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Ivy conseguia pensar em jeitos melhores de passar o seu domingo

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Ivy conseguia pensar em jeitos melhores de passar o seu domingo. Se fizesse uma lista, com certeza "almoço em família" não estaria nem entre os trinta primeiros ítens. Não que ela tivesse algo contra seus parentes. Amava se encontrar com a avó e com a tia Cláudia. Seus pais eram os mesmos de sempre e tinha se acostumado com a cara feia do irmão mais novo, por isso não era lá um grande sacrifício ter que comer com ele no domingo também.

O problema era ela. Que tinha aqueles olhos pretos que pareciam analisar o fundo da sua alma, achar as partes mais vergonhosas de você e julgá-las com um simples levantar de sobrancelhas do tipo: uau, você é patética mesmo.

Estava sempre com aquela postura arrogante de quem sabe tudo e de que não precisa se esforçar para ser melhor.

Luara.

Sua prima de primeiro grau e a pessoa que mais detestava no mundo.

Tá, talvez a terceira ou quarta. Ela ainda colocava o Bolsonaro em primeiro lugar, seguido do seu vizinho que colocava rock às sete da manhã de um domingo e a atendente da padaria da esquina que era simplesmente incapaz de dar um "bom dia" e socava os pobres pães na sacola como se tivesse algo pessoal contra eles.

Fazer o quê? Ivy sempre tinha se dado melhor com animais e plantas, mesmo.

- E como vai o trabalho, Luara? - a avó Luci perguntou enquanto se servia de mais feijão. Ela estava na ponta da mesa, o que contribuia para a sua imagem de matriarca. Sua mãe estava do seu lado esquerdo, seguida do pai e Ivy. Ivo, seu irmão de quinze anos - ela ainda se surpreendia com a incapacidade dos pais por terem nomeado um casal de filhos daquele jeito - estava ao lado dela. Do outro lado da mesa, estavam a tia Cláudia e Luara, o que tornava quase impossível a tentativa de Ivy de evitar contato visual com a prima e fingir que ela não estava ali.

- Acredita que ela vai traduzir o próximo livro da Meg Cabot? - tia Cláudia falou com um sorriso enorme, sem nem dar a chance de Luara responder à pergunta da avó.

- É mesmo? Parabéns, querida!

Ivy duvidava que vovó sabia quem era Meg Cabot, mas mesmo assim a senhora sorriu para a neta e se voltou para Ivy com aqueles olhos verdes iguaizinhos aos seus. Todo mundo dizia que elas eram parecidas. O mesmo cabelo encaracolado escuro e olhos claros. A diferença estava no tom de pele. Enquanto a avó - e todo o resto da família - era branca, Ivy tinha herdado a pele marrom do pai.

- E você, Ivy? Como vai a lojinha?

- Tudo ótimo. A gente está vendendo muito. E estamos pensando em adicionar novos itens, como amuletos e mini caldeirões.

A avó riu e voltou a se sentar na cadeira. Luara olhou para Ivy, sem esboçar nenhuma reação. Mas a garota quase podia ouvir o que a prima estava pensando.

Mini caldeirões? Sério?

- A Magia Verde cresce todo dia - Ivy continuou dizendo, sem encarar a prima. Só porque ela não tinha um emprego convencional e nem se formado em uma faculdade metida à besta, não queria dizer que estava para trás. - Somos um sucesso entre as lojas de produtos esotéricos.

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