(19) - δεκα­εννέα - Clones e Dores

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Dor.

Foi o que Dimítris sentiu por alguns segundos. Mas diferente das dores de um corte, uma batida ou mesmo uma doença, a dor que sentia naquele momento era de que algo queimava, mas dentro de seu corpo. Era uma sensação parecida com a que tivera quando morreu, mas daquela vez não desmaiou, pelo contrário, mantinha-se acordado e a cada segundo a dor diminuía. Sentia que estava se acostumando com aquele orbe que no instante que foi tocado desapareceu de sua frente. Obelisco, ao seu lado, levantava-se após ter caído com o impacto do recebimento daquele poder. Teria ele sentido as mesmas dores?

— Então, como se sente? — Tristam o olhava e sorria. Dimítris não sabia dizer o porquê, mas o Anjo Deus parecia aliviado.

— Não sei. No começo uma dor insuportável, como o enfarto que tive na Terra, mas depois foi aliviando.

— Então levanta e me fale como se sente — Dimítris fez o que Tristam pediu e ao fazê-lo sentiu uma forte tontura e o corpo tremer. Ao mesmo tempo, à sua frente, um pedaço da parede rochosa do corredor onde estavam explodiu e se despedaçou.

— Dimítris, ei, você tá legal? — Obelisco o segurou, impedindo que caísse novamente. Mas afinal o que estava acontecendo? Por que se sentia assim e porque a parede havia explodido?

— Tris... Tam... O que está.... Acontecendo?

— Calma, não se mexe... — tarde demais. Dois passos fizeram uma coluna de terra subir do chão, quase atingindo o Anjo Deus, que pulou para trás. — Fique parado pelo amor dos meus filhinhos!

— Mestre, o que aconteceu com ele?

— Não conseguem ver? Isso é o Orbe da Terra! Acho que eu ia entrega-lo e seu amigo amarelinho ia sair pulando saltitante?

— Mas mesmo assim, o que isso significa? — Dimítris olhava para os dois, muito assustado. Tinha medo de qualquer coisa que fizesse desencadear em algo bizarro.

— Significa que o Orbe da Terra destrói todo o fluxo de energia da vida que existe dentro do usuário. Ele na Terra serve para manter em ordem todo o fluxo de placas tectônicas, estabilidade de montanhas ao redor do planeta, mas dentro do usuário que o domina isso é o inverso. Ele desestabiliza todo o fluxo de energia, toda a harmonia que existe. E o velhinho disse que com ele seria ainda pior, já que é o bam bam bam que domina tudo. Não faço ideia do que esteja sentindo.

— Dimítris, meu chapa, entendeu o que ele disse?

— Pintinho, pode abrir a boca. Falar não vai causar nada, eu acho!

— Bom... — nada aconteceu, ótimo! — estou me sentindo enjoado e confuso. Parece que a cada movimento que fizer meu corpo estará fazendo um esforço homérico....

— Sim! Quer um exemplo? Crie uma fagulha de fogo em um dos dedos e vamos ver o que acontece.

— Tem certeza?

— Não, sou trouxa! — Dimítris queria xingar Tristam, mas com raiva resolveu criar uma bola de fogo e mostrar para o Anjo que já estava preparado para lidar com o poder recebido, porém foi só ter a concepção da ideia e começar a criá-la que um raio caiu poucos metros dali, causando tamanho estrondo que fez Obelisco voar para trás. Tristam não se mexeu, mas arregalou os olhos.

— Uou! Que show! Tentou criar um foguinho nervoso e caiu um raio! Sensacional!

— Tristam, o que está acontecendo comigo? O quê?

— Seu corpo está todo bagunçado criatura! Seu fluxo de energia está todo distorcido. Se pensa em criar fogo vai criar eletricidade, se pensa em água deve criar vento e assim vai.

O Vale dos Anjos - Livro 3 - Os Orbes da VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora