A Garota Perfeita

2.6K 210 45
                                    

― Não posso ficar em casa hoje?

― Não! – retruca Leah. – Desde que se transformou você vem faltando às aulas, não estou criando filho vagabundo, vá estudar agora mesmo! – esbraveja.

― Por favor, hoje eu terei minha primeira aula como um lobisomem de verdade – implora.

― Não.

― Mas...

― Eu disse não!

― Pai, me ajuda!

― Nem pense nisso – corta Leah, ao ver que Lucian intercederia pelo filho. – Fico contentíssima que vocês tenham se acertado, mas se você o defender, sua cabeça vai rolar – grita ela, fazendo o marido fechar a boca e trancar os lábios com uma chave invisível.

Harry resmunga algumas coisas desconexas e começa a se arrumar para, finalmente, retornar a escola. Com certeza teria de inventar alguma doença contagiosa para justificar suas faltas, e, depois de algumas hipóteses, ele acaba escolhendo "conjuntivite" como a desculpa mais aceitável – bem melhor que tuberculose ou H1N1, que eram as suas outras opções.

Ele se despede da mãe com um beijo e do pai com um abraço, esforçando-se para que sua vida voltasse à normalidade, mesmo que nada mais já lhe parecesse normal. E depois de algum tempo de direção, Harry para o carro no estacionamento da escola, atraindo os alunos como um enxame enfurecido, todos interessados em saber de seu sumiço.

Como já vinha ensaiando desde que saira de La Push, ele lança sua desculpa pré-planejada, odiando, pela primeira vez, que fosse tão popular, visto que praticamente a escola inteira estava ao seu redor, fazendo-lhe perguntas.

― Saiam da frente pessoal, deixem o meu namorado em paz! – briga Daniele, tentando abrir espaço em meio ao alvoroço.

A menina finalmente entra no campo de visão de Harry, fazendo-o sorrir. Ela trajava jeans, uma blusa vermelha e all star da mesma cor, e ele não pode evitar encarar seu belo rosto por longos segundos, constando que Daniele estava simplesmente... Irritada! E isso acabou fazendo seu sorriso murchar.

― O que aconteceu com você? – pergunta furiosa, sendo observada por todos os presentes.

― Conjuntivite, é contagioso, você sabe.

― E não existe telefone onde você mora? – retruca, fazendo-o revirar os olhos. – E não faça essa cara de "ela está me enchendo a paciência", a culpa é sua por agir estranho de repente e depois desaparecer! – O sinal toca, fazendo Daniele respirar fundo. – Você escapou por hora, Sr. Harry Clearwater, mas me deve explicações!

Daniele sai com passos firmes, sem dar-lhe sequer um abraço ou beijo de boas vindas. Harry massageia a nuca com pesar, que desculpa poderia dar para o seu lapso de fúria a uns dias atrás? Para o corpo que crescera uns bons centímetros e para a temperatura absurdamente alta de agora? Teria de pensar em algo rápido.

Harry se dirige a sala de aula, ouvindo claramente às cogitações das meninas a seu respeito, que já torciam para que o seu namoro terminasse e, assim, pudessem ter alguma chance de agarrá-lo. Pobres mortais, nunca o agradariam... Talvez ainda estivesse para nascer a garota que ele julgasse 101% perfeita.

Já na sala de aula, o professor de História pigarreia para conseguir a atenção dos alunos:

― Muito bem pessoal, silêncio, por favor. Hoje vocês farão um mapa da América do Norte, demarcando as regiões de habitat indígena no passado... Este trabalho valerá nota, espero que tenham trazido suas canetas para fazer mapas, não quero nada feito com lápis de cor, ouviu senhor Thomas?

Leah 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora