𝟏𝟔: 𝐖𝐡𝐢𝐭𝐞 𝐓𝐮𝐫𝐧𝐬 𝐈𝐧𝐭𝐨 𝐑𝐞𝐝

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Kastiel Kaltain 

Era madrugada e eu estou deitado nesta cama, inquieto, sem ter o poder ou a liberdade para fazer o que quero. Geralmente, a essa hora, eu costumava sair.

Eu odiava ficar preso no quarto, era uma sensação estranha para mim.

Mas meu corpo estava fraco, mal conseguia me mover sozinho. Às vezes, Dante me ajudava a ir ao banheiro, me dando apoio, pois sozinho não conseguia. Meu corpo estava coberto de machucados.

Infelizmente, a principal razão para tantos machucados era o quarto branco da NSA. Havia um ditado naquele lugar: "Seu sofrimento cessará quando o branco se tornar vermelho." Era o dilema daquela sala de tortura. Você não podia sair até que o branco fosse tingido de vermelho com o seu próprio sangue. Eles nos mantinham lá até que o ambiente estivesse impregnado com uma parte de nós. Além disso, éramos obrigados a pintar as paredes com nossas próprias mãos ensanguentadas, não importava o quão fracos estivéssemos.

Para tentar ajudar a mim mesmo, optei por todas as vezes rasgar as palmas das minhas mãos para pintar as paredes. Passar sangue do meu próprio corpo seria mais doloroso, já que as feridas estavam abertas, e trocá-las só pioraria a situação.

Flashback On

"Sentado no chão frio da minha casa, brincava com uma peça de Lego que minha mãe havia me dado quando eu tinha cinco anos. Agora eu tenho sete e adorava espalhá-las pelo chão para montar diferentes figuras.

Minhas mãos pequenas deslizavam pelas peças, procurando a certa para encaixar na imagem de um enorme peixe que estava montando. Estava quase terminando.

Concentrado nas peças à minha frente, ouvia as discussões na cozinha entre minha mãe e meu pai. Eles sempre brigavam.

De repente, minha mãe e meu pai passaram por mim, brigando fisicamente. Minha mãe, sem querer, pisou nas peças, desmontando o peixe, enquanto meu pai a puxava pelos cabelos até o quarto para trancá-la. Ele sempre fazia isso e me dizia que era normal, mas doía meu peito vê-la chorar.

— Koby, me solte agora, por favor! — Ela implorava, batendo na porta. Sua voz estava abafada, pois o quarto era à prova de som, meu pai fez especialmente para ela.

Mas ele não dava atenção, apenas trancava a porta e virava para me olhar. Pressionei os lábios, segurando as peças na mão, sentindo o medo dominar meus músculos fracos e indefesos. Meu pai estava furioso e me machucava muito quando estava assim.

— Kastiel, meu filho. — Ele se aproximou de mim, e senti borboletas no estômago e um frio percorrer meu corpo.

— Papai...

— Lembra da última vez que te ensinei a pintar seu quarto? — Ele levantou meu rosto com os dedos no meu queixo.

— Eu lembro, mas...

— Shh, escute, filho. Quero que faça isso de novo. — Ele disse, afastando as peças de mim.

— Mas por quê? A tinta branca ainda não saiu. — Meus olhos caíram nas peças na minha mão.

— Exatamente por isso. Cansei da cor branca.

— Mas eu gosto muito.

— Não importa! — Ele gritou, fazendo-me estremecer. Meus olhos estavam cheios de lágrimas.

Quando ele começava a gritar, não era um bom sinal...

— E de que cor vamos pintar desta vez? — Perguntei, olhando-o nos olhos novamente.

𝐃𝐄𝐀𝐑 𝐋𝐔𝐂𝐈𝐅𝐄𝐑Onde histórias criam vida. Descubra agora