Cap.75

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O carro corria absurdamente rápido, notei o celular na minha mão e rapidamente o escondi no lado da minha calça, Peter está tão descontrolado que mal percebeu, preciso sair daqui, um homem armado neste estado de perca da lucidez é capaz de tudo, a vida do meu pequeno bebê está nas minhas mãos

Olhei para a janela e percebi que estávamos entrando em uma estrada, não...

"Para onde vai me levar?" solucei

"Vai saber quando chegarmos amor" ele disse num tom psicótico

O celular de Henry começou a tocar silenciosamente na minha calça e consegui ler que era Sam

"Eles vão dar minha falta" rosnei

"Depois ligamos e contamos do nosso casamento, fala que... Percebeu que é a mim que você ama, foda-se" ele disse virando para a entrada de uma chácara, era um portão de madeira onde estava esculpido "Rio Novo"

"Vou ir comprar o remedinho na cidade e você..." ele parou o carro e deu a volta, destravou as portas de trás e me puxou violentamente pelo braço "Você vai ficar quietinha no quarto"

"Me solta!" gritei e consegui lhe dar uma joelhada nas partes baixas, me desprendi dele e corri em disparada para fora da chácara, a estrada era de terra e vez ou outra eu olhava para trás e via Peter correndo mancando atrás de mim, com o tempo ele foi ganhando velocidade e se recuperando

"Volta aqui!" ele vociferou "Quando eu te alcançar você e esse projeto de bebê estão fodidos" ele gritou me fazendo gelar

Avistei uma caminhonete ao longe e apressei minha corrida

"É melhor parar ou eu atiro" ele gritou, olhei para trás e o vi parado com arma em punho

Congelei meu passo e com as pernas trêmulas voltei de encontro com ele

"Boa garota" ele guardou a arma e me arrastou para dentro da chácara novamente, entramos no casebre bastante sujo, as paredes eram sujas, os moveis empoeirados, o chão tinha uma grossa camada de terra vermelha seca e as janelas eram de uma madeira já apodrecida, meu coração batia em um ritmo acelerado, o que eu vou fazer? Não, ele não vai encostar no meu filho, farei o que for possível e impossível

"Agora continue sendo boazinha" ele abriu a porta de um quarto escuro, iluminado apenas por uma fresta da janela quebrada

"Por que está fazendo isso comigo?" comecei a chorar "Por favor, me deixe ir, esse pesadelo não acaba nunca" solucei

"Ei..." ele passou as mãos nos meus cabelos e eu recuei "Vai dar tudo certo, vamos ser muito felizes" ele sorriu "Não saia daqui ok?" ele trancou a janela, logo depois foi até a porta e acenou para mim

"Vou comprar o remédio para tirar esse empecilho" ele apontou para minha barriga e fechou a porta com tudo

"Não!" gritei indo contra a porta inutilmente "Por favor, não..." escorreguei meu corpo pela porta enquanto liberava meu choro desesperado

"Droga!" chutei uma cadeira que se partiu, cai de joelhos no chão chorando ainda mais

Olhei para a fresta que iluminava meu rosto, esperei ouvir o som do carro de Peter sair para eu pegar o celular

"Sem sinal..." falei digitando desesperadamente como se dessa forma pudesse me comunicar com alguém

Olhei novamente para a fresta, coloquei a mão na pequena abertura, alguns pedaços de madeira caíram no chão, talvez essa fosse minha chance, comecei a quebrar cada vez mais o pequeno buraco, eu estava tremendo mas estava resultando, a abertura já estava em um tamanho médio, peguei uma perna da cadeira partida e bati contra a madeira já enfraquecida, bati sucessivas vezes até conseguir uma boa passagem, com auxílio dos meus braços abri totalmente o espaço, talvez essa força que eu tenha adquirido seja algo do qual sempre me falaram, a força materna...

Uma perna depois da outra, sai do cômodo escuro parando em um bananal, o chão estava formado em lama e meus pés afundavam a cada passo que eu dava, subi minhas calças jeans oque não as poupou da sujeira, cai umas três ou quatro vezes mas consegui me livrar, quando sai do lamaçal, pude andar livremente pela estrada de chão batido, olhei para os três horizontes que me eram alcançáveis e vi apenas deserto, meu corpo enrrijeceu quando ouvi um barulho de carro e avistei... Peter, ele voltou! Esqueceu algo, suspeitou de mim, apenas sei que ele voltava, voltava em alta velocidade ao me ver

Com toda força que tinha corri esperançosa de que conseguisse ajuda, a caminhonete já estava bem perto e meu coração parecia não ser mais capaz de aguentar o esforço que lhe era exigido

"É melhor parar" Peter vociferou colocando a arma para fora da janela, o celular na minha calça tocava sem parar um segundo, olhei para o lado e vi como minha única opção adentrar a mata, e assim fiz

Era úmida, escura e cheirava muito a grama, podia ouvir alguns animais noturnos já se preparando com seus sons para mais uma noite, cigarras, corujas, sapos... Ouvia passos apressados não muito longe dali e sabia que era Peter

Uma pequena casa de campo foi avistada mas sabia que seria um local óbvio para ele, em momento de lucidez resolvi dar meia volta mais longe da trilha que eu seguia, correndo rápido pude chegar de novo a beira da estrada, continuei a correr em direção indefinida a procura de qualquer ajuda, o celular tocava e dessa vez era Derek, todos já devem ter percebido o que aconteceu

"Derek!" falei num tom desesperado enquanto chorava incontrolavelmente, mas o que ele poderia fazer?

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