primeiro dia

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𝓣𝓸𝓶 𝓚𝓪𝓾𝓵𝓲𝓽𝔃

Já fazia um mês desde a morte da Jess, eu dei um tempo das turnês e da banda, ficava maior parte do tempo jogando videogame, mal comia e isso havia virado um hábito

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Já fazia um mês desde a morte da Jess, eu dei um tempo das turnês e da banda, ficava maior parte do tempo jogando videogame, mal comia e isso havia virado um hábito. Os meninos "entendiam" meu paradeiro, por enquanto essa foi a maneira que eu achei que lidar com a dor do luto, não queria pensar nela.
Assim que Jess foi embora, e a Cassandra tomou controle do corpo novamente, ela surtou... tivemos que colocar ela para fora de casa, desde então, nunca mais a vimos.

A campainha tocava

- Bill! - eu gritava do sofá, ele não respondia

Tocava mais um bilhão de vezes, estava me atrapalhando a jogar

- que merda. - eu criava forças pra levantar e abria a porta, falando no capeta... era ela, Cassandra.

- Tom... - ela estava magra, suja, segurava um papel na mão e uma bolsa com pouca coisa dentro, pareciam roupas.

- não quero saber. - eu ia fechando a porta, ela colocava o pé na frente e a abria novamente

Eu suspirava

- mas que mer-

- eu estou grávida. - ouvir aquilo era como um tiro no peito, o que?

- você tá brincando comigo? - eu perguntava sério, ela apenas me esticava o papel, eu o pegava desesperadamente, era um teste... o filho era meu.

Teste de DNA

- puta que pariu.

- Tom, eu não tenho mais nada, minha mãe me abandonou, eu não tenho minha carreira... estou vivendo em uma casa com mais milhares de mulheres em um alojamento, estou tendo que vender drogas para me alimentar, por favor! Eu não tenho condições de sustentar essa criança sozinha.

Eu a olhava de novo, ela estava magra, as mãos seguravam a barriga, não estava grande... apenas uma barriguinha.

- Cass... entra. - eu dava espaço na porta.

Era insuportável, era insuportável ver ela e lembrar da Jessica, era insuportável saber que esse filho ia ter uma mãe problemática, era insuportável saber que eu fui irresponsável e fiz isso por raiva, fiz na hora da raiva.

- vai tomar um banho, por favor. - ela deixava a bolsa no chão e subia as escadas se apoiando na parede

Eu agachava e olhava a mesma, havia pouquíssimo dinheiro, trocas sujas de roupas e sacos quase vazios de bolacha, sentia meu rosto arder e meu estômago revirar, eu não ia deixar isso acontecer com meu filho ou minha filha, ela não ia ter esse futuro.

- droga! - eu tacava a bolsa longe e chorava, Bill descia as escadas

- aquela é a...

- é a Cass. - ele vinha até mim

- Tom, o que está acontecendo?

- ela tá grávida, Bill.

{...}

Eu entrava no banheiro, abria a porta do box, era bom ver o rosto da menina limpo... eu soltava um sorriso bobo ao ver a barriga redondinha

- você está sorrindo... - ela dizia me olhando

- quanto tempo? Quantos meses? - eu não conseguia tirar os olhos

- talvez... talvez 3 meses - ela passava a mão e sorria, ela usava nossa aliança de namoro ainda, só agora eu tinha reparado.

Então... Jess já carregava essa criança mesmo antes de ir embora, ela nem soube.

- você pode ficar aqui, Cass.

Um sorriso se abria no rosto dela, logo se tornava choro, a água no chuveiro se misturava em suas lágrimas

- obrigada Tom... foi difícil sobreviver lá fora.

- eu vou te deixar ter privacidade agora.

Eu fechava o box novamente e logo em seguida a porta do banheiro, Bill estava me olhando

- ela vai ficar?

- sim.

Ele suspirava

- as coisas vão mudar agora, Bill.

- sempre vão mudar, certo? - ele me olhava sério - espero que não se envolva, Tom... e só pra você saber, para cuidar da criança vai ter que voltar a trabalhar, dinheiro não nasce em árvore.

Eu sorria

Um bebê... meu bebê.

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