𝟑𝟓: 𝐓𝐡𝐫𝐨𝐮𝐠𝐡 𝐌𝐲 𝐖𝐢𝐧𝐝𝐨𝐰

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Uma dor gelada e esmagadora se enraizou em meu peito, cada respiração era um esforço angustiante. As lágrimas escorriam sem controle, e os soluços irrompiam o silêncio dentro do carro.

A ausência de Ryan se tornaria uma ferida aberta que nunca cicatrizaria, um vazio profundo que consumiria cada pensamento, me deixando perdida em um mar de culpa e desespero.

Por quê? Por que Kastiel me destrói lentamente dessa forma? Por que ele sempre tem que tirar vidas por minha causa? A dor era insuportável, corroendo cada fragmento do meu ser.

Corroía. Doía. Matava.

A ideia de viver com a morte de Ryan pesando sobre mim era insuportável, um fardo impossível de carregar. Meu coração estava em frangalhos, despedaçado em mil pedaços, e cada rachadura parecia pulsar com uma dor incessante conforme a adrenalina se esvaía do meu corpo.

Aquela dor era devastadora, um tormento implacável.

— Moça... você realmente não parece bem — o motorista quebra o silêncio. — Por que aquele homem estava te perseguindo dentro da mata?

Fungo o nariz com força, sentindo-o trancado devido aos choros contínuos.

— Porque ele é um doente, que estava tentando me matar, provavelmente... — respondo hesitante.

Isso não era uma mentira. De Kastiel, eu não esperava mais nada. Ele atirou contra mim, mas, por "sorte", não me acertou.

— Você não quer que eu chame a polícia? — questiona, me olhando.

Uma risada sem humor escapa dos meus lábios, em meio às lágrimas de desespero. Ele me olha confuso.

— Eu sou da polícia. Acredite, nada vai acontecer.

Em um gesto rápido, o rapaz retira a camisa, me fazendo recuar no banco. Ele percebe e levanta as mãos em rendição.

— Fique tranquila, eu não vou fazer nada com você... — fala baixo, me entregando sua camisa enquanto dirige com uma única mão no volante.

Hesitante, pego sua camisa, vestindo-a e me sentindo mais tranquila, já que eu estava apenas de biquíni.

— Estamos perto da sua localização — ele murmura, me olhando gentilmente.

Não retribuo a sua gentileza, apenas abaixo a cabeça e fungo meu nariz com força. Estava entupido e eu podia sentir meus olhos inchados de tanto chorar durante a viagem.

De Washington para Nova Jersey era um longo trajeto, de no mínimo três horas e quarenta minutos, dependendo da velocidade. O rapaz dirigia rápido, o que era ótimo.

— E... — o rapaz pausa, cravando seus olhos verdes na estrada — chegamos.

Ele para o carro na frente da mansão de Aaron. Abro a porta do carro, desço e analiso a lateral e a traseira do carro. Kastiel fodeu com o carro do cara, havia muitos buracos de bala.

Coço a nuca, me aproximando do carro novamente.

— Bom, pode passar aqui qualquer dia da semana, eu vou consertar o prejuízo, ok?

Um mini sorriso brinca em seus lábios.

— Está tudo bem, eu quero que você apenas se cuide. Não ande mais sozinha por aí, é perigoso.

— Ok, muito obrigada mesmo. — Sorrio me afastando. — E também obrigada pela camisa.

Ele retribui com um sorriso fino. Aceno em despedida, ele liga o carro, dirigindo para fora da rua deserta e escura.

Se não fosse aquele rapaz, eu poderia estar morta agora.

Viro-me, tendo a visão da mansão de Aaron à minha frente. A rua estava deserta e fria, fazendo meus pelos se ouriçarem e sentindo as pontas dos meus dedos geladas.

𝐃𝐄𝐀𝐑 𝐋𝐔𝐂𝐈𝐅𝐄𝐑Onde histórias criam vida. Descubra agora