como conseguimos encontrar pessoas interessantes em situações inusitadas

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É mesmo estranho como conseguimos encontrar pessoas interessantes em situações inusitadas.

O cenário deste encontro foi, no mínimo, estranho. Era uma aula de culinária, exigência da minha mãe.

Eu nunca havia fritado um ovo. No máximo fiz algumas garrafas de café pra ajudar nas reuniões intermináveis que minha mãe fazia junto de suas amigas no clube de Leitura.

Mesmo assim consegui fazer bagunça e resolvi que era hora de começar a me virar neste território tão inóspito. Nunca entendi como as pessoas conseguiam extrair sabores de alimentos esquisitos, mas achava isso uma bruxaria interessante.

E lá fui eu, me matricular em uma aula para iniciantes na cozinha com uma das amigas da minha mãe. A casa dela ficava em um local afastado do centro da cidade, em um casarão que antes funcionava como uma cozinha industrial, nesse lugar eram feitas refeições e depois o grupo jovem da nossa comunidade distribuía as marmitas pelos bairros mais pobres.

Atualmente Julia Stiles mudou suas aulas e resolveu aproveitar o mesmo espaço para dar cursos extras, utilizando seus próprios produtos. É uma forma interessante de propaganda, pois sempre achamos que aquele produto é que é o "segredo do chef" e acabava utilizando sempre o mesmo ingrediente em suas receitas.

Bom, pelo menos eu não vejo as pessoas que cozinham agindo assim.

Chegando lá, tive vontade de voltar. Senti-me completamente fora do meu meio. Quase nunca havia ultrapassado o umbral da porta da cozinha de nossa casa. Sempre que me atrevia a seguir este caminho estranho para mim, escutava velhas recomendações: "olha lá, não vai botar fogo na cozinha", ou "você aqui? Deve estar com muita fome ou precisando de alguma coisa importante" ou qualquer coisa que derrotasse qualquer tentativa de me aventurar naquele ambiente. Para minha surpresa, tinha mais gente assim como eu na turma. Entre homens e, para minha surpresa, mulheres, havia muita gente que não conseguia distinguir simples vegetais e que achava uma grande conquista conseguir abrir uma lata de molho de tomates sem sujar a bancada.

E ficamos ali, conversando sobre nossas experiências, ou inexperiências, depende do ponto de vista, até que chega a professora. Ela era baixa, esguia, cabelos castanhos e ondulados, vestida de branco, perfumada, lindo sorriso, mãos delicadas e firmes. Apresentou-se e logo pediu para ver nossas mãos.

Senti-me como se estivesse voltando no tempo, quando minha professora escolar verificava se havíamos lavado as mãos antes do lanche. Ela foi pegando nossas mãos e examinando nossas unhas, anéis e coisas do tipo. Todas as mãos eram susceptíveis a comentários. Todos amáveis, mas tinha gente que precisava cortar as unhas, tinha gente que precisava tirar os anéis e tinha gente que... putz, que mãos macias ela tem!

Segurou firme as minhas mãos, olhou aqui, olhou ali, abriu um sorriso, olhou diretamente nos meus olhos e disse: "você passou no primeiro teste! Sua mãe me avisou que estaria aqui. Não dá pra acreditar que você tem 16 anos, e já foi até emancipado* por seus pais e é maior que a maioria das pessoas dentro desta sala. Pensa em ser jogador de basquete algum dia?"
A pergunta dela naquele momento me pegou de surpresa, pois nunca havia pensado nisso. Só estava ali, por que minha mãe existia que eu devia aprender a me cuidar sozinho pois em breve estaria vivendo em outra cidade por causa dos meus estudos.

Ellyus - Sedução & AtraçãoOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz