Não Mereço ser Seu Filho

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O lobo permanecera inconsciente durante um dia inteiro. Harry não fora a escola mais uma vez, pois seria difícil fingir que estava bem, quando sua vida nitidamente virara de cabeça para baixo em menos de uma semana. E na manhã de terça-feira, enquanto mãe e filho faziam o desjejum, um respirar profundo pôde ser ouvido do quarto.

― Leah! – chama ele, sentindo a sequidão em sua garganta.

A  quileute corre rapidamente ao seu encontro, deixando sua cadeira cair e quase fazendo a mesa virar, sem notar o corpo endurecido de Harry ao ouvir novamente a voz do pai. Ele tinha medo de encará-lo e, por isso, foge, matando mais um dia de aula e correndo para se refugiar em algum lugar.

― Você finalmente acordou! – Sorri Leah, sentando-se ao seu lado na cama e beijando sua testa.

― Preciso de água.

― Harry, traga um pouco de água, por favor!

― Ele não está em casa...

― Está sim, na cozinha.

― Eu o ouvi sair.

― Ouviu? – pergunta confusa.

Lucian apenas assente com a cabeça e se levanta, vagarosamente, sendo auxiliado por Leah. Ele podia sentir a perna um pouco dormente, por estar tanto tempo estática, mas se levanta mesmo assim, aceitando o apoio que a quileute lhe oferecia.

Ambos caminham até a cozinha, onde Leah constata que o filho realmente fugira. Ela serve o copo de água ao cherokee, pega-o logo depois, já vazio, e, quando faz menção de colocá-lo na pia, é agarrada pela cintura e puxada para o colo do Lucian.

O copo voa de suas mãos e se estilhaça no chão, tamanha a força e rapidez com que ele a puxara para si. Lucian respira profundamente o pescoço da loba, beijando a região em seguida e apertando-a ainda mais em seu corpo.

― Lucian, o que há com você? – pergunta sentindo suas bochechas queimarem e um calafrio se alojar em sua espinha.

― Seu cheiro me embriaga... Como pude viver tanto tempo sem senti-lo? – pergunta de olhos fechados, sentindo novamente a fragrância feminina. – É como uma droga que não me importaria em viciar.

― Você pode... Mas como? Quero dizer, você não podia...

― Não sei o que aconteceu, minha cabeça dói, não consigo formular nenhuma teoria para isso ainda... Tudo o que sei é que estou feliz por tê-la aqui, meus instintos queimam por você e cada célula minha deseja ansiosamente sentir seu corpo colado ao meu.

Leah sente o calor de suas bochechas se alastrarem por todo o seu rosto. Seus instintos também clamavam por ele e, durante toda a manhã, o casal se esquecera do garoto fugitivo, concentrando-se apenas naquele momento, nos dois juntos.

O Sol já estava a pino quando Leah e Lucian finalmente caíram em si, decidindo que era hora de procurar por Harry, afinal, ele não poderia fugir para sempre.

― Eu vou! – diz Lucian.

― Você acabou de se recuperar, teve uma manhã caliente ao meu lado e ainda não colocou nada no estômago... É melhor ficar.

― Estou forte como um touro ou sei lá o quê, odeio ditados. – Dá de ombro. – Deixe-me sair e esticar as pernas, prometo que quando retornar trarei Harry comigo.

A loba concorda sem questionar, sabendo que, cedo ou tarde, eles teriam de conversar. Lucian toma um banho rápido, captura os lábios de Leah mais uma vez – quase desistindo da ideia de sair dali – e segue à procura do filho. Ele caminha até a floresta, largando sua camisa no meio do caminho e transformando-se rapidamente, deixando que sua fera corresse livre por entre as árvores, tentando captar o rastro do fugitivo.

Leah 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora